A Igreja vive da Eucaristia João Paulo II fez questão de publicar na Quinta-feira Santa do seu 25º ano de Pontificado a nova encíclica “Ecclesia de Eucharistia” (A Igreja vive da Eucaristia), lançando um apelo a toda a Igreja para que se envolva na reflexão eucarística. O corpo da encíclica do Papa aborda a Eucaristia desde a perspectiva da sua relação com a Igreja, numa estrutura de seis reflexões que apresentam o núcleo do mistério da vida da Igreja: o Mistério da Fé, a Eucaristia edifica a Igreja, a Apostolicidade da Eucaristia e da Igreja, A Eucaristia e a comunhão eclesial, o decoro da celebração eucarística e na escola de Maria, mulher “eucarística”. Apresentando a Eucaristia como “fonte e centro de toda a vida cristã” (LG, 11) o Papa define-a como o sacramento por excelência do mistério pascal, momento decisivo da formação da Igreja. Depois de abordar os textos evangélicos da instituição eucarística, João Paulo II exorta a uma contínua actualização e memória dos ensinamentos da Igreja sobre este Sacramento, em questões como o “sacrifício”, a “presença real”, a “eficácia salvífica” e a presidência do “ministro ordenado”, entre outras. Uma nota particular fica para a “centralidade da Eucaristia na vida e ministério dos sacerdotes” (n.º 31) a que o Papa apela, para combater o perigo da dispersão. A relação entre a Eucaristia e a comunhão eclesial é um dos grandes destaques do texto. O Papa afirma que “uma exigência intrínseca da Eucaristia é que seja celebrada na comunhão, na integridade dos seus vínculos”. A Eucaristia, lembra João Paulo II, requer que a pessoa esteja baptizada e não rejeite nada da verdade integral sobre o Sacramento, exige a “comunhão eclesial da assembleia eucarística” com o Bispo e com o Papa, sendo que a encíclica chama a atenção para a existência de “condições objectivas” que impedem o acesso dos fiéis à mesa eucarística. (n.º 42) Nesta parte do documento João Paulo II realça o vínculo entre a Eucaristia e a Penitência: “O itinerário da penitência através do sacramento da Reconciliação torna-se caminho obrigatório para participar plenamente do sacrifício eucarístico” (n.º 37) A referência obrigatória à figura de Maria faz-se através da leitura do Magnificat “em perspectiva eucarística”. O documento termina com algumas orientações práticas que visam evitar “reduções” ou “instrumentalizações” do mistério eucarístico.
