A cada dia que passa, aumenta o número de testemunhos relacionados com a resposta oferecida pela Igreja Católica à tragédia que se abateu sobre a Ásia. Missionários e igrejas locais procuram, por todos os meios, assistir quem perdeu tudo com os tsunamis. A Congregação dos Salesianos nomeou o Pe. Fernando Colón, vice-presidente da ONG salesiana “Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento” (VIS), como coordenador da ajuda que o mundo Salesiano está a canalizar para as regiões mais afectadas. Os donativos recolhidos estão destinados a satisfazer as primeiras necessidades das populações: água, alimentos, remédios e alojamento. Também começaram algumas operações de reconstrução das habitações, hospitais e centros de saúde e das escolas. Na localidade cingalesa do Negombo, os alunos da escola profissional salesiana começaram a fabricar tijolos a para reconstruir a cidade. Os jovens de Negombo terminaram há dois meses, um curso para a construção de casas e segundo Gabriel Garniga “os rapazes aprendem como produzir tijolos e que técnicas empregar para construir pequenas moradias de baixo custo”. “Agora esta experiência será imediatamente utilizada para construir pequenos alojamentos para as famílias dos pescadores, que perderam casas, barcos e redes”, acrescentou o religioso Salesiano, em declarações à agência Misna. A Cúria Geral dos Dehonianos já estabeleceu um contributo para enviar, através da Província Indonésia e do Distrito da Índia, às populações atingidas pela catástrofe do maremoto. Algumas províncias da Congregação estabeleceram montantes em dinheiro para enviar através das organizações humanitárias nesses lugares. O Padre Geral do Jesuítas, como gesto de solidariedade, colocou 10 mil Euros ao dispor das Províncias de Sri Lanka e de Madurai, as mais atingidas de momento. A “Rede Xavier”, uma ONG recente com sede em Espanha, que, para além de duas ONG espanholas, uma alemã e uma italiana, engloba as portuguesas “Fundação Gonçalo da Silveira” e “Leigos para o Desenvolvimento”, decidiu, de imediato, disponibilizar 15 mil Euros, mas começando já a estudar o apoio mais eficaz e prolongado na fase de reconstrução e de reabilitação. Ajuda Quase 150 mil pessoas morreram e milhões ficaram desalojadas em vários países da Ásia e da África, na sequência do violento sismo e das resultantes ondas gigantes do passado 26 de Dezembro. O país mais afectado é a Indonésia, com cerca de 84 mil mortos. D. Joseph Partan, bispo da diocese tailandesa de Surat Thani, afirmou que a Igreja no país se organizou para que a ajuda chegue aos lugares devastados pelos maremotos que são inacessíveis para as instituições do governo. Em declarações à agência de notícias salesianas (ANS), o Bispo indicou que se formaram grupos de religiosos e leigos para “acompanhar psicológica e fisicamente os atingidos, recolher informação adicional e dar uma assistência médica imediata”. As Obras Missionárias Pontifícias (OPM) dos EUA criaram entretanto um fundo de solidariedade para assegurar apoio, a longo prazo, às Igrejas do sudeste asiático, em especial na Indonésia, Sri Lanka e Índia. Os bispos do Sri Lanka informaram que além da ajuda de emergência destinada às vítimas do maremoto, estão necessitados de “grandes quantidades de dinheiro” para a reconstrução do país. D. Thomas Savundaranayagam, Bispo de Jaffna (norte do Sri Lanka), confirmou ao telefone à Ajuda à Igreja que Sofre que só na sua diocese existem “cerca de 170 mil pessoas que ficaram sem casa”. A violência das ondas no Sri Lanka terá destruído cerca de 60% das habitações nas regiões costeiras atingidas pelo maremoto, segundo informou o Bispo de Trincomalee – Batticaloa, uma diocese situada na zona leste do país). D. Joseph Swampillai referiu que “entre as vítimas que morreram nas inundações existem muitos bebés” e acrescentou que, para além da ajuda humanitária de emergência, “será necessário muito dinheiro no futuro próximo para reconstruir orfanatos, escolas e igrejas”. O presidente da Comissão Europeia anunciou hoje um pacote suplementar de 450 milhões de Euros de ajuda às áreas afectadas pelo sismo e maremotos na Ásia. As ajudas públicas aos países atingidos ultrapassam, neste momento, os 2.200 milhões de Euros. Regressar ao trabalho Além da ajuda de emergência e da reconstrução de infra-estruturas, os missionários no local têm pedido auxílios económicos para que as pessoas possam retomar a sua actividade normal, seja na área do turismo, seja na pesca. Quatro comunidades jesuítas no Sri Lanka (Galle, Trincomalee, Batticaloa e Colombo) estão a ser recolhidos fundos para adquirir as redes e os barcos necessários para o retomar da actividade piscatória, que possa assegura a auto-suficiência destas populações. Os religiosos Salesianos procuram, de momento, proporcionar instrumentos de trabalho como redes de pesca, barcos e utensílios para a agricultura, para que as populações afectadas possam refazer sua vida. A agência católica UCA news, baseada na Tailândia, apresenta o testemunho de um pescador de 36 anos, Aravindan, que pede às equipas de emergência “redes e barcos”, em vez de comida ou roupa. “A ajuda que queremos são redes e barcos para voltar ao mar”, refere. O missionário Claretiano George Kannanthanam refere à mesma agência que as pessoas começam a querer “voltar ao trabalho”. A Ir. Mary Mascarenhas, que chefia uma equipa de 30 voluntários, explica que também eles estão a tentar “colocar os pescadores novamente no mar”.Os missionários presentes na Tailândia acusam as autoridades locais de se terem preocupado, acima de tudo, com os turistas estrangeiros: “dezenas de aldeias pobres de pescadores em Phuket e outras zonas costeiras atingidas pelo maremoto foram abandonados a si próprios”.
