Cónego Hélder Fonseca Mendes evoca sismo de 1980, que abalou grupo central das ilhas açorianas
Angra do Heroísmo, 01 jan 2022 (Ecclesia) – O administrador diocesano de Angra disse hoje na catedral açoriana que os produtores de leite da região merecem receber um “preço justo” pelo seu trabalho.
“Há um aumento de preço que nos parece justo e que não cabe nas más notícias. Refiro-me ao preço do litro de leite pago à produção, aos trabalhadores da agricultura e da lavoura açoriana”, indicou o cónego Hélder Fonseca Mendes, na Missa a que presidiu no primeiro dia de 2022.
Numa homilia enviada à Agência ECCLESIA, o responsável católico sublinhou que o novo ano é, habitualmente, acompanhado por notícias sobre aumentos de preços que penalizam “quem vive de baixas pensões, do rendimento de inserção social ou do ordenado mínimo”.
O administrador diocesano de Angro falou, nesse contexto, do “bendito e justo aumento de 3 cêntimos no preço leite, que vai ser praticado a partir de hoje.
“Se um dos magos partisse das ‘ilhas longínquas’, como reza o salmo, certamente levaria ao Menino do presépio como oferta preciosa leite dos nossos pastos. Quando não é oferta, o produto deve ser pago a justo preço a quem trabalha, pese embora o fantasma da concorrência europeia que consegue vender leite mais barato do que água”, acrescentou.
A intervenção evocou ainda o sismo de 1 de janeiro de 1980, no grupo central das ilhas açorianas.
“Deixou-nos como sobreviventes para podermos contar e edificar de novo a cidade. Contudo, nunca mais esquecemos a terra que se move e foge debaixo dos pés, numa experiência singular de contingência, fragilidade, indigência e solidariedade”, disse o cónego Hélder Fonseca Mendes.
O terramoto matou 73 pessoas e provocou elevados danos materiais.
No início de um novo ano, o administrado diocesano de Angra convidou os católicos a viver “sustentados pela fé”.
“Não precisamos de ler os horóscopos para saber alguma coisa acerca do novo ano que agora começa. Sabemos que, sejam quais forem os acontecimentos que se apresentem nos próximos 12 meses, não seremos os únicos a enfrentá-los, por habitarmos o mesmo planeta e percorrermos uma história comum”, apontou.
O cónego Hélder Fonseca Mendes convidou ainda à valorização de cada domingo, “para celebrar o dia do Senhor Ressuscitado, na alegria, no descanso, na família, com os doentes, os mais velhos e outras ocupações ditas por não úteis, embora de não mera distração”.
A Igreja Católica celebra a 1 de janeiro o Dia Mundial da Paz, instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978); Francisco escolheu, como tema da sua mensagem para 2022, o ‘Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura’.
OC