«A Rede Social»: Um pescador preso nas suas malhas

Filme sobre o nascimento do Facebook «é uma parábola que nos ensina sobre a força e a fragilidade dos fenómenos virtuais»

Com mais de 23 milhões de utilizadores em todo o Mundo, poucos serão os leitores que não ouviram ainda falar do “facebook”, uma das palavras mais utilizadas no mundo internáutico. A comprová-lo, bastará digitar a letra “f” no google e a palavra aparece. Uma, contra as cinco letras e um espaço (“rede s”) necessários para que surja o seu significado: rede social.

Criada em 2004 pela mente brilhante de Mark Zuckerberg, estudante de 20 anos em Harvard, a rede social que mais rapidamente granjeou membros à escala mundial diz, sobre si própria, “conceder às pessoas o poder de partilhar e contribuir para um mundo mais aberto e interligado”.

Isto sob os princípios fundamentais de, primeiro, proporcionar uma grande experiência ao utilizador – ajudando-os, por exemplo, a partilhar conteúdos significativos – segundo, ser fiável – não defraudando, nem confundindo ou iludindo os seus utilizadores, antes encorajando a comunicação autêntica.

Pela dimensão do fenómeno e, muito provavelmente pela sua responsabilidade como criador nas novas tecnologias, David Fincher devolve-nos em “A Rede Social” a realidade do facebook depois de uma viagem e olho crítico às suas origens.

O resultado conjugado da sua lente e sua mente, é, em primeiro lugar, um relato acelerado de um fenómeno social que ultrapassou o já de si vertiginoso cérebro do jovem Zuckerberg quando, descontente com o sectarismo da vida social universitária à sua volta e ele próprio sofrendo de um déficit relacional criou uma explosão social de dimensões matemática mas, felizmente, não física nem quimicamente equivalentes à da bomba atómica.

Mais que relato, o filme é uma parábola que nos ensina sobre a força e a fragilidade dos fenómenos virtuais, em que o até hoje maior criador de conexões cibernáuticas entre humanos experimenta a alegria do seu génio e a tristeza, pungente, de perceber que nenhuma delas substituirá a genuína relação, o que experimementa ao perder o seu único e autêntico amigo.

Margarida Ataíde

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