Cardeal-patriarca diz que diálogo é a única forma de construir a paz na península
Fátima, 09 jan 2018 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa saudou hoje os gestos de aproximação entre as Coreias do Norte e do Sul, considerando que o diálogo é a única forma de construir a paz na península, perante o clima de “ameaças” que se criou.
“É uma esperança e é uma esperança em ação, felizmente”, disse D. Manuel Clemente aos jornalistas, após a reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que decorreu em Fátima.
“Com este clima, que entretanto se criou, até em termos mundiais, de ameaças, etc., todos estes passos são passos positivos, põem as pessoas a falar e é a única maneira de a paz se construir, exatamente assim, com passos destes”, acrescentou.
Uma delegação da Coreia do Norte foi hoje recebida por responsáveis sul-coreanos em Paju, num encontro em que o regime de Pyongyang propôs o envio uma representação de alto nível aos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão decorrer no próximo mês de fevereiro, na Coreia do Sul.
Seul, por sua vez, sugeriu reunificações familiares durante a celebração do Ano Novo Lunar, no mesmo período dos jogos.
D. Manuel Clemente considera que “é basicamente o mesmo povo, separado politicamente há tanto tempo”, com “famílias divididas”.
O Papa Francisco disse segunda-feira, no seu discurso anual ao corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, ser de “suma importância que se sustentem todas as tentativas de diálogo na península coreana, a fim de se encontrarem novos caminhos para superar as contraposições atuais, aumentar a confiança mútua e garantir um futuro de paz ao povo coreano e ao mundo inteiro”.
Para D. Manuel Clemente, Francisco é um Papa “presente em todas as frentes difíceis, onde é preciso salvaguardar e fazer avançar a humanidade, mas está nisso de uma maneira religiosa, como foi muito claro na sua vinda a Fátima”.
“Esta profundidade que ele dá, propriamente religiosa, àquilo que ele faz em termos apostólicos, coincide”, acrescentou.
O Papa relembrou esta segunda-feira as viagens apostólicas que fez ao longo de 2017, entre as quais a visita ao Santuário de Fátima para a celebração do Centenário das Aparições.
Numa audiência com membros do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, Francisco destacou a sua presença “como peregrino” em Portugal, entre os dias 12 e 13 de maio, a forma como foi recebido e como as pessoas viveram aqueles momentos de festa.
“Pude constatar a fé, cheia de entusiasmo e alegria, que a Virgem Maria suscitou na multidão de peregrinos que então lá se reuniu”, apontou o Papa, que na sua deslocação ao santuário mariano presidiu ainda à “canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto”.
JCP/OC