Leigos/Portugal: O cristão «não deve idolatrar nem desertar da política»

Dignidade humana para todos e a defesa do bem comum são os horizontes propostos pelo historiador e ensaísta francês François Huguenin no IV Encontro Nacional de Leigos

Viseu, 20 nov 2017 (Ecclesia) – O historiador e ensaísta francês François Huguenin afirmou no IV Encontro Nacional de Leigos, que decorreu em Viseu, que o cristão “não deve idolatrar nem desertar da política”, mas afirmar a possibilidade da dignidade humana para todos.

“Cada cristão traz em si de forma singular o anúncio universal da dignidade de cada pessoa humana, que só uma lógica de comunhão pode respeitar, ao contrário de todas as lógicas de interesse (incluindo o pretensamente geral), de dominação e de violência”, disse o ensaísta.

François Huguenin participou num painel sobre o tema “O trabalho pela justiça e pela paz”, no Encontro Nacional de Leigos, analisando o compromisso político que é pedido a todos os cristãos.

Para o historiador, o cristianismo “inverte as posturas políticas de dominação” e não se afirma “contra a política no sentido em que reconhece o benefício da vida social e a necessidade de procurar um bem comum”.

“Este ‘saber’ do cristão não é sinal da sua superioridade, mas, ao contrário, é sinal de um dom gratuito que ele recebe na sua própria fraqueza”, afirmando que o seu papel não é “procurar o poder, entrar numa lógica de dominação, no sentido em que quereria impor a sua norma à sociedade”, sustentou o ensaísta.

“O cristão é pois um peregrino sobre a terra, mas encarnado numa história e numa cultura: ele não deve nem idolatrar nem desertar da política”, sublinhou François Huguenin.

Para o historiador o cristão “está no mundo para o ajudar a revelar-se como criação de um Deus de amor em que a dignidade de cada pessoa humana é inalterável”.

François Huguenin disse que o que Jesus fala e que diz respeito da entrada no Reino “cai no domínio político”, porque remete para “a justiça social, o acolhimento ao mais fraco, o respeito pela pessoa humana, a fraternidade ou a solidariedade”.

Referindo, como exemplo, a questão do acolhimento dos refugiados, o historiador disse que é impossível recusá-lo “por princípio” “salvo recusando ser cristão”.

O ensaísta francês referiu-se também à “opção preferencial pelos pobres”, como definidora da das políticas do estado e dos “comportamentos dos cidadãos”, à defesa da vida, “quaisquer que sejam as condições da conceção e a conformidade da criança aos códigos sociais”

“Ser cristão no mundo, seguir Cristo, é um caminho cheio de armadilhas, mas cheio também de desafios exaltantes”, sustentou François Huguenin no IV Encontro Nacional de Leigos, que decorreu em Viseu durante o dia 18 de novembro.

PR

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Agência ECCLESIA

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