Nem só de futebol é feito o EURO 2004 O pontapé de saída foi dado no sábado passado, na cidade do Porto, com o jogo Portugal – Grécia. Para a história fica o resultado negativo da selecção portuguesa mas o bispo da cidade que acolheu a abertura do EURO 2004, D. Armindo Lopes Coelho pretende que o “grande vencedor do EURO 2004 seja o Homem”. Um acontecimento desportivo que deverá ficar na memória não só pelos resultados mas também pelo acolhimento que fez aos euroturistas que vieram a Portugal para assistir ao espectáculo da bola. Na passada quinta-feira, a diocese do Porto distribuiu pelos hotéis da cidade e por várias paróquias cerca de 50 mil exemplares de um desdobrável «Bem-Vindos! As Igrejas vos acolhem!” onde vem referenciado os vários templos da cidade assim como os horários das Eucaristias. “Ao serviço de Deus Criador, as Igrejas Cristãs da cidade do Porto oferecem aos nossos visitantes várias celebrações dominicais” – refere o desdobrável. Também no Norte mas na diocese de Braga, D. Jorge Ortiga pede aos seus cristãos para que “saibamos acolher no Euro 2004”. Braga, pela sua caracterização religiosa, deverá comprometer-se na “alegria de viver uma cidadania de dimensões universais”. As línguas ou comportamentos diferentes podem tornar-se um “enriquecimento na medida em que soubermos dar harmonia, aconselhamentos serenos, capacidade de aceitação” – sublinha o prelado de Braga numa Nota Pastoral para o efeito. E acentua: “espero que todos os visitantes partam mais enriquecidos pelo calor e afecto humano que lhe oferecemos”. Com o intuito de ajudar os desportistas e os seus seguidores haverá, na Sé de Braga, nos dias 13, 20 e 27 de Junho a “Missa Internacional”, às 11,30 horas, solenizada em canto gregoriano e com saudação e comentários em diversas línguas. E finaliza: espero que o Euro 2004 aproxime as culturas e responsabilize as comunidades cristãs numa oferta dum acolhimento humano e cristão. O Sul do país, mais habituado a receber turistas nos meses de Verão, também tem um programa “de acolhimento” para o EURO 2004. O Cón. José Pedro Martins disse à Agência ECCLESIA que “iremos ser uma Igreja acolhedora” e “teremos em particular atenção os adeptos das selecções do Europeu”. A «Nova Catedral» do futebol algarvio fica entre Loulé e Faro mas a Igreja do Algarve pretende que os euroturistas visitem também as “verdadeiras catedrais”. Por isso foram distribuídos folhetos de divulgação, em várias línguas, nos locais mais frequentados que ajudam os visitantes a descobrir o “Algarve religioso” – disse o Vigário para a Pastoral. O desporto deverá ser “a festa dos povos” e os que vieram acompanhar as selecções deverão “encontrar um rosto de igreja que sorri” – finaliza. “Receber com fidalga cidadania” – foi a expressão utilizada por D. Serafim Ferreira e Silva, bispo de Leiria-Fátima, sobre o acolhimento a fazer aos adeptos que a cidade do Liz irá receber durante este acontecimento desportivo. Na nota pastoral sobre o EURO 2004, o prelado espera que este desafio seja também “uma vitória, não só nos estádios e na restauração, mas sobretudo na amizade e na paz.” As três das dezasseis equipas desportivas e seus acompanhantes “terão atendimento especial” – disse. Um acolhimento que não deverá esquecer “as dimensões de cultura e religião”. “Tentaremos mostrar, e demonstrar, que somos uma comunidade aberta, sem fracturas e sem fronteiras. Queremos testemunhar a riqueza da amizade e a lucidez do serviço. Sobremaneira teremos múltiplas ocasiões de pôr em comum os valores maiores que as medidas ‘olímpicas’! – sublinha D. Serafim Ferreira e Silva. No final da festa – acentua – “concluiremos que o grande vencedor foi o humanismo, entre os grupos rivais, e entre as respectivas nações, que são células ou corpos de uma sociedade plural e solidária”. A cidade de Aveiro também se preparou para receber os visitantes do futebol. Como o jogo só tem 90 minutos, o restante tempo poderá ser aproveitado para «beber» a cultura da cidade da Ria. No âmbito da promoção de Aveiro no EURO 2004, as igrejas da cidade estarão abertas ao público, até 5 de Julho, das 13 às 20 horas. Trata-se de uma iniciativa denominada “Igrejas Abertas ao Público”, que muito contribuirá para “tornar mais conhecido o valioso património arquitectónico e artístico dos nossos templos” – refere D. António Marcelino, bispo de Aveiro. Uma actividade apoiada no voluntariado jovem e sénior que facultará a “fruição do vasto património religioso, na sua vertente física – edificado, escultórico e artístico – mas também a contemplação, na sua vertente espiritual”. E conclui: “os espaços a contemplar são a Igreja de Nossa Senhora das Apresentação, Igreja de S. Gonçalinho, Igreja das Barrocas, Igreja Nossa Senhora da Alegria, Igreja da Sé, Igreja de Jesus (Museu de Aveiro) e o Conjunto Arquitectónico de Santos António e S. Francisco”. A cidade que recebe mais jogos do EURO 2004, Lisboa, também se preparou para esta vaga de visitantes. Logo em Janeiro, D. José Policarpo, Patriarca de Lisboa, reuniu- se com um conjunto de personalidades, entre as quais o presidente da Sociedade Portugal-2004, Vasco Lynce, para um encontro subordinado ao tema “Euro-2004 e opinião pública”. Na altura D. José Policarpo disse aos jornalistas que “o papel da Igreja deve passar pelo acolhimento, aos atletas e aos milhares de pessoas que virão a Portugal”. “Será uma festa dos povos, um encontro de culturas, uma ocasião propícia para afirmarmos a nossa vocação de país hospitaleiro, aberto à colaboração com outras nações, que acolhe, que dialoga e que partilha”, assegurou. Com estas iniciativas, Portugal fica na história como organizador do EURO 2004 e também como país que tem algo mais para oferecer do que um conjunto de novos estádios que deixaram frustrações a uns e alegrias a outros.