Reforço de estruturas eclesiais com colaboração de especialistas de várias áreas foi uma das indicações da cimeira que decorreu no Vaticano, em fevereiro
Lisboa, 04 abr 2019 (Ecclesia) – O Patriarcado de Lisboa está a trabalhar na criação de uma estrutura que reúna especialistas da Igreja Católica e diversas áreas, para uma “triagem” de eventuais denúncias de abusos sexuais.
A informação foi avançada pelo novo bispo auxiliar do Patriarcado, D. Américo Aguiar, em entrevista ao PÚBLICO/Renascença, e confirmada pela Agência ECCLESIA; o anúncio formal da estrutura será feita em breve.
“Desde o encontro com o Papa, o patriarca tem estado a trabalhar de modo a que se possa encontrar uma plataforma, um serviço, alguma coisa que possa acolher, fazer a triagem, saber da verdade, sabendo que o top da preocupação é a vítima”, assinalou D. Américo Aguiar.
Durante a cimeira sobre proteção de menores, que Francisco convocou para o Vaticano de 21 a 24 de fevereiro, D. Manuel Clemente, sublinhou a necessidade de reforçar as “instâncias de discernimento e acompanhamento” nas comunidades católicas.
“Têm surgido ideias, no sentido de nos equiparmos nas nossas Igrejas locais, nas dioceses, e também entre as Igrejas de um país, nos equiparmos e reforçarmos as instâncias de discernimento e acompanhamento de tudo aquilo que diz respeito à proteção dos menores, que é uma prioridade absoluta”, disse à Agência ECCLESIA, durante os trabalhos que congregaram 190 presidentes de episcopados e responsáveis de institutos religiosos.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacava a necessidade de colaboração de vários especialistas, dotando as estruturas nacionais e locais de pessoas e recursos.
Na referida entrevista, D. Américo Aguiar recordou a aprovação de uma nova legislação para o Estado do Vaticano, sobre a proteção de menores e pessoas vulneráveis, com normas que sublinham a obrigatoriedade da denúncia e afastamento de pessoas envolvidas em casos de abusos.
“Ele quer que seja como está a dizer. E acho que ele está a dizer: ‘Façam como eu estou a fazer’. Nós estamos a trabalhar para que também isso aconteça”, observou.
Para o bispo auxiliar de Lisboa, qualquer caso de pedofilia é “sempre gravíssimo”, sublinhando a necessidade de ponderação, antes de denunciar um caso às autoridades.
“O pai não pega no filho imediatamente pela orelha e leva-o à esquadra. O pai vive momentos de grande sofrimento, entre o amor, o carinho e o sentimento de proteção do seu filho e aquilo que é obrigatoriamente as suas responsabilidades como cidadão”, declara.
OC