A inércia do governo de Lula da Silva fez aumentar as violências praticadas contra as populações indígenas a níveis semelhantes aos dos tempos da ditadura no Brasil, denunciou ontem o “Conselho Indigenista Missionário” (Cimi), organismo da Conferência episcopal brasileira (CNBB). Num documento intitulado “Dez meses de violências contra os povos indígenas” os responsáveis do Cimi acusam Lula de “não cumprimento das promessas da campanha eleitoral e dos compromissos históricos de construção de uma nova sociedade”. Ao longo dos primeiros meses de 2003, 23 chefes indígenas de diversas tribos foram assassinados no país, segundo este documento. “Tanto a omissão quanto a impunidade têm estimulado a onda de violências, gerando um quadro sem precedentes, mesmo nos períodos da ditadura militar”, sublinha o Cimi. “Essa situação foi agravada com a iniciativa da Casa Civil da Presidência da República de submeter arbitrariamente a demarcação das terras indígenas às instâncias não identificadas com os direitos dos povos indígenas, como o Conselho de Defesa Nacional, numa clara demonstração de optar por caminhos que dificultem ou impeçam o reconhecimento constitucional das terras indígenas”, acusa o organismo da CNBB. Entre as causas da violência crescente contra os povos indígenas estão, segundo o Cimi, o modelo económico em curso “que favorece as elites”, processos judiciários morosos “e nem sempre isentos” e a política “vacilante” do governo de Lula.
