A cruz escondida

Líbano. A Campanha de Natal da Fundação AIS também combate a fome

As lágrimas da Irmã Juliette

Em alguns dos bairros mais pobres de Beirute, há uma irmã que conhece os rostos e as histórias de muitos dos seus habitantes. Ela vê Cristo em cada um deles e procura resgatá-los da miséria insuportável em que se encontram. Há quem tenha vendido os móveis de casa para comprar medicamentos, há quem já tenha perdido a vontade de viver e há quem, todos os dias, bata à porta das irmãs, implorando por comida. E a Irmã Juliette chora de impotência e pede-nos ajuda…

Há uma fila de pessoas à porta da casa das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, na paróquia maronita de São José. São pessoas já de alguma idade, a maioria mulheres, e vêm quase todas dos bairros mais pobres dos subúrbios de Beirute, a capital do Líbano. Algumas destas mulheres, que esperam por um pouco de comida, têm ainda no rosto as marcas do tempo em que teriam vivido com algum desafogo. Mas tudo isso agora desapareceu. Estão ali, do lado de fora das grades da porta, levando caixas de plástico, implorando por alguma coisa para comer. Todas estas pessoas já perderam tudo o que tinham. O dinheiro, a esperança, a dignidade. Agora estão ali de mãos vazias, sem outra alternativa que não seja pedir. Tudo nas suas vidas ruiu. São todos mendigos num país que sucumbiu à miséria. A Irmã Juliette conhece as suas histórias, sabe do que precisam mais e todos os dias procura dar resposta a essas necessidades. “As pessoas estão à espera lá fora e isso não é digno. Em cada dia, em cada minuto, há pessoas a bater à nossa porta. Precisam de medicamentos, de tudo…”   Todos os dias, estas irmãs tentam distribuir alguma ajuda essencial a todos os mais necessitados. É um verdadeiro milagre o que estas mulheres consagradas conseguem fazer. A Irmã Juliette é a prova de que o amor ultrapassa todos os obstáculos. Ela olha para cada um dos homens e mulheres que lhes batem à porta e vê neles, em todos eles, o rosto de Cristo. “Preciso de ver Cristo neles”, diz a irmã, explicando que a ajuda que a sua comunidade dá é muito mais vasta, prolonga-se por todas as ruas, por toda a cidade, enquanto houver alguém em necessidade.

País na miséria

Todos eles são Cristo, a todos eles ela serve, ela ajuda, ela oferece tudo o que tem. Mas a Irmã Juliette precisa de nós para continuar a ajudar os mais pobres dos pobres do Líbano, especialmente os que vivem nos subúrbios de Beirute. Ela pede a nossa ajuda pois não tem mais ninguém a quem recorrer. O país caiu numa crise profunda e arrastou para a miséria toda a sua população. Os mais pobres ficaram na indigência.  A Irmã Juliette conta-nos histórias de pessoas que chegaram ao impossível. “Viram-se forçados a vender o frigorífico, a vender alguns móveis do seu apartamento para poderem comprar medicamentos… Eles já não têm vontade de viver, querem morrer… O meu papel é amar a vida para poder dá-la aos outros…” É difícil a missão destas irmãs junto dos mais necessitados do Líbano. “Como é que as pessoas vão sobreviver?”, pergunta ela, numa mensagem emotiva enviada à Fundação AIS. “Muitas pessoas já não comem carne, já não comem fruta, já não comem lacticínios… Quantas vezes as mãos me telefonam e dizem: ‘Irmã Juliette, o frigorífico está vazio…’ É verdade.” Os frigoríficos estão vazios em muitas casas nos bairros de Bourj Hammoud e Nabaa, talvez os mais pobres dos subúrbios de Beirute, a capital do Líbano. A Irmã Juliette pede-nos ajuda para poder socorrer todas estas pessoas, todas estas famílias. Ela vê Cristo no rosto dos que lhe batem à porta pedindo comida, pedindo dinheiro para os medicamentos, pedindo ajuda para a conta da luz, ou para a renda da casa. Ela pede ajuda e as lágrimas caem-lhe pelo rosto. Será possível ficarmos indiferentes?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

A campanha de Natal da Fundação AIS também apoia as famílias cristãs do Líbano que estão em maior necessidade. Com 43 euros é possível alimentar uma destas famílias durante um

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Agência ECCLESIA

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