A cruz escondida

A história de Teresa, uma religiosa num dos países mais pobres do mundo

A Irmã do sorriso

Sonhava ser enfermeira, mas acabou por tratar mais das almas do que dos corpos. Teresa é professora e Irmã. Vive para os outros. Apesar da situação difícil em que se encontra o seu país, a Libéria, acredita que tudo vai melhorar. Talvez por isso, pela certeza que lhe enche o coração, a Irmã Teresa oferece a todos o melhor de si. A começar pelo sorriso franco e aberto…

Num retrato breve da Libéria cabem quase todos os fantasmas: pobreza, violência, guerra, doenças e morte. A esperança média de vida não ultrapassa os 45 anos. É terrível. A morte ensombra tudo e todos. Está presente em todas as esquinas, em todos os lugares. Quando o mundo festejou a passagem de milénio, a Libéria estava em guerra civil. Foram trinta anos de violência que não desapareceram mesmo depois de as armas se terem calado. Há cicatrizes que falam com uma eloquência que não se encontra nas palavras. Quase metade da população é analfabeta e subnutrida. A guerra foi apenas uma das tragédias que aportou a este país africano, o único que não foi colonizado por nenhuma nação europeia. Além da guerra, houve o Ébola, uma temível epidemia que, na verdade, nunca foi erradicada. E agora, há também o coronavírus. É demasiado. Parece demasiado. No entanto, há quem consiga olhar para tudo isto sem desanimar. A Irmã Teresa olha sempre para o futuro mesmo quando está a falar do passado. “Nos últimos trinta anos o nosso país passou por uma guerra civil devastadora e uma epidemia terrível de Ébola. Contudo, os últimos anos deram-nos esperança de que tudo irá melhorar com a graça de Deus.” Teresa pertence à congregação das Irmãs da Sagrada Família. É ela que nos abre a porta da casa de formação onde vive e trabalha, numa pequena aldeia rodeada de floresta.

 

 Pobreza escancarada

No início da sua caminhada de fé, Teresa tinha um sonho. Queria ser enfermeira. A mestra das noviças levou-a, no entanto, para outro caminho. Devia ser professora. “Ela dizia que eu devia ir para o ensino porque era melhor nessa área. É por isso que sou professora…” Hoje, Teresa dá aulas às jovens que sonham também seguir a vida religiosa, mas também às crianças na escola primária, no liceu e até na universidade. Apesar de tantas aulas, sobra-lhe ainda tempo para acompanhar as outras irmãs nas visitas a casa das pessoas nas aldeias encravadas no meio das florestas. “A nossa prioridade é trabalhar com as famílias. Durante as nossas visitas, rezamos com elas…” A Libéria é um dos 10 países mais pobres do mundo. Essa pobreza está escancarada nas casas das pessoas que as irmãs visitam todos os dias. A presença destas irmãs é essencial na Libéria. Elas levam esperança mesmo quando a vida continua ensombrada por todos os fantasmas. Até o da guerra. O combate à pobreza é, hoje em dia, a batalha principal deste país africano. A Irmã Teresa vive para os outros. Não sendo enfermeira, como chegou a sonhar, tem curado muitas enfermidades ao longo dos anos: a tristeza, o desânimo e a frustração de quem sente a vida armadilhada pela fome, pela doença e pela morte. A todos os que andam tristes, a Irmã Teresa oferece-lhes a esperança que lhe nasce no coração e que a faz sorrir contagiando os outros. O trabalho da congregação das Irmãs da Sagrada Família é apoiado pela Fundação AIS. “Acreditamos que as nossas visitas ajudam as famílias a estar mais perto de Deus”, diz-nos, sempre sorrindo, a Irmã Teresa. “Tudo isto é possível graças a si! Obrigado AIS!”

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

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