A assistência religiosa aos migrantes

A Igreja Católica em Portugal começa na próxima segunda-feira a celebrar XXXII Semana Nacional de Migrações. De 9 a 15 de Agosto, é proposta uma semana de divulgação da mensagem do Papa para a 90º Jornada Mundial do Migrante e Refugiado: “Migrações sob a óptica da paz”.

Pela primeira vez, estará entre nós o Presidente do Conselho Pontifico para a Pastoral dos Migrantes e Refugiados, Cardeal Stephen Fumio Hamao, que deixará o seu parecer sobre o fenómeno migratório e sua actualidade e encontros com delegados das Comunidades Migrantes.

Entre estes estará Joaquim Nunes, assistente pastoral na Alemanha, onde a comunidade celebra este ano os 40 anos do tratado luso-alemão para a angariação de mão-de-obra. A Igreja foi pioneira no acolhimento e acompanhamento dos portugueses que chegavam a esse país, oferecendo não só assistência religiosa, mas também social e burocrática.

Em declarações à ECCLESIA, o responsável fala de 20 anos de trabalho junto dos portugueses. “A vivência religiosa dos portugueses na Alemanha – suportada pela estrutura das comunidades, ou ‘missões’ – tem sido sem dúvida um dos factores importantes na animação da vida da emigração”, assegura. “Costumo falar da espiritualidade de Abraão: ele partiu da sua terra, mas quando chegou a outro lugar descobriu que Deus também lá estava”, acrescenta.

O desafio é, agora, passar para a abertura à identidade dos outros, à interculturalidade, ultrapassando preconceitos e generalizações da experiência individual. “A fé ajuda a manter as ligações à terra e também oferece a ponte para os contactos com os outros povos”, afirma Joaquim Nunes. José Coutinho, emigrante, trabalha no secretariado da comissão para as migrações do episcopado francês.

Partiu do país na altura da guerra colonial, a pedido do Bispo de Orleães, para trabalhar com a emigração portuguesa. Este responsável lamenta que as pessoas nem sempre se disponham a “ir ao encontro de gente diferente”.

“As comunidades portuguesas têm tendência a viver bem entre elas, pacificamente, com associações que são um exemplo, mas os portugueses procuram em primeiro lugar os seus e só agora começam a dar mostras de abertura”, declara. Os delegados nacionais das comunidades católicas de língua portuguesa da Europa pedem um maior apoio para os portugueses espalhados pelo Velho Continente, com um reforço da presença na igreja local e uma maior sensibilização da Igreja em Portugal.

Neste momento existe uma grande diversidade de formas de acompanhamento desenvolvidas ao longo das últimas décadas, junto da emigração portuguesa, segundo a realidade particular migratória de cada país e, por conseguinte, de cada igreja local. José Coutinho fala do seu exemplo pessoal para vincar que não se pretende “criar uma igreja portuguesa ao lado da francesa, mas ser Igreja com os outros”.

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