Portugal: Igreja Católica busca «antídotos» para os desafios do meio militar

Ajudar capelães a combater os efeitos da dispersão territorial e familiar dos agentes das Forças de Segurança é um dos objetivos

Lisboa, 13 jan 2018 (Ecclesia) – O Conselho Pastoral do Ordinariato Castrense encontrou-se para abordar os desafios atuais da Igreja Católica, no contexto do trabalho junto das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

De acordo com o “diagnóstico” enviado hoje à Agência ECCLESIA, há uma necessidade imperativa de intervir junto dos jovens, “portadores de algumas fragilidades” que importa “ajudar a suprir”.

O documento dá conta de problemáticas juvenis “transversais à sociedade portuguesa”, como “a maturidade emocional tardia, o sedentarismo, os endividamentos por motivo dos jogos online, no sentido de chapa ganha, chapa gasta”.

Mas destaca outras vertentes, mais visíveis no setor das Forças de Segurança, “devido à dispersão” dos jovens candidatos um pouco por todo o país.

Como a “grande desestruturação familiar” que afeta os militares, “tanto na GNR como na PSP”, e os “muitos divórcios” motivados em grande medida por estarem permanentemente deslocados das suas casas.

As dificuldades económicas são outro estigma, isto porque “a própria pressão familiar e social impõe aos jovens um modelo de vida de ostentação que não têm capacidade de sustentar”, pode ler-se.

Toda esta conjuntura, quando não travada a tempo ganha uma dimensão ainda mais grave, empurrando mesmo alguns para o suicídio.

“Normalmente os suicídios têm a ver com questões passionais ou económicas e quase sempre relacionadas, apesar de todos os rastreios!”, lamenta o Ordinariato Castrense.

Hoje existem vários recursos colocados à disposição dos militares, como “apoio de Psicologia Clínica, serviços de Assistência Social, técnicos e juristas especializados em questões financeiras, de dívidas ou créditos bancários”.

No entanto, “os problemas continuam a existir” e devem merecer da parte dos capelães “uma atitude mais proativa”, frisa o mesmo documento.

Entre as soluções apontadas pelo Conselho Pastoral, é referido por exemplo a importância de promover “atividades em conjunto com as várias Academias” militares e em ligação com as “famílias”, já que vários membros das forças armadas e de segurança nem sequer têm possibilidade de ir “a casa” no tempo de Natal, por causa da dispersão territorial.

“Porque não uma celebração para estes elementos desenquadrados do ambiente familiar?”, questionam os responsáveis do Ordinariato Castrense, que acreditam que vários problemas podem ser minorados combatendo a solidão a que muitos destes homens e mulheres estão entregues, porque distantes dos seus entes queridos.

Outro “antídoto” passa também por dar aos jovens um maior sentido de vida e de “responsabilidade social”, envolvendo-os em iniciativas de cariz solidário por exemplo.

“Os militares e agentes normalmente ficam muito entusiasmados e são muito sensíveis a este tipo de iniciativas. Deve ser uma área a explorar pelos capelães!”, sustenta a mesma fonte.

O programa pastoral do Ordinariato Castrense, coordenado pelo bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Manuel Linda, privilegia este ano a “problemática juvenil”, com atenção especial às camadas mais jovens que estão ao serviço do país.

JCP

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Agência ECCLESIA

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