À descoberta de um Pontificado

São apenas opiniões e análises. Entre jornalistas e também de diferentes representantes da hierarquia católica, não existem muitas certezas acerca do Pontificado do Papa Bento XVI. Comum é a opinião de que o Cardeal da Doutrina da Fé não será o Pontífice da Igreja Católica. “Uma coisa é o Cardeal Ratzinger que tem de dar sugestões ao Papa que tem de tomar decisões, outra é a posição do Cardeal Ratzinger como Bento XXI”. A convicção é de José Ornelas Carvalho, sacerdote dehoniano da Madeira, actualmente Superior Geral da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos). Manuel Morujão olha as primeiras comunidades para considerar que “Pedro ultrapassou muito Simão, Filho de João”. O padre jesuíta está convencido que também assim acontecerá com Bento XVI: ultrapassará muito o Cardeal Ratzinger. “Por aquilo que ouvi em Roma, a ideia que tínhamos de um Cardeal Raztinger vigilante da fé, foi ultrapassada”. D. Jorge Ortiga, que celebrou com o Papa a missa de inauguração de Pontificado, refere que este Papa ajusta-se aos tempos em que ele próprio foi “um perito do Concílio Vaticano II”. O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa acredita que a linha norteadora deste Pontificado “não será de alguém que se fecha, mas se abre aos sinais dos tempos”. Recordando os anos 60, D. Jorge refere que “foi ele aquele que quase impôs – a palavra pode ser exagerada – os seus critérios e os seus conselhos” no Concílio Vaticano II, onde participou como consultor. Agora, como Papa, “é o regressar a esses tempos”. E deles poderão chegar orientações para “uma nova teologia”. Da homilia que escutou ontem, entre cerca de meio milhão de fiéis, D. Jorge define o Papa como um homem humilde e na escuta na vontade de Deus. Não reivindica para si autoridade, antes pede oração para a descoberta da vontade de Deus. O Arcebispo Primaz de Braga, eleito há poucos dias Presidente da Conferência Episcopal Portugues, acredita também que “este Papa será capaz de fazer uma síntese teológica e pastoral, de que a Igreja precisa. A Igreja precisa de ter uma unidade de uma doutrina, para a propor em qualquer parte do mundo”, refere. Ornelas Carvalho valoriza também em Bento XVI “a preparação teológica e o conhecimento que tem da realidade do mundo”. Em Roma a presidir aos Dehonianos, acredita que o Papa Ratzinger pode dar uma contributo muito válido à Igreja e à sociedade, nomeadamente nas áreas que já mencionou no discurso aos Cardeais e na homilia de Domingo: o diálogo no interior da Igreja e o diálogo ecuménico. Para o Pe. Manuel Morujão este pontificado será uma síntese entre “culto Ratzinger e o missionário Bento XVI”. “Não será apenas o Papa da teologia, mas o Papa da encarnação da teologia”, garante o Conselheiro Geral da Companhia de Jesus. Considerando de transição este Pontificado, Manuel Morujão olha o exemplo de João XXIII para afirmar que Papa de transição pode ser o que mais contribuir para a fidelidade católica da Igreja. “Não estou à espera de um Vaticano III, mas certamente que haverá novidades”, porque – refere – “a Igreja acompanha a história”. “É um Papa que quer aprender com o Povo e com a Igreja a melhor maneira de ser Papa. Isso também lhe dá autoridade”, sublinha o Pe. Manuel Morujão.

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