Rapto do Bispo de Yopal revela perigos do papel da Igreja na mediação do conflito armado no país sul-americano O rapto do bispo de Yopal, D. Misael Vacca, foi o último episódio de violência na Colômbia, revelando os perigos inerentes ao papel da Igreja Católica na mediação do conflito armado neste país sul-americano, tarefa que se vem a revelar muito difícil. O rapto, levado a cabo pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), tem sido explicado pelos responsáveis da Igreja Católica com a vontade de o grupo guerrilheiro em transmitir uma mensagem através do prelado. O secretário-geral da Conferência Episcopal Colombiana, D. Fabián Marulanda, lembra que “o Bispo de Yopal fazia parte de uma comissão eclesiástica que procurava uma aproximação a um dos grupos armados ilegais”. Já esta manhã, João Paulo II exigiu a libertação imediata do Bispo Misael Vacca Ramirez, sequestrado na Colômbia pelo Exército de Libertação Nacional (ELN). O Papa classificou o rapto como “um acto criminoso” e pediu “com firmeza paternal a libertação sem demoras do prelado”. “O Sumo Pontífice recebeu com tristeza e preocupação a notícia deste acto criminoso, que não é justificável de modo algum”, declarou o director-adjunto da sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Ciro Benedettini. O Vaticano já começou a estabelecer contactos com a Igreja local para obter a libertação do Bispo sequestrado. Durante os últimos 20 anos um arcebispo, um bispo e pelo menos 50 sacerdotes e três religiosas foram assassinados. Além destes, quatro bispos, 14 sacerdotes e um missionário foram sequestrados no mesmo período. A Igreja Católica na Colômbia, tem-se manifestado frontalmente contra a hipótese de se trocarem reféns civis por guerrilheiros e rebeldes encarcerados, bem como contra o pagamento de resgates. Esta posição, avançada em Junho, incluía a hipótese de um membro da Igreja ser raptada. “Não pode haver troca entre revoltosos e civis, estes não podem ser sequestrados e tal troca não é normal, a não ser entre combatentes”, disse o cardeal Pedro Rubiano, presidente da Conferência Episcopal da Colômbia. “O país rejeita a ideia de dar um valor económico a uma pessoa, como se ela fosse um animal levado à feira”, acrescentou. A presença da Igreja na mediação do diálogo entre o governo e os paramilitares nunca foi interrompida. A guerra civil já fez mais de 200 mil mortos na Colômbia, desde 1964, com uma média de 3 mil raptos por ano e cerca de 3 milhões de deslocados por causa da violência.
