A cruz escondida

O apelo do Padre Walter, um ano depois do sequestro do irmão no Níger

“Não nos abandonem!”

O Padre Pier Luigi Maccalli foi sequestrado no Níger há um ano. Desde então, nunca mais houve qualquer notícia. Apenas silêncio. Doze meses depois, o seu irmão, também padre, também missionário, falou com a Fundação AIS. Acreditando que a libertação vai acontecer, o padre Walter pede-nos ajuda. Como? Com as nossas orações e solidariedade

Foi um choque, um abalo profundo. A notícia parecia impossível mas estava a ser repetida nos noticiários. O Padre Pier Luigi Maccalli, 57 anos de idade, tinha sido raptado. Tinha sido sequestrado em sua casa, em Bamoanga, no Níger, mesmo em frente à igreja local. À comoção da notícia sucedeu o vazio. Desde o dia 17 de setembro de 2018 nunca mais se soube nada deste sacerdote. O sequestro do Padre Pier Luigi tem alimentado a perplexidade de todos. Como é possível fazer-se mal a alguém que decidiu dedicar toda a sua vida aos outros? O Padre Pier Luigi estava no Níger há cerca de uma década. Aquela é uma região árida, pobre, com aldeias a várias dezenas de quilómetros umas das outras. A agricultura é a base da economia local. O Padre Maccalli estava muito empenhado na promoção social destas populações onde a pobreza convive com o analfabetismo, onde há enormes carências a nível da saúde, onde a educação das crianças também é muito deficiente. Bamoanga, onde vivia, era quase uma espécie de fim do mundo, um pedaço de terra esquecido e distante. O padre Walter, irmão do Padre Pier Luigi, também é missionário e também está em África. Quando Luigi foi sequestrado no Níger, Walter encontrava-se na Libéria. Walter Maccalli falou com a Fundação AIS. Contou como tem vivido estes meses de ausência do seu irmão. “Tenho um estado de ânimo que não pode ser descrito em palavras, é uma realidade que é experimentada na própria pele.”

 

Sem medo

A falta de notícias alimenta todas as especulações. Também por isso, é na oração diária e na “solidariedade e apoio dos confrades” que o Padre Walter ganha ânimo, explicando que, por exemplo, na comunidade paroquial em Madignano, a terra natal de ambos, em Crema, Itália, reza-se “o santo rosário todos os dias”. Uma prática que se estende a muitas outras comunidades missionárias espalhadas pelo mundo. Walter Maccalli sabe que também não está imune a ataques terroristas. A Libéria, onde se encontra, faz parte de uma região que foi tomada de assalto por grupos jihadistas. No entanto, afirma que não tem medo. “Quando estamos em missão, não estamos a olhar o perigo. É a nossa missão, temos um compromisso que é anunciar o Evangelho.” O Padre Walter acredita que o irmão vai ser libertado. Não sabe é quando. Não é fácil olhar para estes doze meses de vazio. O sequestro do Padre Pier Luigi, quando se encontrava em sua casa no Níger, há um ano, é apenas um exemplo dos ataques e da violência que se está a abater sobre as comunidades cristãs nesta região de África. Também por isso, é preciso que o mundo desperte para a importância do trabalho dos missionários. Pede-nos o Padre Walter, dirigindo-se diretamente aos benfeitores e amigos da Fundação AIS em Portugal, para rezarmos pelos homens e mulheres que decidiram dedicar todos os dias das suas vidas a Deus, entregando-se aos outros. “Que se possam lembrar de nós, missionários, nas vossas orações, que não nos abandonem, que sejam sempre solidários com a vossa oração, e com a vossa ajuda, que é tão importante. Vão dando notícias e testemunhos de unidade e paz, para que estas perseguições possam ter um fim. Que Deus vos abençoe e às vossas famílias. Muito, muito obrigado.”

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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