António Estanqueiro, Professor e autor de vários livros sobre a educação
Os pais não precisam de preparação científica e pedagógica para acompanhar a vida escolar dos filhos. Basta-lhes interesse e disponibilidade. O que os pais fazem é mais importante do que aquilo que sabem.
O que podem fazer os pais? Apresentamos algumas sugestões, baseadas na investigação e na experiência.
1. Comunicar com o diretor de turma
Como primeiros responsáveis pela educação dos filhos, os pais devem estar atentos ao que acontece na escola e comunicar com o diretor de turma, sempre que considerem oportuno e não apenas quando são chamados. No diálogo assíduo com o diretor de turma, os pais têm oportunidade de trocar informações e concertar estratégias de ação. Desse modo, podem melhorar o comportamento e o rendimento escolar dos filhos.
A escola, por mais confiança que mereça, não substitui a família na educação. A cooperação entre pais e professores, num clima de respeito mútuo, é determinante para o desenvolvimento pessoal e social dos alunos.
2. Ajudar em casa
Em casa, o papel dos pais é reforçar a motivação dos filhos para o estudo e orientá-los na gestão do tempo, para que eles cumpram com calma os seus compromissos escolares e extraescolares. Há vida para além da escola, mas um bom aluno consegue manter-se focado e estudar com regularidade, cuidando do sono e da alimentação.
Quando surgem dificuldades no estudo ou nos trabalhos de casa, compete aos pais dar apoio naquilo que estiver ao seu alcance, desde que não contrariem as orientações dos professores nem façam o trabalho em vez dos filhos. O objetivo essencial é promover a autonomia e a responsabilidade dos filhos no processo de aprendizagem.
3. Exigir esforço
Na escola, como no desporto ou na vida profissional, a sorte conta pouco. O sucesso depende essencialmente do esforço e da persistência. Sem esforço, ninguém vai longe! Por isso, a atitude correta dos pais é exigir aos filhos que se esforcem, de acordo com a sua idade e as suas capacidades.
Exigir esforço não significa pressionar os filhos, comparando-os com os irmãos ou com os colegas da turma. A pressão excessiva para o sucesso, feita por pais ansiosos e competitivos, pode perturbar o equilíbrio emocional dos filhos e diminuir a qualidade das suas relações. Muitas vezes, gera conflitos entre pais e filhos e trava a desejável cooperação entre os alunos.
Fazem bem os pais que se interessam pelo sucesso escolar, desde que não exagerem nas ambições. Fazem melhor aqueles que investem na formação integral dos filhos, ajudando-os a adquirir competências e valores, alicerces para a construção do futuro.
4. Saber reagir aos resultados
Quando os filhos conquistam bons resultados, merecem elogios. Quando têm insucesso (ou uma nota abaixo das expectativas), esperam compreensão e apoio.
Pais prudentes reagem com calma, sobretudo nos casos de insucesso. Não se precipitam a criticar ou a castigar. Antes de mais, escutam com atenção as explicações dos filhos. É difícil identificar com rigor todos os fatores que influenciam uma determinada classificação, mas é muito útil que os pais reflitam com os filhos sobre a motivação, o esforço e o método, três chaves do sucesso escolar. Afinal, o que é que falhou? E o que é que pode ser mudado?
Se um aluno inventa desculpas para justificar notas baixas e atribui a culpa apenas aos professores ou às circunstâncias, precisa da orientação dos pais para assumir a sua responsabilidade e aprender com os erros, sem desanimar. É decisivo educar com otimismo e esperança. Os bons frutos virão.
Quaisquer que sejam os resultados escolares, os pais atentos manifestam aos filhos, por palavras e gestos, o seu amor firme e exigente, mas incondicional e gratuito. Sempre!
António Estanqueiro
Professor e autor de vários livros sobre a educação