A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (Cont.)

Lienamenta da XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos A comunidade cristã, portanto, constrói-se todos os dias, deixando-se conduzir pela Palavra de Deus sob a acção do Espírito Santo, acolhendo o dom de iluminação, conversão e consolação, que o Espírito comunica através da Palavra. Com efeito, “tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras, mantenhamos viva a nossa esperança” (Rom 15,4). Torna-se tarefa primária da Igreja ajudar os fiéis a compreender o que significa encontrar a Palavra de Deus sob a guia do Espírito, e como, de modo particular, tal aconteça na leitura espiritual da Bíblia; em que sentido a Bíblia, a Tradição e o Magistério são interiormente unificados pelo Espírito; que atitude se exige do crente, também ele guiado pelo Espírito Santo, recebido no Baptismo e nos diversos Sacramentos. Diz Pedro Damasceno: “Aquele que tem experiência do sentido espiritual das Escrituras sabe que o sentido da mais simples Palavra da Escritura e o da excepcionalmente mais sábia são uma só coisa e têm em vista a salvação do homem” .[73] A Igreja alimenta-se da Palavra de várias maneiras 21. É necessário que toda a pregação eclesiástica, bem como a própria religião cristã, se alimentem e se orientem na Sagrada Escritura“.[74] O voto de São Paulo, fortalecido pela oração, de “que a Palavra do Senhor se propague e seja glorificada”(2 Tes 3,1) está a realizar-se, com diferentes modalidades, nos vários âmbitos e expressões de vida da Igreja. É um processo que requere a atenção da fé, a dedicação apostólica, uma cura pastoral inteligente, criadora e constante, e que se aprende também na experiência partilhada. Uma pastoral bíblica, ou melhor, uma pastoral constantemente animada pela Bíblia, é uma exigência que hoje se propõe a toda a comunidade na Igreja. Nesta perspectiva de unidade e de interacção, deve reconhecer-se e favorecer-se plenamente o dinamismo, com o qual a Palavra de Deus nos encontra, um dinamismo que está na base de toda a acção pastoral da Igreja: a Palavra anunciada e escutada pede para se tornar Palavra celebrada através da Liturgia e da vida sacramental da Igreja, para poder, assim, motivar uma vida segundo a Palavra, através da experiência da comunhão, da caridade e da missão.[75] a – Na liturgia e na oração 22. “Na liturgia, o rito e a Palavra estejam intimamente unidos”.[76] A Igreja aprendeu a descobrir e a acolher Deus, que fala de modo especial na oração litúrgica, para além de o fazer na oração pessoal e comunitária. A Sagrada Escritura é, com efeito, uma realidade litúrgica e profética: mais que um livro escrito, é uma proclamação e um testemunho que o Espírito Santo faz do acontecimento Cristo. Foi isso que levou a uma difusão do conhecimento e do amor das Escrituras. O caminho para realizar a letra e o espírito do Concílio Vaticano II sobre o uso da Palavra na liturgia é porém um caminho sempre em aberto, que exige um esforço qualitativo e quantitativo de renovação, exortando os fiéis nesse sentido e reflectindo com eles sobre algumas indicações propostas pelo Concílio. A tal propósito, recorda-se o dado fundamental que “Cristo está presente na sua Palavra, pois é Ele que fala, quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura”.[77] Assim, “é enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração litúrgica”.[78] Isso leva a prestar uma atenção privilegiada a toda a espécie de encontro com a Palavra na acção litúrgica: na Eucaristia (dominical), nos sacramentos, na pregação homilética, no ano litúrgico, na liturgia das horas, nos sacramentais, nas mais diversas formas da piedade popular, na catequese mistagógica. O primeiro lugar pertence à Eucaristia, enquanto “mesa tanto da Palavra de Deus como do Corpo de Cristo” [79] intimamente unidos, nomeadamente no Dia do Senhor: “Ela é o lugar privilegiado onde a comunhão é constantemente anunciada e cultivada”.[80] Tenha-se presente que, para muitíssimos cristãos, a Missa do Domingo, que é o momento principal de encontro com a Palavra de Deus, continua a ser, ainda hoje, o único ponto de contacto com a Palavra de Deus. Daí deveria nascer uma verdadeira paixão pastoral para celebrar e viver com autenticidade e alegria o encontro com a Palavra na Eucaristia dominical. Concretamente, dever-se-á dar a máxima atenção à liturgia da Palavra, antes de mais na Eucaristia, mas também em todos os outros sacramentos, com a proclamação clara e compreensível dos textos; com a homilia, que da Palavra se torna ressonância límpida e encorajadora, ajudando a interpretar os acontecimentos da vida e da história à luz da fé; com a oração dos fiéis, que seja resposta de louvor, de acção de graças e de pedido a Deus que nos falou. Uma específica atenção deve dar-se também ao Ordo Lectionum Missae [81] e à oração do Ofício Divino. Tornou-se hoje imprescindível reflectir sobre o modo de tornar pastoralmente mais adequados e, portanto, mais acessíveis aos fiéis, esses excelentes canais da Palavra de Deus. b – Na evangelização e na catequese 23. Também o ministério da Palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese e toda a forma de instrução cristã, onde a homilia litúrgica deve ter um lugar privilegiado, salutarmente se alimenta e santamente se revigora com a Palavra da Escritura” .[82] João Paulo II afirmou que “a obra da evangelização e da catequese está a revitalizar-se precisamente graças à atenção dada à Palavra de Deus”.[83] É um dos frutos mais notáveis do Concílio Vaticano II. Há que avançar por essa estrada, alargá-la e melhorá-la, renovando certezas e oferecendo serviços. A Igreja, aliás, sabe que, recebendo em dom a Palavra de Deus como o seu maior tesouro, recebe também o que constitui o seu maior dever: passá-la a todos.[84] É bom recordar aqui, a título de exemplo, alguns aspectos do ministério da Palavra, sintetizado em primeiro anúncio e catequese, tanto no percurso do ano litúrgico, como no caminho da iniciação cristã e na formação permanente.[85] A este respeito, devem ter-se presentes as formas de comunicação da Palavra e, ao mesmo tempo, as exigências sempre novas dos fiéis nas diferentes idades e condições espirituais, culturais e sociais, como indicam o Directório Geral da Catequese e os Directórios catequéticos das diversas Igrejas locais.[86] Neste particular contexto, há que prestar atenção à recta iluminação, purificação e valorização da religiosidade popular através da Palavra de Deus, onde ela muitas vezes se inspira. Valorizem-se de modo especial todas as mediações da Palavra presentes na Igreja e em parte já mencionadas: Leccionários, Liturgia das Horas, Catecismos, celebrações da Palavra, etc. Tem um papel importante na evangelização o encontro directo com a Sagrada Escritura. Tal encontro é um objectivo primário – “a catequese, em concreto, deve ser uma autêntica introdução à ‘Lectio Divina’, ou seja, à leitura da Sagrada Escritura, feita ‘segundo o Espírito’ que habita na Igreja” [87]– , e é, ao mesmo tempo, um conteúdo central – a catequese “deve impregnar-se e permear-se do pensamento, do espírito e das atitudes bíblicas e evangélicas através de um contacto assíduo com os próprios textos” [88]. Pela sua relevância eminentemente cultural, deve valorizar-se o ensino da Bíblia na escola e, de modo especial, no ensino da religião. Uma função específica desempenha o Catecismo da Igreja Católica, enquanto instrumento válido e legítimo ao serviço da comunidade eclesial, como uma norma segura para o ensino da fé.[89] Não pretende ele substituir a catequese bíblica, mas integrá-la na mais completa visão da Igreja. A Palavra de Deus deve ser comunicada a todos, também aos que não sabem ler e, em particular, deve poder usufruir dos numerosos recursos da comunicação hodierna. Por isso, um serviço eficaz da Palavra de Deus exige uma valorização competente, actualizada e criativa dos diversos meios da comunicação social. Dadas as grandes mudanças culturais e sociais, torna-se necessária uma catequese que ajude a explicar as ‘páginas difíceis’ da Bíblia, no âmbito da história, da ciência e do problema moral, e indicar o caminho de solução para certas formas de representar Deus, o homem e a mulher e a acção moral, sobretudo no Antigo Testamento. c – Na exegese e na teologia 24. “Por isso, o estudo das Sagradas Páginas há-de ser como alma da Sagrada Teologia” .[90] Não há dúvida que os frutos alcançados neste âmbito, depois do Concílio Vaticano II, são motivo para louvar o Senhor pela graça do seu Espírito de verdade. Por outro lado, tendo a Palavra de Deus posto a sua tenda no meio de nós (cf. Jo 1,14), não há dúvida que o mesmo Espírito nos impele a meditar nos novos itinerários que a mesma Palavra entende realizar entre os homens do nosso tempo, convidando-nos a colher expectativas e desafios que a humanidade actual põe à Palavra. Expresso de forma extremamente exemplificadora, emerge hoje um quadro, cujos pontos relevantes são o empenho de exegetas e teólogos no estudo e na explicação das Escrituras segundo o sentido da Igreja, uma interpretação e proposta da Palavra da Bíblia no contexto da Tradição viva e vice-versa, uma valorização da herança dos Padres e um confronto com as indicações do Magistério, ajudando-o com lealdade e inteligência no cumprimento da sua missão.[91] Neste âmbito, é útil chamar a atenção para as perspectivas, a seu tempo delineadas pela Optatam totius, a propósito do ensino da teologia e, por reflexo, da metodologia a empregar na formação teológica dos pastores. As perspectivas aí delineadas continuam, em grande parte, à espera de ser actuadas. E, todavia, a linha apresentada, precisamente a partir dos temas bíblicos, prospecta um itinerário que, no percurso da pesquisa e do ensinamento, pode garantir uma síntese adequada, tanto para os presbíteros como, por reflexo, para o povo de Deus. A recuperação dessa indicação conciliar constituiria um enriquecimento da própria Palavra de Deus, actualizada nas perspectivas do ensino das diferentes disciplinas teológicas e em constante dialéctica construtiva com o auditus culturae.[92] Uma específica atenção merece a relação da Revelação de Deus com o pensamento e a vida do homem de hoje. Nessa óptica, se coloca o dever de reflectir, à luz da Palavra de Deus, sobre as tendências antropológicas actuais; sobre a relação entre razão e fé, que são “como as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade” ,[93] mediações da única verdade que vem de Deus; sobre o diálogo com as grandes religiões para a realizar, em nome de Deus, um mundo mais justo e pacificado. Dos estudiosos a comunidade cristã espera que, com zelo e mediante “subsídios apropriados” , ajudem os ministros da Palavra divina a oferecer ao povo de Deus “o alimento das Escrituras, que ilumine a mente, fortaleça a vontade e inflame os corações dos homens no amor de Deus” .[94] d – Na vida do crente 25. “Ignorar as Escrituras é ignorar Jesus Cristo” .[95] “É necessário que todos… mantenham um contacto constante com as Sagradas Escrituras, através da leitura espiritual e do estudo diligente” .[96] Juntamente com o progresso catequético, o progresso espiritual constitui um dos aspectos mais belos e promissores da acção da Palavra de Deus no seu povo. Encontrar, rezar e viver a Palavra é a suprema vocação do cristão. “Dela já se servem em larga escala os indivíduos e as comunidades” , afirma João Paulo II.[97] Mas o número deve poder crescer e a qualidade da abordagem deve corresponder às finalidades da Palavra de acordo com o serviço da Igreja. Para uma genuína espiritualidade da Palavra, há que recordar que “a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada da oração, para que possa realizar-se o colóquio entre Deus e o homem, pois, quando rezamos, falamos com Ele; escutamo-l’O, quando lemos os oráculos divinos”.[98] Confirma Santo Agostinho: “A tua oração é a tua palavra dirigida a Deus. Quando lês a Sagrada Escritura, é Deus que fala contigo; quando rezas, és tu que falas com Deus” .[99] Isso leva à consideração de alguns aspectos que devem ser tidos como prioritários e preferenciais. Antes de mais, a Palavra de Deus deve ser encontrada com o espírito do pobre, tanto interiormente como também exteriormente, pois isso corresponde plenamente ao Verbo de Deus, “Nosso Senhor Jesus Cristo, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza” (2Cor 8,9); um modo de ser, portanto, baseado no mesmo modo como Jesus escutava a Palavra do Pai e a anunciava a nós, com total desapego das coisas, e sempre pronto a evangelizar os pobres (cf. Lc 4,18). “É motivo de alegria ver a Bíblia nas mãos de gente humilde e pobre, que pode dar à sua interpretação e actualização uma luz mais penetrante, do ponto de vista espiritual e existencial, do que a que vem de uma ciência segura de si mesma” .[100] Deve encorajar-se vivamente, e antes de mais, a prática da Bíblia que remonta às origens do cristianismo e acompanhou a Igreja ao longo da sua história. Tradicionalmente chama-se Lectio Divina, com os seus diversos momentos (lectio, meditatio, oratio, contemplatio).[101] É de casa na experiência monástica, mas hoje o Espírito, através do Magistério, propõe-na ao clero,[102] às comunidades paroquiais, aos movimentos eclesiais, às famílias e aos jovens.[103] Escreve João Paulo II: “É necessário que a escuta da Palavra se torne um encontro vital, na antiga e sempre válida tradição da Lectio Divina, que permite colher no texto bíblico a Palavra viva que interpela, orienta e plasma a existência” [104]; “mediante a utilização também dos novos métodos, cuidadosamente ponderados, ao passo dos tempos” .[105] Em particular, o Santo Padre Bento XVI convida os jovens “a adquirir familiaridade com a Bíblia, a tê-la ao alcance da mão, para ser uma bússola a indicar a estrada a seguir” ;[106] a a todos recorda: “A leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração, realiza aquele íntimo colóquio, em que, lendo, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-se a Ele com confiante abertura do coração” .[107] A novidade da Lectio no povo de Deus requer uma formação iluminada, paciente e contínua, entre os presbíteros, as pessoas de vida consagrada e os leigos, de modo a conseguir-se uma partilha das experiências de Deus produzidas pela Palavra escutada (collatio).[108] A Palavra de Deus deve ser a primeira fonte que inspira a vida espiritual da comunidade nas diversas práticas, como exercícios espirituais, retiros, devoções e experiências religiosas. Um objectivo importante (e critério de autenticidade) é o de amadurecer cada um para uma leitura pessoal da Palavra em óptica sapiencial, que o prepare para um discernimento cristão da realidade, da capacidade de dar razão da própria esperança (cf. 1 Pe 3,15) e do testemunho da santidade. São Cipriano, recolhendo um pensamento partilhado pelos Padres, recorda: “Entrega-te com assiduidade à oração e à Lectio Divina. Quando rezas, falas com Deus; quando lês, é Deus que fala contigo” .[109] “A vossa Palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos” (Sal 119,105). O Senhor, que ama a vida e entende com a sua Palavra iluminar, guiar e confortar toda a vida dos crentes em todas as circunstâncias, no trabalho, no tempo livre, no sofrimento, nos deveres familiares e sociais e em todas as vicissitudes alegres ou tristes, de modo que todos possam discernir todas as coisas e conservar o que elas têm de bom (cf. 1Tess 5,21), descobrindo assim a vontade de Deus, e pondo-a em prática (cf. Mt 7,21). PERGUNTAS Capítulo II 1. A Palavra de Deus na vida da Igreja Que importância se dá à Palavra de Deus na vida das nossas comunidades e dos fiéis? De que modo a Palavra de Deus se torna alimento dos cristãos? Há o risco de reduzir o cristianismo a uma religião do livro? No Domingo, como se venera a Palavra de Deus e que familiaridade se tem com ela na vida pessoal e na vida comunitária dos fiéis? Nos dias feriais? Nos tempos fortes do ano litúrgico? 2. A Palavra de Deus na formação do povo de Deus Que iniciativas se tomam para transmitir às nossas comunidades e a cada fiel a doutrina integral e completa sobre a Palavra de Deus? Os futuros presbíteros, as pessoas consagradas, os responsáveis de serviços na comunidade (catequistas, etc.) são formados de maneira adequada e com constante actualização para a animação bíblica da pastoral? Existem projectos de formação permanente dos leigos? 3. Palavra de Deus, liturgia e oração Como se abeiram os fiéis da Sagrada Escritura na oração litúrgica e na pessoal? Que ligação se colhe entre liturgia da Palavra e liturgia eucarística, entre a Palavra celebrada na Eucaristia e a vida quotidiana dos cristãos? A homilia é ressonância genuína da Palavra de Deus? Que necessidades exprime? O sacramento da reconciliação é acompanhado da escuta da Palavra de Deus? A Liturgia das Horas é celebrada como escuta e diálogo com a Palavra de Deus? Estende-se a sua prática também ao povo de Deus? Pode-se dizer que o povo de Deus tem suficientes possibilidade de contacto com a Bíblia? 4. Palavra de Deus, evangelização e catequese À luz do Concílio Vaticano II e do Magistério catequético da Igreja, que aspectos positivos e problemáticos se notam na relação entre Palavra de Deus e catequese? Como é tratada a Palavra de Deus nas diversas formas de catequese (iniciação e formação permanente)? Dá-se à Palavra de Deus escrita suficiente atenção e estudo nas comunidades? Se sim, como se o realiza? As diferentes categorias de pessoas (crianças, adolescentes, jovens, adultos) como são iniciadas na Bíblia? Existem cursos de introdução à Sagrada Escritura? 5. Palavra de Deus, exegese e teologia A Palavra de Deus é a alma do trabalho exegético e teológico? Respeita-se adequadamente a sua natureza de Palavra revelada? Uma pré-compreensão de fé anima e apoia a pesquisa científica? Qual é a metodologia habitual de aproximação ao texto? Qual o papel do dado bíblico na elaboração teológica? Existe sensibilidade para a pastoral bíblica na comunidade? 6. Palavra de Deus e vida do crente Qual é o impacto da Sagrada Escritura na vida espiritual do povo de Deus? No clero? Nas pessoas consagradas? Nos fiéis leigos? Nota-se a atitude de pobreza e confiança de Maria do Magnificat? Porque é que a busca dos bens materiais estorva a escuta da Palavra de Deus? A Palavra de Deus da Eucaristia e demais celebrações litúrgicas revela-se como momento forte ou fraco da comunicação de fé? Porque é que diversos cristãos se mostram indiferentes e frios em relação à Bíblia? A Lectio Divina é praticada? Em que modalidades? Que factores a favorecem e quais a dificultam? CAPÍTULO III A Palavra de Deus na missão da Igreja “Foi a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura. Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem onde estava escrito: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor’. Depois enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga. Começou então a dizer-lhes: ‘Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4,16-21). A missão da Igreja é proclamar Cristo, a Palavra de Deus feita carne 26. “Alimentar-nos da Palavra, para ser ‘servos da Palavra’ na tarefa da evangelização: esta é, certamente, uma prioridade para a Igreja no início do novo milénio” .[110] Isso exige que se frequente a escola do Mestre, notando que a sua Palavra tem como centro o anúncio do Reino de Deus (cf. Mc 1,14-15) com palavras e obras, com o testemunho da vida e o ensino. O Reino de Deus, que a Palavra de Deus faz germinar, é Reino de verdade e de justiça, de amor e de paz, oferecido a todos os homens. Pregando a Palavra, a Igreja participa na construção do Reino de Deus, ilumina a sua dinâmica e propõe-no como salvação do mundo. Anunciar o Reino é o Evangelho que deve ser pregado até aos confins da terra (cf. Mt 28,19; Mc 16,15). Esse anúncio e a sua escuta são a prova da autenticidade da fé. O “Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16) de São Paulo ressoa hoje com particular urgência, tornando-se para todos os cristãos, não uma simples informação, mas vocação ao serviço do Evangelho para o mundo. Pois, como diz Jesus, “a seara é grande” (Mt 9,37) e diversificada: são tantos os que nunca ouviram o Evangelho, sobretudo nos continentes de África e Ásia; são também tantos os que o esqueceram, e também tantos os que esperam o seu anúncio. Na verdade, não faltaram nem faltam dificuldades que obstruem o caminho do povo de Deus na escuta do seu Senhor. Por razões inclusive económicas, sente-se em muitas regiões e a falta mesmo material do Texto bíblico, da sua tradução e difusão. E há também o grande obstáculo das seitas para uma correcta interpretação. Levar a Palavra é uma missão importante, que implica um sentir profundo e convicto “cum Ecclesia” . Um dos primeiros requisitos é a confiança na força transformadora da Palavra no coração de quem a escuta. Com efeito, “a Palavra de Deus é viva e realizadora (…), é capaz de distinguir as intenções e os pensamentos do coração” (Heb 4,12). Um segundo requisito, hoje particularmente sentido e credível, é anunciar e testemunhar a Palavra de Deus como fonte de conversão, de justiça, de esperança, de fraternidade e de paz. Um terceiro requisito é a franqueza, a coragem, o espírito de pobreza, a humildade, a coerência, a cordialidade de quem serve a Palavra. A Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi de Paulo VI conserva ainda a sua actualidade para uma pedagogia do anúncio, enquanto que a Encíclica Deus caritas est do Santo Padre Bento XVI põe em grande relevo como a caridade está estreitamente ligada ao anúncio da Palavra de Deus e à celebração dos sacramentos.[111] O facto de receber a Palavra de Deus, que é amor, leva a que não seja possível anunciar a Palavra sem uma prática de amor, no exercício da justiça e da caridade. Nessa óptica da missão evangelizadora da Palavra de Deus, acena-se aqui, apenas resumidamente, a alguns objectivos e tarefas, a que se deve prestar atenção, e que se consideram de particular relevância.[112] Escreve Santo Agostinho: “É fundamental compreender que a plenitude da Lei, aliás como de todas as Escrituras divinas, é o amor: o amor do Ser de que devemos beneficiar e do ser que é chamado a beneficiar dela connosco. É para dar-nos a conhecer esse amor e torná-lo possível, que a divina Providência criou, para a nossa salvação, toda a economia temporal… Quem, portanto, julga ter compreendido as Escrituras ou, ao menos, uma sua parte, sem empenhar-se em construir, através da inteligência das mesmas, esse dúplice amor de Deus e do próximo, mostra não as ter ainda compreendido” .[113] A Palavra de Deus deve estar à disposição de todos em cada tempo 27. A Igreja afirma a sua liberdade de anunciar a Palavra de Deus com a franqueza dos Apóstolos (cf. Act 4,13; 28,31) e, ao mesmo tempo, considera “necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura” .[114] É um requisito para a missão e, hoje, é também um conteúdo fundamental da missão. Apesar da muita insistência, há que admitir que a maioria dos cristãos não tem contacto efectivo e pessoal com a Escritura, e os que o têm sentem grandes incertezas teológicas e metodológicas a nível da comunicação. O encontro com a Bíblia corre o risco de não ser um facto de Igreja, de comunhão, mas de estar exposto ao subjectivismo e à arbitrariedade, ou de ser reduzido a objecto de devoção privada, como tantas outras na Igreja. Torna-se indispensável uma promoção pastoral robusta e credível da Palavra. Isso implica o recurso a iniciativas específicas, como por exemplo, a valorização plena da Bíblia nos projectos pastorais e, ao mesmo tempo, um projecto de pastoral bíblica em cada diocese, sob a guia do Bispo, utilizando convenientemente a Bíblia, que já está presente nas grandes acções da Igreja, e oferecendo oportunas formas de encontro directo, nomeadamente com percursos de lectio divina para os jovens e para os adultos. Ao fazê-lo, procurar-se-á que a comunhão entre presbíteros e leigos e, portanto, entre paróquias, comunidades de vida consagrada e movimentos eclesiais se baseie e se manifeste na Palavra de Deus. É útil para o efeito um serviço específico de apostolado bíblico a nível diocesano, metropolitano ou nacional, que difunda a prática bíblica com oportunos subsídios,[115] suscite o movimento bíblico entre os leigos, cuide da formação dos animadores dos grupos de escuta ou do Evangelho, com particular atenção aos jovens e propondo itinerários de fé com base na Palavra de Deus inclusive aos imigrantes e a quantos vivem em procura. Recorde-se que é desde 1968 que existe e actua a Federação Bíblica Católica mundial, instituída por Paulo VI, ao serviço das orientações do Concílio Vaticano II sobre a Palavra de Deus. São membros dessa Associação quase todas as Conferências Episcopais e, por isso, ela tem uma ramificação de aderentes em todos os continentes. O seu objectivo é difundir o texto da Bíblia nas diversas línguas e, ao mesmo tempo, levar o povo simples a conhecer e a viver o que a mesma ensina, através boas traduções, que, sob o cuidado pastoral dos Bispos, se possam utilizar na liturgia. Um outro dever da comunidade é a difusão da Bíblia a preços acessíveis. Além disso, deve dar-se com sapiente equilíbrio largo espaço aos métodos e às novas formas de linguagem e comunicação na transmissão da Palavra de Deus, como são rádio, televisão, teatro, cinema, música e canções, inclusive os novos media, como CD, DVD, internet, etc.[116] Neste processo de levar ao povo a Palavra de Deus, um papel específico cabe às pessoas de vida consagrada. Como sublinha o Vaticano II, “tenham quotidianamente entre mãos a Sagrada Escritura, para que, na leitura e na meditação dos Livros Sagrados, aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo'(Fil 3,8)” [117]e encontrem um renovado impulso na sua tarefa de educar e evangelizar sobretudo os pobres, os pequeninos e os últimos. Para os Padres da Igreja, o texto bíblico deve tornar-se objecto de um quotidiano ‘ruminar’. Quando o homem começa a ler as divinas Escrituras – pensava Santo Ambrósio – Deus volta a passear com ele no paraíso terrestre.[118] E João Paulo II afirmava: “A Palavra de Deus é a primeira fonte de toda a vida espiritual cristã. Ela sustenta um relacionamento pessoal com o Deus vivo e com a sua vontade salvífica e santificadora. É por isso que a lectio divina, desde o nascimento dos Institutos de vida consagrada e, de modo particular, do monaquismo, foi tida na mais alta consideração. Por meio dela, a Palavra de Deus é transferida na vida, projectando sobre esta a luz da sapiência, que é dom do Espírito”. A Palavra de Deus, graça de comunhão entre os cristãos 28. Este aspecto deve ser tido como um dos maiores objectivos da pastoral da Igreja. Os dois aspectos essenciais que unem todos os fiéis em Cristo são, de facto, constituídos pela Palavra de Deus e pelo Baptismo. É a partir destes dados de facto que o caminho ecuménico tem necessidade de prosseguir, enfrentando os desafios com que se depara, em vista daquela unidade plena que só num regresso às fontes da Palavra, interpretada à luz da Tradição eclesial, pode garantir um encontro total com Cristo e com os irmãos.[120] O discurso de despedida de Jesus no Cenáculo realça fortemente como esta unidade consista no dar um comum testemunho da Palavra do Pai oferecida pelo Senhor (cf. Jo 17,8). A escuta da Palavra de Deus possui, portanto, uma dimensão ecuménica que deve ser sempre cuidada. É com satisfação que se nota como a Bíblia seja hoje o maior ponto de encontro para a oração e o diálogo entre as Igrejas e as comunidades eclesiais. Acolhendo as indicações do Concílio Vaticano II, colabora-se na difusão do Texto Sagrado com traduções ecuménicas.[121] Depois do Concílio, o Magistério da Igreja deu nesse sentido notáveis contributos.[122] Da sua atenta leitura e do confronto com as situações particulares podem esperar-se indicações claras e impulsos no caminho da unidade. Afirma o Papa Bento XVI: “A escuta da Palavra de Deus é prioritária para o nosso compromisso ecuménico. Com efeito, não somos nós que realizamos ou organizamos a unidade da Igreja. A Igreja não se faz a si mesma e não vive por si própria, mas da Palavra criadora que provém da boca de Deus. Ouvir a Palavra de Deus em conjunto; praticar a lectio divina da Bíblia, ou seja, a leitura ligada à oração; deixar-se surpreender pela novidade da Palavra de Deus, que nunca envelhece e jamais se esgota; superar a nossa surdez por aquelas palavras que não concordam com os nossos preconceitos e as nossas opiniões; ouvir e estudar, na comunhão dos fiéis de todos os tempos; tudo isto constitui um caminho a percorrer para alcançar a unidade na fé, como resposta à escuta da Palavra”.[123] A Palavra de Deus, luz para o diálogo inter-religioso 29. Todo este é um campo que, embora presente na Igreja em toda a sua história, se apresenta hoje com exigências novas e tarefas inéditas. Cabe à investigação teológica aprofundar essa delicada relação e daí tirar as devidas consequências pastorais. Tendo presente quanto até hoje foi dito pelo Magistério da Igreja,[124] recordam-se os seguintes pontos em ordem a uma reflexão e avaliação: a – Com o povo judeu 30. Uma peculiar atenção deve ser dada ao povo judeu. Cristãos e Judeus são ambos filhos de Abraão, radicados na mesma aliança, pois Deus, fiel às suas promessas, não revogou a primeira aliança (cf. Rom 9-11). Confirma João Paulo II: “Este povo é enviado e guiado por Deus, Criador do céu e da terra. A sua existência não é, portanto, um simples facto de natureza ou de cultura, no sentido em que, através da cultura, o homem utiliza os recursos da própria natureza. Trata-se, pelo contrário, de um facto sobrenatural. Este povo persevera, não obstante tudo, porque é o povo da Aliança e porque, apesar da infidelidade dos homens, o Senhor é fiel à sua Aliança” .[125] Cristãos e Judeus partilham grande parte do cânon bíblico, a que os cristãos chamam Antigo Testamento. A esse respeito, existe hoje um importante documento da Pontifícia Comissão Bíblica – O povo judeu e as suas Sagradas Escrituras na Bíblia cristã [126] – que leva a reflectir sobre a estreita ligação de fé, já assinalada na Dei Verbum.[127] Dois aspectos devem ser particularmente considerados: o contributo original da compreensão judaica da Bíblia e a superação de toda a possível forma de anti-semitismo e anti-judaísmo. b – Com outras religiões 31. A Igreja é mandada a levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16,15). Ao fazê-lo, ela encontra o grande número de aderentes a outras religiões, com os seus livros sagrados e a sua maneira de entender a Palavra de Deus; depara em toda a parte com pessoas que vivem numa situação de procura ou simplesmente numa inconsciente espera da ‘boa nova’. Com todos a Igreja se sente devedora da Palavra que salva (cf. Rom 1,14). Antes de mais, há que recordar que o cristianismo não é religião do livro, mas da Palavra de Deus encarnada no Senhor Jesus. Portanto, no confronto da Bíblia com os Textos sagrados das outras religiões, há que ter atenção para não cair no sincretismo, em aproximações superficiais e em deformações da verdade. Uma maior atenção deve ser prestada à pureza da Palavra de Deus, autenticamente interpretada pelo Magistério, diante das numerosas seitas que se servem da Bíblia para outros fins e com métodos estranhos à Igreja. Em perspectiva positiva, dar-se-á atenção ao conhecimento das religiões não cristãs e das respectivas culturas, ao discernimento das sementes do Verbo nelas presentes. É importante lembrar que a escuta de Deus deve levar a superar toda a forma de violência, para que essa escuta se torne activa no coração e nas obras em ordem à promoção da justiça e da paz.[128] A Palavra de Deus, fermento das culturas modernas 32. O encontro da Palavra de Deus dá-se também com as diversas culturas (sistemas de pensamento, ordem ética, filosofia de vida, etc.), muitas vezes dominadas por influências económicas e tecnológicas de inspiração secularista e potenciadas pelo largo serviço dos mass-media, donde o nome que lhes dá de ‘Bíblias laicas’. O diálogo com elas tornou-se mais do que nunca inevitável, talvez áspero, mas também rico de potencialidades para o anúncio, enquanto rico de pedidos de sentido, que encontram no Senhor uma proposta libertadora. Isso significa que a Palavra de Deus pede para entrar como fermento num mundo pluralista e secularizado, nos ‘areópagos modernos’ (cf. At 17,22) da arte, da ciência, da política e da comunicação, levando “a força do Evangelho ao coração da cultura e das culturas” [129], para as purificar, elevar e fazer delas instrumentos do Reino de Deus. Isto exige uma catequese de Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6), feita não com superficialidade, mas com uma adequada preparação para o confronto com posições alheias, de modo a transparecer a identidade do mistério cristão e a sua benéfica eficácia para todas as pessoas. Num tal contexto, deve dar-se especial atenção à busca da chamada ‘história dos efeitos'(Wirkungsgeschichte) da Bíblia na cultura e no ethos comum, que faz com que, justamente, a chamem e apreciem como o ‘grande código’, sobretudo no Ocidente. A Palavra de Deus e a história dos homens 33. A Igreja, na sua peregrinante caminhada para o Senhor, também é consciente de que a Palavra de Deus deve ser lida nos acontecimentos e nos sinais dos tempos, com que Deus Se manifesta na história. Diz o Concílio Vaticano II: “A Igreja tem incessantemente o dever de perscrutar os sinais dos tempos e de os interpretar à luz do Evangelho, de tal sorte que possa responder, de um modo adequado a cada geração, às eternas interrogações dos homens sobre o sentido da vida presente e futura e sobre as suas relações recíprocas” .[130] Mergulhada nas vicissitudes humanas, a Igreja deve saber “descobrir nos acontecimentos, nas exigências e nos desejos… quais sejam os verdadeiros sinais da presença ou dos desígnios de Deus” [131]e, assim, ajudar a humanidade a encontrar o Senhor da história e da vida. Desta maneira, a Palavra que Jesus semeou como semente do Reino, faz o seu percurso na história dos homens (cf. 2 Tes 3,1) e, quando Jesus voltar na glória, ressoará como convite a participar plenamente na alegria do Reino (cf. Mt 25,24). A esta promessa certa, a Igreja responde com uma ardente prece: “Maranàtha” (1 Cor 16,22), “Vem, Senhor Jesus” (Apoc 22,20). PERGUNTAS Capítulo III 1. Anunciar hoje a Palavra de Deus Olhando para a experiência pastoral, o que é que favorece e o que é que impede a escuta da Palavra de Deus? Podem uma certa inquietude interior, o estímulo de outros cristãos…favorecer a necessidade de renovar a fé; podem ser-lhe de obstáculo o secularismo, a proliferação de mensagens, os estilos de vida alternativos à visão cristã…? Que desafios deve hoje enfrentar o anúncio da Palavra de Deus? 2. Largo acesso à Escritura Como corresponde DV 22 – “é necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura” – à realidade dos factos? Existem estatísticas, mesmo aproximativas, sobre isso? Pode notar-se um crescimento de escuta pessoal e comunitária da Bíblia? 3. A difusão da Palavra de Deus Como é organizado o Apostolato bíblico na comunidade diocesana? Existe um programa diocesano? Há animadores preparados? É conhecida a Federação Bíblica Católica? Que formas de encontro da Palavra de Deus (grupos bíblicos ou de escuta, cursos bíblicos, dia da Bíblia, Lectio Divina) se propõem, e quais as mais frequentadas pelos cristãos? Existem traduções completas ou parciais da Bíblia? Como é considerada a Bíblia na família? São propostos itinerários bíblicos para as várias idades (crianças, adolescentes, jovens, adultos)? Que uso se faz dos meios de comunicação social? Que elementos se valorizam? 4. A Palavra de Deus no diálogo ecuménico O anúncio da Palavra ao mundo de hoje exige um testemunho coerente de vida. Pode-se notá-lo nos cristãos de hoje? Como promovê-lo? No diálogo ecuménico, como assumiram as Igrejas particulares os principais conteúdos da Dei Verbum? Existe um intercâmbio ecuménico entre as Igrejas irmãs sobre a Escritura? Que papel dão essas Igrejas à Palavra de Deus? Em que formas a encontram? Há possibilidade de colaborar com as United Bible Societes (UBS)? Há conflitos no uso da Bíblia? 5. A Palavra de Deus no diálogo com o povo judeu O diálogo com a religião judaica é preferencial? Que formas de encontro sobre a Bíblia se desejam? Instrumentaliza-se o texto bíblico para fomentar comportamentos anti-semitas? 6. A Palavra de Deus no diálogo inter-religioso e inter-cultural Há experiências de diálogo na base da Escritura cristã com os que possuem livros sagrados próprios? Como encontram a Palavra de Deus os que não crêem na inspiração da Sagrada Escritura? Há uma Palavra de Deus também para os que não acreditam em Deus? A Bíblia é lida também na sua qualidade de ‘grande código’, portador de tantas riquezas universais? Há experiências de diálogo inter-cultural no que se refere à Bíblia? Que fazer para apoiar a comunidade cristã perante as seitas? CONCLUSÃO “A Palavra de Cristo habite em vós com abundância, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros, com toda a sabedoria. E, com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai” (Col 3, 16-17). A escuta da Palavra de Deus como vida do crente 34. Elemento fundamental para o encontro do homem com Deus é a escuta religiosa da Palavra. Vive-se a vida segundo o Espírito em proporção da capacidade de dar espaço à Palavra, de fazer nascer o Verbo de Deus no coração do homem. Com efeito, não é o homem que pode penetrar na Palavra de Deus, mas é só esta que o pode conquistar e converter, levando-o a descobrir as suas riquezas e os seus segredos, e abrindo-lhe horizontes de sentido, propostas de liberdade e de pleno amadurecimento humano (cf. Ef 4,13). O conhecimento da Sagrada Escritura é obra de um carisma ecclesial, que é posto nas mãos dos crentes abertos ao Espírito. Diz São Máximo Confessor: “As palavras de Deus, se simplesmente pronunciadas, não são ouvidas, porque, como voz, não têm a prática dos que as pronunciam. Se porém são pronunciadas juntamente com a prática dos mandamentos, têm o poder, com essa voz, de afastar os demónios e levar os homens a construir o templo divino do coração com o progresso nas obras de justiça” .[132] É questão de abandonar-se ao louvor silencioso do coração, num clima de simplicidade e de oração adoradora, como Maria, a Virgem da escuta, porque todas as palavras de Deus se resumem e devem ser vividas no amor (cf. Dt 6,5; Jo 13,34-35). Então, o crente, feito “discípulo” , poderá penetrar na “Palavra excelente de Deus” (Heb 6,5), vivendo-a na comunidade eclesial, e anunciá-la aos de perto e aos de longe, tornando actual o convite de Jesus, Palavra encarnada: “o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 15). ——————————————————————————– NOTAS [1] Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 2. [2]Rupertus Abbas Tuitiensis, De operibus Spiritus Sancti, I, 6: SC 131, 72-74. [3]Cf. Leo XIII, Litt. Enc. Providentissimus Deus (18 novembris 1893): DS 1952 (3293); Benedictus XV, Litt. Enc. Spiritus Paraclitus (15 septembris 1920): AAS 12(1920), 385-422; Pius XII, Litt. Enc. Divino afflante Spiritu (30 septembris 1943): AAS 35(1943), 297-325. [4]Cf. Synodus Episcoporum, Relatio finalis Synodi episcoporum Exeunte coetu secundo: Ecclesia sub verbo Dei mysteria Christi celebrans pro salute mundi (7 decembris 1985): Enchiridion del Sinodo dei Vescovi, 1, Bologna 2005, 2733-2736. [5]Benedictus XVI, Ad Conventum Internationalem La Sacra Scrittura nella vita della Chiesa (16 septembris 2005): AAS 97 (2005), 957. Cf. Paulus VI, Epistula Apostolica Summi Dei Verbum (4 novembris 1963): AAS 55 (1963), 979-995; Ioannes Paulus II, Audiência Geral (22 maii 1985): L’Osservatore Romano edição em português (26 maii 1985), 20; A interpretação autentica da Sagrada Escritura (23 aprilis 1993): L’Osservatore Romano edição em português (2 maii 1993), 6-7; Benedictus XVI, Angelus (6 novembris 2005): L’Osservatore Romano edição em português (12 novembris 2005), 1. [6]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 21. [7]S. Hieronymus, Commentarius in Ecclesiasten, 313: CCL 72, 278. [8]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 22. [9]Cf. Pontificia Commissio Biblica, Le peuple juif et ses Saintes Écritures dans la Bible chrétienne (24 maii 2001): Enchiridion Vaticanum 20, Bologna 2004, pp. 507-835. [10]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 2. [11]Ibidem. [12]Ibidem. [13]Cf. ibidem. [14] Missale Romanum, Editio typica tertia, Typis Vaticanis, Città del Vaticano 2002, Institutio generalis, n. 368. [15] Paulus VI, Voti e norme per il IV Congresso Nazionale Francese dell’insegnamento religioso (1-3 aprilis 1964): L’Osservatore Romano (4 aprilis 1964), 1. [16]S. Gregorius Magnus, Moralia, 20,63: CCL 143A,1050. [17] Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 3. [18] Ephraem, Hymni de paradiso, V, 1-2: SC 137, 71-72. [19] Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 4. [20]S. Irenaeus, Adversus Haereses IV, 34, 1: SC 100, 847. [21]Origenes, In Ioannem V, 5-6: SC 120, 380-384. [22]Cf. S. Bernardus, Super Missus est, Homilia IV, 11: PL 183, 86. [23]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 3. [24] Cf. ibidem, 24. [25] Cf. ibidem, 4. [26]Ibidem, 5. [27]Ibidem. [28] Cf. ibidem, 2; 5. [29]Ibidem, 2. [30]Ibidem, 21. [31] Isaac de Stella, Serm. 51: PL 194, 1862-1863.1865. [32] Cf. S. Ambrosius, Evang. secundum Lucam 2, 19: CCL 14, 39. [33]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 7. [34] Cf. ibidem, 26. [35]Ibidem, 8; cf. 21. [36] Cf. Catechismus Catholicae Ecclesiae, 825. [37]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 8. [38]Ibidem, 7. [39]Ibidem, 10. [40] Ibidem, 9; cf. Conc. Œcum. Trident.: Decretum de libris sacris et de traditionibus recipiendis: DS 1501. [41] Ibidem, 10. [42] Ibidem, 8. [43] Ibidem, 21. [44] Cf. Catechismus Catholicae Ecclesiae, 120. [45] Cf. J. Ratzinger, Un tentativo circa il problema del concetto di tradizione: K. Rahner BJ. Ratzinger, Rivelazione e Tradizione, Brescia 2006, 27-73. [46]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 9; cf. ibidem 24. [47] Ibidem, 21. [48] Ibidem, 11. [49] Cf. Pontificia Commissio Biblica, L’interprétation de la Bible dans l’Église (15 aprilis 1993), cap. I, C.D.: Enchiridion Vaticanum 13, Bologna 1995, pp. 1555-1733. [50]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, cc. 3-6. [51] Ioannes Paulus II, Litt. Enc.Fides et ratio (14 septembris 1998), 13-15: AAS 91(1999), 15-18. [52] Cf. Pontificia Commissio Biblica, L’interprétation de la Bible dans l’Église (15 aprilis 1993), cap. I, F: Enchiridion Vaticanum 13, Bologna 1995, pp. 1628-1634. [53] Cf. ibidem, cap. IV, A.B., pp. 1703-1715. [54] Cf. Catechismus Catholicae Ecclesiae, 117. [55]Pontificia Commissio Biblica, L’interprétation de la Bible dans l’Église(15 aprilis 1993) cap .I: Enchiridion Vaticanum 13, Bologna 1995, pp. 1568-1634. [56]Conc.Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 12; cf. Catechismus Catholicae Ecclesiae, 109-114. [57]Benedictus XVI, Alocução aos Bispos da Suíça (7 novembris 2006): L’Osservatore Romano edição em português (18 novembris 2006), 5. [58] Missale Romanum, Ordo lectionum Missae: Editio typica altera, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano 1981: Praenotanda, n. 8. [59]Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 15-16. [60]Cf. S. Augustinus, Quaestiones in Heptateucum, 2,73: PL 34, 623; Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 16. [61]S. Gregorius Magnus, In Ezechielem, I, 6,15: CCL 142, 76. [62] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 18-19; Ioannes Paulus II, Audiência Geral (22 maii 1985): L’Osservatore Romano edição em português (26 maii 1985), 20. [63]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 1. [64]Ibidem, 21. [65] S. Gregorius Magnus, Registrum Epistolarum V, 46, 35: CCL CXL, 339. [66]Cf.Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 21. [67]Ibidem. [68] Cf. Catechismus Catholicae Ecclesiae, 115-119. [69]Cf. Guigus II Prior Carthusiae, Scala claustralium sive tractatus de modo orandi: PL 184, 475-484. [70]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 12. [71]Ibidem, 23. [72] Missale Romanum, Ordo Lectionum Missae. Editio typica altera: Praenotanda, 9. [73] PetrusDamascenus, Liber II, vol. III, 159: La Filocalia, vol. 31, Torino 1985, p. 253. [74]Conc.Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 21. [75]Cf. Congregatio Pro Clericis, Directorium generale pro catechesi (15 augusti 1997), 47: Enchiridion Vaticanum 16, Bologna 1999, pp. 663-665. [76]Conc. Œcum. Vat. II, Const. de Sacra Liturgia: Sacrosanctum Concilium, 35. [77] Ibidem, 7. [78] Ibidem, 24. [79]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 21. [80] Ioannes Paulus II, Litt. Ap. Novo Millennio Ineunte (6 Ianuarii 2001), 36: AAS 93 (2001), 291. [81] Cf. Missale Romanum, Ordo Lectionum Missae: Editio typica altera: Praenotanda. [82]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 24. [83] Ioannes Paulus II, Litt. Ap. Novo Millennio Ineunte (6 Ianuarii 2001), 39: AAS 93 (2001), 293. [84] Cf. CIC can. 762. [85]Cf. Congregatio Pro Clericis, Directorium generale pro catechesi (15 augusti 1997), pars I, c.II: Enchiridion Vaticanum 16, Bologna 1999, pp. 684-708. [86] Tenha-se presente, neste ponto, a atenção dada à relação entre os exercícios devocionais e a Palavra de Deus no Directório sobre a piedade popular e a liturgia. Princípios e orientações(9 aprilis 2002)a Congregatione de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano 2002, nn.87-89. [87]Congregatiopro Clericis, Directorium generale pro catechesi (15 augusti 1997), 127: Enchiridion Vaticanum 16, Bologna 1999, p. 794. [88] Ibidem. [89]Ioannes PaulusII, Const. Apost. Fidei Depositum (11 octobris 1992) 4: AAS 86 (1994), 117. [90]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 24; cf. LeoXIII, Litt. Enc. Providentissimus Deus (18 novembris 1893), Pars II, sub fine: ASS 26(1893-94), 269-292; Benedictus XV, Litt. Enc. Spiritus Paraclitus (15 septembris 1920), Pars III: AAS 12(1920), 385-422. [91] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 12; Decretum de activitate missionali Ecclesiae Ad Gentes, 22. [92]Cf.Conc. Œcum. Vat. II, Decretum de Institutione sacerdotali Optatam Totius, 16; CIC can. 252; CCEO can. 350 [93] Ioannes PaulusII, Litt. Enc. Fides et ratio (14 septembris 1998), Proœmium: AAS 91 (1999), 5. [94] Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 23. [95] S. Hieronymus, Comm. in Is.; Prol.: PL 24,17. [96]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 25. [97] Ioannes Paulus II, Litt. Ap. Novo Millennio Ineunte (6 Ianuarii 2001), 39: AAS 93 (2001), 293. [98]Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 25. [99]S. Augustinus, Enarrat. in Ps 85,7: CCL 39, 1177. [100]Pontificia Commissio Biblica, L’interprétation de la Bible dans l’Église (15 aprilis 1993), IV, C.3: Enchiridion Vaticanum 13, Bologna 1995, p. 1725. [101] Cf. Guigus II Prior Carthusiae, Scala claustralium sive tractatus de modo orandi: PL 184, 475-484. [102] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Decretum de Institutione SacerdotaliOptatam Totius, 4; Ioannes Paulus II,Adhort. Ap. Post-syn. Pastores Dabo Vobis (25 martii 1992), 47: AAS 84 (1992), 740-742. [103] Cf. Benedictus XVI, Incontro con i giovani romani (6 aprilis 2006): L’Osservatore Romano (7 aprilis 2006), 5; Messaggio per la Giornata Mondiale della Gioventù (22 februarii 2006): L’Osservatore Romano (27-28 februarii 2006), p. 5. [104]Ioannes Paulus II, Litt. Ap. Novo Millennio Ineunte (6 ianuarii 2001), 39: AAS 93 (2001), 293. [105] Benedictus XVI, Ad Conventum Internationalem La Sacra Scrittura nella vita della Chiesa (16 septembris 2005): AAS 97 (2005), 957. [106]Benedictus XVI, Mensagem para a XXI Jornada Mundial da Juventude (22 februarii 2006): L’Osservatore Romano edição em português (4 maii 2006), 6. [107] Benedictus XVI, Ad Conventum Internationalem La Sacra Scrittura nella vita della Chiesa (16 septembris 2005): AAS 97 (2005), 957. [108] Cf. Ioannes Paulus II, Adhort. Ap. Post-syn. Vita Consecrata (25 martii 1996), 94: AAS 88 (1996), 469-470. [109] S. Cyprianus, Ad Donatum, 15: CCL IIIA, 12. [110]Ioannes Paulus II, Litt. Ap. Novo Millennio Ineunte (6 ianuarii 2001), 40: AAS 93 (2001), 294. [111]Cf. Benedictus XVI, Litt. Enc. Deus caritas est (25 decembris 2005): AAS 98 (2006), 217-252. [112] Cf. ibidem, 20-25: AAS 98 (2006), 233-237. [113]S. Augustinus, De doctrina Christiana, I, XXXV, 39; XXXVI,40: PL 34, 34. [114]Conc.Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 22; cf. CIC can. 825; CCEO can. 654 e 662 ‘1. [115] Cf. ibidem, 25. [116] Cf. Congregatio pro Clericis, Directorium generale pro catechesi (15 augusti 1997), 160-162: Enchiridion Vaticanum 16, Bologna 1999, pp. 845-847. [117]Conc. Œcum. Vat. II, Decretum de accomodata renovatione vitae religiosae Perfectae caritatis, 6. [118]Cf. S. Ambrosius, Epist. 49, 3: PL 16, 1154 B. [119] Ioannes Paulus II, Adhort. Ap. Post-syn. Vita Consecrata (25 martii 1996), 94: AAS 88(1996), 469. [120] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Decretum de Oecumenismo Unitatis Redintegratio, 21. [121] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 22. [122] Cf. Ioannes Paulus II, Litt. Enc. Ut unum sint (25 maii 1995): AAS 87 (1995), 921-982. Videas etiam: Pontificium Consilium ad Unitatem Christianorum Fovendam, Directorium oecumenicum noviter compositum: AAS 85 (1993), 1039-1119. [123] Benedictus XVI, Allocutio: O mundo espera o testemunho comum dos cristãos (25 ianuarii 2007): L’Osservatore Romano edição em português (3 februarii 2007), 3. [124] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Decretum de activitate missionali Ecclesiae Ad Gentes 22; Declaratio de Ecclesiae habitudine ad Religiones non-Christianas Nostra Aetate, 2-4.; Congregatio pro Doctrina Fidei, Declaratio de Iesu Christi Ecclesiae unicitate et universalitate salfivica Dominus Iesus (6 augustii 2000)20-22: AAS 92 (2000), 761-764. [125] Ioannes Paulus II, Alocução aos participantes no encontro de estudo sobre As Raízes do Antijudaísmo (31 octobris 1997): L’Osservatore Romano edição em português (8 novembris 1997), 4. [126] Congregatio pro Doctrina Fidei, Le peuple juif et ses Saintes Écritures dans la Bible chrétienne (24 maii 2001): Enchiridion Vaticanum 20, Bologna 2004, pp. 507-835. [127] Cf. Conc. Œcum. Vat. II, Const. dogmatica de Divina Revelatione Dei Verbum, 14-16. [128] Cf. Benedictus XVI, Mensagens para o Dia Mundial da Paz: Na verdade, a paz (8 decembris 2005): L’Osservatore Romano edição em português (17 decembris 2005), 4; A pessoa humana, coração da paz (8 decembris 2006): L’Osservatore Romano edição em português (16 decembris 2006), 6-7. [129]Ioannes PaulusII, Adhort. Ap. Post-syn Catechesi tradendae (16 octobris 1979), 53: AAS 71(1979), 1320. [130]Conc.Œcum. Vat. II, Const. Pastoralis de Ecclesia in mundo huius temporis Gaudium et Spes, 4. [131] Ibidem, 11. [132] S. Maximus Confessor, Capitum theologicorum et oeconomicorum duae centuriae IV, 39: MG 90, 1084. © Copyright 2007 – Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e Libreria Editrice Vaticana

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