Abusos Sexuais: Patriarcado prepara estrutura para «triagem» de denúncia de abusos sexuais

Reforço de estruturas eclesiais com colaboração de especialistas de várias áreas foi uma das indicações da cimeira que decorreu no Vaticano, em fevereiro

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Lisboa, 04 abr 2019 (Ecclesia) – O Patriarcado de Lisboa está a trabalhar na criação de uma estrutura que reúna especialistas da Igreja Católica e diversas áreas, para uma “triagem” de eventuais denúncias de abusos sexuais.

A informação foi avançada pelo novo bispo auxiliar do Patriarcado, D. Américo Aguiar, em entrevista ao PÚBLICO/Renascença, e confirmada pela Agência ECCLESIA; o anúncio formal da estrutura será feita em breve.

“Desde o encontro com o Papa, o patriarca tem estado a trabalhar de modo a que se possa encontrar uma plataforma, um serviço, alguma coisa que possa acolher, fazer a triagem, saber da verdade, sabendo que o top da preocupação é a vítima”, assinalou D. Américo Aguiar.

Durante a cimeira sobre proteção de menores, que Francisco convocou para o Vaticano de 21 a 24 de fevereiro, D. Manuel Clemente, sublinhou a necessidade de reforçar as “instâncias de discernimento e acompanhamento” nas comunidades católicas.

“Têm surgido ideias, no sentido de nos equiparmos nas nossas Igrejas locais, nas dioceses, e também entre as Igrejas de um país, nos equiparmos e reforçarmos as instâncias de discernimento e acompanhamento de tudo aquilo que diz respeito à proteção dos menores, que é uma prioridade absoluta”, disse à Agência ECCLESIA, durante os trabalhos que congregaram 190 presidentes de episcopados e responsáveis de institutos religiosos.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacava a necessidade de colaboração de vários especialistas, dotando as estruturas nacionais e locais de pessoas e recursos.

Na referida entrevista, D. Américo Aguiar recordou a aprovação de uma nova legislação para o Estado do Vaticano, sobre a proteção de menores e pessoas vulneráveis, com normas que sublinham a obrigatoriedade da denúncia e afastamento de pessoas envolvidas em casos de abusos.

“Ele quer que seja como está a dizer. E acho que ele está a dizer: ‘Façam como eu estou a fazer’. Nós estamos a trabalhar para que também isso aconteça”, observou.

Para o bispo auxiliar de Lisboa, qualquer caso de pedofilia é “sempre gravíssimo”, sublinhando a necessidade de ponderação, antes de denunciar um caso às autoridades.

“O pai não pega no filho imediatamente pela orelha e leva-o à esquadra. O pai vive momentos de grande sofrimento, entre o amor, o carinho e o sentimento de proteção do seu filho e aquilo que é obrigatoriamente as suas responsabilidades como cidadão”, declara.

OC

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Agência ECCLESIA

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