Religiosas na “linha da frente” na Ucrânia no combate ao Covid19
Uma luta muito especial
Daniela Pukhalska e três outras irmãs enfrentam todos os dias o inimigo invisível e mortal que dá pelo nome de coronavírus e que está a afectar a vida de praticamente toda a humanidade. São enfermeiras e religiosas. Decidiram entregar as suas vidas ao serviço dos outros.
Em Odessa, no Mar Negro, Daniela não tem tido mãos a medir. Todos os dias lhe surgem casos novos de pessoas infectadas que precisam de ajuda para sobreviver. Não é fácil esta batalha especialmente ali, naquela região da Ucrânia, tão marcada também pela pobreza e pela guerra. A falta de recursos obrigou a fazer uma triagem. A irmã Daniela ficou mesmo na linha da frente. “Fomos informadas de que, a partir de agora, só devemos aceitar pacientes que já tenham resultado positivo.” Todos os que estão na sua enfermaria são mesmo doentes com o Covid 19. Já fizeram testes e deram positivo. Daniela é enfermeira e irmã. Cuida do corpo e trata também da alma dos que estão na sua enfermaria. Não é fácil. Não há tempo a perder. Todos os minutos contam quando se trata de salvar vidas. “Há tanto trabalho para fazer que, no final do dia, sinto-me absolutamente exausta”, confessa à Fundação AIS. “Até alguns médicos entraram em pânico, e alguns foram embora”, acrescenta. Aquela enfermaria, como todas as outras em todos os lugares do mundo, converteu-se num campo de batalha, numa trincheira. As batas brancas são os uniformes dos soldados do bem. A irmã Daniela trava todos os dias uma luta sem cessar pela vida dos outros. Daniela Pukhalska pertence à congregação do Imaculado Coração de Maria. Ela diz, num sorriso espontâneo, que não tem medo. A enfermeira Daniela sabe que corre o sério risco de poder ficar infectada. A irmã Daniela, porém, tem a certeza de que nada lhe irá acontecer. É uma confiança que vem de Deus. É uma confiança que nasce na fé. “Sei que muitas pessoas estão a rezar por nós, pelos médicos e por toda a equipa, e somos muito gratas por isso.”
“Rezem por nós…”
O trabalho da irmã Daniela, como o trabalho de inúmeras outras religiosas e sacerdotes em todo o mundo é apoiado pela Fundação AIS. Sempre que ela veste a bata, calça as luvas e põe a máscara de protecção quando inicia o seu dia de trabalho, a enfermeira Daniela sabe que vai ter nas suas mãos a vida de muitas pessoas. Mas sabe também que ali, na enfermaria, é o rosto do carinho de Deus por todos os que sofrem, os que choram, os que se sentem abandonados. É por isso que ela pede as nossas orações. “Por favor, continuem a orar por nós, para que não percamos nossas forças.” A Fundação AIS lançou um desafio aos benfeitores portugueses da instituição para ajudarem, em projectos concretos, o esforço extraordinário que a Igreja está a realizar em vários países do mundo no apoio às populações mais afectadas pela pandemia do Covid19. Em muitos países e em muitas regiões, como em Odessa, na Ucrânia, o aparecimento do coronavírus veio agravar ainda mais uma situação muito delicada, marcada pela guerra, o desemprego e a pobreza. A presença da Igreja junto dessas populações é essencial. Muitas vezes, não têm mais ninguém. A Igreja é como um porto de abrigo dos mais pobres e desprotegidos. Têm sido inúmeros os pedidos de ajuda que têm chegado à Fundação AIS vindos das mais diferentes latitudes. Índia, Ucrânia, Burkina Faso, Venezuela, Camarões, Síria, República Democrática do Congo, Haiti ou Nigéria são exemplos de países que já recebem ajuda directa da Fundação AIS. Uma ajuda que é sempre acolhida de braços abertos e agradecida através da comunhão de fé. Se a Igreja não conseguir cumprir com a sua missão solidária, não haverá mais ninguém a acolher os que mais precisam. Todos os dias, quando veste a sua bata, a irmã Daniela vai para a linha da frente no combate ao coronavírus. Ela sabe que não está sozinha. Nós estamos com ela.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt