Academia Portuguesa da História premiou padre de Braga

A «falta de motivação» dos investigadores por não terem os meios necessários de quem os deveria proporcionar e a «mediocridade» de parte dos estudos que são publicados estão a marcar a actualidade da investigação da História em Portugal. Esta é a opinião de Franquelim Neiva Soares, um sacerdote historiador que, esta semana, foi galardoado pela Academia Portuguesa da História. O prémio Joaquim Veríssimo Serrão, instituído pela Fundação António Almeida, foi atribuído pela Academia Portuguesa da História ao padre Franquelim Neiva Soares, um sacerdote da Arquidiocese de Braga que tem dedicado a sua vida ao estudo histórico. O galardão, entregue numa cerimónia em Lisboa, foi conseguido pela publicação da obra “Correspondência de António Rodrigues Santiago, precedido de um estudo genealógico”. O livro – editado a expensas do próprio autor porque não conseguiu qualquer apoio para o fazer – foi alvo de uma abordagem no suplemento Cultura do Diário do Minho e foi impresso na gráfica do DM. Representando um trabalho de investigação que decorreu por um período de «cerca de dez anos», o padre Franquelim Soares confessou não ter ficado surpreendido com a atribuição do prémio. «Sei o valor do que faço», afirmou sem falsas modéstias o investigador, lamentando a «mediocridade» de muitas abordagens históricas que se publicam «mesmo em contexto universitário». Do alto dos seus 70 anos, o padre Franquelim Soares concorda que a sua vida pode ser entendida como uma missão ao serviço da Igreja e da História. Se a um padre se pode dizer que está “casado” com a Igreja, no caso daquele sacerdote pode-se afirmar que tem a História como “amante”. De facto, o padre Franquelim Soares confessa-se «apaixonado» pelo estudo histórico e, quando algo lhe desperta a curiosidade científica vai «até ao fundo da questão» não se contentando em «ficar pela rama» como muitos dos estudos que lamenta estarem a ser publicados no país e até no mundo. Questionado sobre esta paixão pessoal, o sacerdote refere compreender a dificuldade dos historiadores da actualidade em prosseguirem as suas carreiras. «Se vivesse da História havia dias que não teria o que comer», afirmou o historiador, lastimando a falta de recursos para a investigação. Indicando que o prémio agora atribuído – que se juntará a outros já recebidos e a outros que acredita ainda há-de receber – vai ser guardado junto da sua documentação pessoal, o padre Franquelim Soares indica que o mesmo «é o reconhecimento para um estudo de uma obra que poucas pessoas ainda conhecem». Conhecido por possuir valiosos documentos, o investigador não faz disso segredo e refere que, se alguém, um dia, quiser estudar a sua vida «ficará muito admirado com o espólio bibliográfico e documental». Pedindo apenas que esse alguém seja também um «apaixonado» pela História, o padre Franquelim Soares indicou que, «quanto ao resto», não sabe o que dirá. Conhecido dos melhores alfarrabistas de Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, o historiador refere que esse pormenor «não é essencial para o estudo da História mas faz muito jeito».

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top