Apelos do Porta Voz da Santa Sé nas Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais
O director da Sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse nas Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais que “os media podem ser traiçoeiros: criam facilmente os seus protagonistas e depois desembaraçam-se deles em pouco tempo, ou tornam-nos prisioneiros do tipo de imagem que produziram deles”.
A decorrer em Fátima, hoje e amanhã (11 de Setembro), as Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais têm como tema “Gabinetes de Imprensa: luxo ou necessidade?”. O porta-voz do Vaticano falou sobre o lugar dos Gabinetes de imprensa nas estruturas da Igreja, a partir da sua experiência ao serviço de Bento XVI. Na sua prelecção sublinhou que “nós não somos propagandistas políticos, defensores de interesses particulares, ou simples profissionais do jornalismo. Somos, em primeiro lugar, crentes e cristãos. O que mais nos interessa é que o Evangelho de Jesus Cristo seja conhecido e compreendido através da palavra e do testemunho da Igreja. Se isso não acontece, perdemos tempo”.
O Pe. Federico Lombardi dividiu a sua conferência em dez proposições. Em relação ao Magistério da Igreja sobre os instrumentos de comunicação social realça que este “foi sempre positivo, desde o seu início; embora prudente e realista quanto às possíveis ambiguidades e aos riscos, encarou-os sempre como instrumentos úteis para o anúncio do Evangelho em âmbitos muito vastos, superiores àqueles que cada um de nós pode alcançar através do contacto directo com as pessoas”.
Na proposição sobre as características que este serviço deve ter, o Pe. Federico Lombardi salienta que “nunca devemos deixar de insistir no uso de uma linguagem clara, simples e compreensível, não demasiado abstracta e complicada, ou técnica”. A rapidez da informação é outro alerta deixado pelo porta-voz do Vaticano “é oportuno estar disponíveis e responder – pessoalmente ou através de uma pessoa delegada – quando nos procuram pelo telefone ou por e-mail.” E completa: “quanto mais cedo se der a resposta ou a informação correcta, melhor. Em geral, se formos capazes, é melhor sermos nós a orientar a informação, dando-a nós primeiro, do que correr atrás de uma informação incorrecta”.
Promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja e a decorrer no Seminário do Verbo Divino, esta jornadas contam com a presença de vários conferencistas que abordarão a temática dos gabinetes de imprensa na igreja.
[[i,e,542,Pe. Federico Lombardi ]]O responsável por um Gabinete de comunicações sociais é “um animador e promotor de comunicação, alguém que ajuda a estar atentos e a compreender a mudança da cultura e das tecnologias de comunicação para que o Evangelho possa chegar de modo novo às pessoas do nosso tempo” – frisou o porta-voz da Santa Sé. E acentua: Devemos também aproximar a instituição, ou a pessoa, que representamos do mundo da comunicação social, ajudá-las a exprimir-se de modo adequado, a fazer passar as suas mensagens através dos instrumentos apropriadas.
Perante esta realidade, o Pe. Federico Lombardi sublinha que o ideal é que sejamos nós a «conduzir o jogo» da comunicação, criando as ocasiões propícias e lançando as mensagens que temos a peito, e não nos tornarmos nós objecto do jogo dos media”.
Frequentemente, no serviço da instituição – gabinetes de imprensa – é “importante saber cultivar a virtude da discrição”, para dizer as coisas quando devem ser ditas, resistindo à tentação de as antecipar. E observa: “se houver coisas realmente confidenciais, que, por bons motivos, não devem ser postas em público, não se devem revelar, no limite, nem sequer aos amigos”. No mundo actual, “a discrição não existe ou não é considerada um valor, e não nos podemos queixar se circularem notícias que fomos nós próprios a dar”.
Quem trabalha num Gabinete para as comunicações sociais “não tem de imediato, e em primeiro lugar, uma tarefa de comunicação destinada a um vasto público, mas um dever de comunicação para comunicadores sociais, que, por sua vez – por etapas sucessivas – atingem o público mais vasto”.
A sua vasta experiência nesta área indica que “não devemos partir do pressuposto que os jornalistas são insidiosos ou mal intencionados”. “Devemos ter consciência de que há jornalistas de todas as tendências e atitudes e que temos de procurar dar a cada um uma ajuda para ele dar um passo na direcção certa: da nossa parte, pô-los em condições de poderem fazer uma boa informação, se estiverem dispostos a isso”. Para que a credibilidade seja um ponto deste trabalho, o porta-voz do Vaticano deixa um alerta: “dar a todos o mesmo texto, ao mesmo tempo, manifestando para com todos eles o mesmo respeito pelo seu trabalho”.
Na última tese do seu discurso, o director da Sala de imprensa da Santa Sé realça que o tempo actual abre muitas possibilidades à comunicação eclesial. “Não devemos ter uma visão demasiado centralista da Igreja: devemos equilibrar a universalidade com a capacidade criativa local. Devemos ser capazes de encorajar as iniciativas locais, saber fazer circular as experiências positivas e partilhá-las, procurar coordenar e integrar as contribuições para a comunicação dos diferentes níveis, mas valorizando as contribuições informativas e comunicativas que a Igreja universal nos oferece”.