A Ordem dos monges brancos está de volta

O convento de S. João de Tarouca foi, no Séc. XII a primeira casa conventual, em Portugal, a adoptar a Regra da Ordem de Cister. A sua filiação à Abadia Mãe de Claraval, em França, teve lugar entre 1140 e 1144. Os Monges da Ordem de Cister caracterizavam-se pela simplicidade e vivendo uma vida monástica trabalhavam principalmente na terra, sendo a oração, o estudo, o ensino, a organização de cartórios e a cópia de manuscritos, as suas ocupações dentro do convento. A construção deste convento, está envolta em lendas, tendo a documentação sobre o mesmo sido destruída em grande parte num incêndio no seminário de Viseu. De todo o conjunto monástico apenas permanece a Igreja e as ruínas de algumas dependências monacais, bem como os dormitórios. A Igreja do séc. XII é um exemplar da arquitectura cisterciense da escola de Borgonha, tendo sofrido posteriormente alterações. Foi sagrada em 1169 por D. Peculiar, Arcebispo de Braga. Depois de muitos séculos em Portugal, os monges cistercienses foram expulsos de Portugal (tal como todas as ordens religiosas) em 1834. Foram os equívocos político-religiosos que levaram o poder emergente a cortar “abruptamente com a nossa tradição mais criativa de culto e cultura” – realçou D. Manuel Clemente, numa conferência sobre a «Vida Monástica na Igreja e na Sociedade” proferida no Mosteiro de Alcobaça. Quase dois séculos após esta «deliberação», os monges brancos estão de volta ao nosso país. Nos próximos tempos a diocese da Guarda irá receber os monges cistercienses no seu território. Um motivo “de alegria para a diocese” apesar de “estarmos ainda na fase dos contactos e eu já me desloquei várias vezes ao Mosteiro do Sobrado, na Galiza” – disse à Agência ECCLESIA D. António Santos, Bispo da Guarda. E adianta: “já esteve connosco um monge, destacado pelo mosteiro, a estudar a situação”. Local definitivo ainda não existe mas “temos várias perspectivas”, a cidade da Guarda está fora de questão porque existe aquele aforismo antigo: “os beneditinos gostam dos montes, os cistercienses dos vales, os jesuítas da cidade e os Franciscanos das aldeias” – avançou o cónego Eugénio Sério, da diocese da Guarda. Apesar de ser a diocese mais alta de Portugal, os vales também existem e refere três hipóteses: “o lado ocidente da Serra da Estrela, a pender para Coimbra; a Cova da Beira ou nos arrabaldes da cidade da Guarda”. Como são monges de Cister a “sua clausura é a quinta” – disse o con. Eugénio Cunha Sério. Um dado está garantido: “o mosteiro será construído de raiz” porque, actualmente, “há exigências diferentes da Idade Média”. Apesar da diocese ser rica em Mosteiros. E cita o exemplo: “Santa Maria de Aguiar”. Também a diocese de Lisboa irá receber, nos próximo tempos, o ramo feminino da Ordem de Cister. Este ano, a renúncia quaresmal desta diocese destina-se a ajudar a “Ordem Cisterciense de Estrita Observância, ramo feminino, a restaurar a Ordem em Portugal, erigindo um Mosteiro no Patriarcado de Lisboa” – salienta D. José Policarpo, Patriarca de Lisboa, na mensagem para a Quaresma. O fruto da renúncia dos cristãos servirá para restaurar uma quinta no concelho de Alenquer que albergará esta Ordem Religiosa. D. José Policarpo espera que o Mosteiro “venha a ser um “pulmão” onde todos poderemos respirar a brisa do amor divino e atraia algumas das nossas jovens a entregarem-se à contemplação”.

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