Abusos Sexuais: Comissão organizadora do Vaticano recebe grupo de vítimas

Cimeira inédita antecedida por manifestações, com críticas e apelos de vários quadrantes

Cidade do Vaticano, 20 fev 2019 (Ecclesia) – A comissão organizadora do encontro sobre a proteção de menores na Igreja Católica, promovido pelo Papa, encontrou-se hoje em Roma com um grupo de 12 vítimas de abuso sexual, cometidos por membros do clero ou instituições religiosas.

Entre os participantes estava o chileno Juan Carlos Cruz, vítima do padre Karadima, e Phil Saviano, que inspirou o filme ‘Spotlight’, sobres os casos de abusos nos EUA.

Algumas das vítimas não quiseram ser identificadas, pedindo que o encontro decorresse “ de forma privada”.

O Vaticano começou hoje a divulgar testemunhos em vídeo de presidentes de Conferências Episcopais de todo o mundo, que se encontraram com vítimas antes da cimeira que vai decorrer entre quinta-feira e domingo.

O arcebispo de Armagh (Irlanda), D. Eamon Martin, admite que a Igreja Católica demorou a “entender e fazer o que era certo”, perante quem denunciou estes atos.

Antes da cimeira, dois dos cardeais que endereçaram as “dubia” (questões) ao Papa Francisco, após o Sínodo sobre a Família (2014 e 2015), publicaram uma carta aberta, na qual assinalam que o abuso sexual de menores é um “crime horrível, sobretudo quando praticado por um padre”.

D. Walter Brandmüller e D. Raymond Leo Burke apontam o dedo à “praga da agenda homossexual” que dizem ter-se espalhado na Igreja, “promovida por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e uma conspiração de silêncio”.

Ligada a esta missiva, decorreu na Praça de São Silvestre, em Roma, uma manifestação com cerca de 100 pessoas, “para pedir que seja derrubado o muro do silêncio de muitos pastores sobre a crise moral e doutrinária da Igreja”, assinala uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

Ainda na capital italiana, o grupo ‘Voices of Faith’, de mulheres católicas, promoveu uma conferência de imprensa para partilhar experiência de abusos sexuais e de trabalho com as vítimas, pedindo mudanças que permitam aos sobreviventes fazer parte do “diálogo, reforma e tomada de decisões” da Igreja, a nível global, para garantir “um futuro mais seguro para crianças católicas e adultos vulneráveis”.

OC

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Agência ECCLESIA

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