Padre Valdir de Castro foi um dos representantes de institutos religiosos na cimeira mundial convocada pelo Papa
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 19 out 2018 (Ecclesia) – O padre Valdir José De Castro, superior-geral dos Paulistas, defendeu no Vaticano que após a cimeira sobre a proteção de menores, que se concluiu este domingo, é tempo de promover a colaboração entre Igreja e sociedade para superar um problema “grave”.
“Tem de haver colaboração, dentro da Igreja, colaboração entre dioceses, religiosos, também entre o direito canónico e a justiça civil, porque cada país tem as suas leis próprias sobre esses casos”, precisou o responsável, um dos cerca de 20 superiores e superioras de institutos religiosos que marcaram presença no encontro sobre abusos sexuais na Igreja, entre quinta-feira e domingo, no Vaticano.
O sacerdote brasileiro sublinha que há muita “preocupação” do Papa em enfrentar a questão dos abusos de menores, “um problema sério”.
“Não deveria acontecer nem um caso dentro da Igreja e o Papa convoca-nos para que possamos pensar juntos como enfrentar e resolver essa situação”, precisa.
A Igreja não tem nada a esconder, o Papa Francisco está a insistir muito nessa abertura, e sobretudo na colaboração. Estamos juntos como Igreja, foi falado muito nesse encontro que se acontecem coisas que ferem a Igreja, ferem todo o corpo que é a Igreja. Devemos todos unir-nos para curar essa ferida”.
O superior-geral dos Paulistas destacou em particular, os testemunhas das vítimas de abusos que se ouviram nos quatro dias de trabalho e oração, ajudando a ver “o problema de frente”.
“A mim pelo menos comoveu-me muito, foram momentos muito importantes onde não nos limitámos a gerir a discussão em teoria. Aquelas pessoas que vieram para a sala ajudaram-nos a entrar dentro do problema”, relatou.
O padre Valdir de Castro espera que o anunciado “vade-mécum” com orientações da Santa Sé “possa ajudar as dioceses e as congregações religiosas” na definição de normas e protocolos mais claros.
“Tomamos consciência de que o problema é grave, é sério e que não podemos esperar: temos de começar já a resolvê-lo”, conclui.
A inédita cimeira convocada pelo Papa contou com testemunhos de vítimas, relatórios e reflexões de bispos e religiosas dos cinco continentes, bem como de uma vaticanista mexicana, sobre a comunicação nestes casos.
OC
A reportagem em Roma no Encontro sobre Proteção de Menores na Igreja é realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença, SIC e Voz da Verdade.