A cruz escondida

Nigéria: Irmãs inspiradas em Fátima são sinal de luz no meio das trevas

No coração de África

É uma das regiões mais pobres da Nigéria. No norte do país, onde os cristãos são uma minoria e estão sob a ameaça de um dos mais temíveis grupos terroristas, o Boko Haram, algumas mulheres consagradas a Deus e inspiradas na Mensagem de Fátima são sinal de luz no meio das trevas da pobreza e da violência. E são apoiadas pela Fundação AIS…

A imagem surpreende. No norte da Nigéria, no estado de Plateau, existe uma estátua com três crianças ajoelhadas ao lado de uma imagem da Virgem Maria. Quem se aproximar descobre que se trata da imagem de Nossa Senhora de Fátima e dos três pastorinhos. Uma imagem que surpreende, ali, em África, no meio de uma região árida, rochosa. Mas é para ali, para junto da imagem de Francisco, Jacinta e Lúcia em adoração a Nossa Senhora que as pessoas desta região da Nigéria se dirigem como se de um templo se tratasse. A imagem da Virgem Maria e dos três pastorinhos é sinal também da presença na região das irmãs de Nossa Senhora de Fátima. A congregação nasceu na década de 60 do século passado. Cuidar das pessoas mais fragilizadas, especialmente os idosos e doentes, educar as crianças e proclamar a palavra de Deus são algumas das tarefas assumidas por estas irmãs na Nigéria. Ao todo são 65 mulheres. São 65 irmãs. Vivem numa das regiões mais perigosas do país, onde o Boko Haram tem espalhado o medo e a morte desde 2009. Apesar disso, estas irmãs continuam o seu trabalho como se não houvesse ameaça, como se os cristãos não fossem um dos alvos principais deste grupo terrorista, um dos mais sanguinários à face da terra. A madre superiora, Irmã Florence Golam, sabe que a vida da sua congregação está nas mãos da Providência. As irmãs são apoiadas directamente pela Fundação AIS. Sabendo da solidariedade dos benfeitores portugueses da AIS, a Irmã Golam escreveu uma carta a agradecer essa ajuda.

“Obrigado, AIS!”

A carta da Irmã Golam é destinada também a todos os que se lembram do sofrimento dos Cristãos na Nigéria. “Agradeço à Fundação AIS tudo o que fizeram por nós e tudo aquilo que continuam a fazer. Sem essa ajuda, penso que nunca poderíamos ter levado tão longe os nossos esforços.” Na carta, a Irmã Florence Golam pede também as nossas orações, “para que esta corrente de solidariedade e colaboração se mantenha”. A irmã Florence pede ajuda. Não há medo nas suas palavras, apenas disponibilidade para servir a comunidade. De facto, a coragem destas irmãs é notável. É rara a semana em que a Nigéria não se sobressalta com algum episódio de violência, com ataques a escolas, igrejas, postos da polícia, aldeias. É raro o dia em que essa violência não se abate sobre os cristãos, mas, mesmo assim, as irmãs persistem no seu caminho sem receio. A ligação à Fundação AIS tem dado muitos frutos. Desde há muito que as irmãs pedem uma capela que possa acolher toda a comunidade, que possa ser o centro da vida cristã a nível local. Esse projecto já está em marcha e vai reforçar ainda mais o trabalho destas irmãs e a presença da Igreja no coração de África. Quem diria que ali, no norte da Nigéria, tantas pessoas rezam todos os dias a Nossa Senhora de Fátima inspiradas também no exemplo destas irmãs que dedicam as suas vidas aos mais pobres da sociedade?

Paulo Aido

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