A catástrofe nos países do Índico

Comunicado do Cardeal Patriarca de Lisboa – “O sofrimento pode unir a Humanidade” A catástrofe natural, provocada por um sismo de grande intensidade e o “maremoto” que se lhe seguiu, atingiu proporções gigantescas, constituindo uma das mais graves experiências de sofrimento colectivo, em vários países do continente asiático banhados pelo Oceano Índico. A História ensina-nos que destas experiências de sofrimento colectivo podem surgir realidades positivas que significam um progresso da humanidade. A fecundidade do sofrimento é dimensão inelutável da história humana, a que a morte de Jesus Cristo, aceite e oferecida por toda a humanidade, garantiu eficácia perene e definitiva. Há já sinais de fecundidade deste drama humanitário: na onda de solidariedade desencadeada no plano mundial, a humanidade reconheceu-se como uma única família humana, em que o mistério de cada pessoa se sobrepõe às diferenças étnicas, culturais e religiosas e, assim o esperamos, ajudará a resolver conflitos que dilaceravam na violência algumas daquelas populações. Estamos a descobrir, na prática da solidariedade, que cada pessoa e cada nação são corresponsáveis por todos os outros. Oxalá esta semente possa dar frutos de civilização, anunciando um mundo mais solidário e mais humano. No modo cristão de conceber a vida, esta solidariedade é expressão do amor fraterno, que encontra na caridade de Deus a sua fonte e a sua força. As comunidades cristãs do Patriarcado de Lisboa estão a viver profundamente o sofrimento desses irmãos longínquos, que os meios de comunicação tornaram próximos. No plano nacional, a Caritas, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, dinamizou desde o início e com grande zelo, esta partilha fraterna. Estamos-lhe gratos por isso. Sei que muitas comunidades paroquiais organizaram espontaneamente colectas específicas. Sem relativizar ou minimizar a importância das campanhas através de depósitos bancários, determino que em todo o Patriarcado se organizem nas comunidades que ainda o não fizeram, colectas específicas, sob a forma que os respectivos Párocos decidirem, num dos dois próximos domingos, 9 ou 16 de Janeiro. Os resultados destas colectas deverão ser entregues imediatamente, quer no Patriarcado, quer na conta bancária da Caritas Portuguesa, para onde podem convergir todas as nossas ofertas. Uma outra expressão da caridade cristã é a oração pelos que morreram e pelos que sofrem. Sem recusar a densidade do mistério do sofrimento humano, imploraremos a protecção divina para esses nossos irmãos. Lisboa, 6 de Janeiro de 2005 † JOSÉ, Cardeal-Patriarca

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