A enfermagem, as viagens das cinco JMJ e o amor em Calcutá, com Pedro Moisés – Emissão 09-02-2023

 

Pedro Moisés gosta muito de pessoas e não esconde um carinho especial pelas pessoas mais velhas. Ter vivido com as suas avós ajuda a isso, e talvez explique a sua vocação de enfermeiro, mas a passagem pelos cuidados paliativos, já formado, ajudou-o a perceber que o importante na vida e nos cuidados é o agora: o telefonema que não se adia, o toque que não se esconde, a palavra que não se nega, o passeio que não se atrasa.
À vocação para cuidar junta-se o imenso gosto em viajar: se as viagens forem a capitais onde a Jornada Mundial da Juventude esteja a acontecer, melhor ainda: Colónia em 2005, Madrid em 2011, Rio de Janeiro em 2013, Cracóvia em 2016 e Panamá em 2019, foram destinos que não mais se esquece – da festa, das palavras e dos encontros – assim como de Calcutá, em 2018, onde durante cinco semanas cuidou de moribundos e onde aprendeu o que é o amor.

«Inicialmente de uma forma mais obrigatória – temos muitas histórias engraçadas da hora do terço porque dava-nos vontade de rir e a minha avó punha cada um no seu quarto, de rádio ligado, para continuarmos a rezar; lembro-me de levantarmo-nos às 6h30 para irmos à missa às 8h porque a minha avó dizia que a das 11h era para os preguiçosos – mas hoje reconheço que estes pedaços de fé da minha avó marcaram a minha infância e o meu percurso espiritual»

«São Bento Menni dizia que uma pessoa vale mais do que o mundo inteiro. A enfermagem olha para a pessoa, quer cuidá-la no seu todo e esquecer o resto. E tantas vezes é difícil porque sabemos que os cuidados de saúde mudaram muito e é difícil ter tempo. Nem o médico nem o enfermeiro querem só dar resposta às necessidades biológicas do doente: nenhum enfermeiro ou médico estudou para isso, mas queremos dar resposta à pessoa como um todo»

«Havia pessoas que recebíamos (na casa dos moribundos, em Calcutá) e que não estavam em fase terminal e uma irmã explicou-se que recebiam aquelas pessoas a quem lhes ia ser dado um banho, fazia-se a barba, dava-se uma refeição e roupa lavada. Lembro-me de ter dito à irmã: «Que desperdício, a Índia é muito grande, não se podem salvar todos». E a irmã respondeu-me «Pedro, isto é o amor. Nós gastamo-nos sem ter nada em troca e vale a pena. A pessoa vai voltar para a rua mas ela foi amada na mesma. As pessoas que apenas aqui ficam cinco minutos e depois morrem, valem a pena porque nesses cinco minutos elas foram amadas». Quando me vim embora elas disseram-me que Calcutá estava em Lisboa, que a solidão existia cá assim como pessoas a morrer sozinhas»

«Recordo-me de entrar em Colónia por uma das pontes e ver as bandeiras no ar, todos a cantar os mesmos cânticos mas em línguas diferentes, encontrar ruas alegres com ambiente saudável e alegre. Conheci jovens com caminhadas muito diferentes. Conheci um grupo de jovens chineses que me falaram da Igreja perseguida. Dei-me conta de uma Igreja universal e percebi a minha responsabilidade de construir a Igreja com os outros, de como me devia preocupar e rezar por eles»

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Agência ECCLESIA

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