A voz incómoda do missionário polivalente

Barcelos recordou os 150 anos do nascimento de D. António Barroso “Este tipo de celebrações serve para dar alento à causa da beatificação de D. António Barroso. Peçamos a Deus que, por seu intermédio, aconteçam graças e milagres e que, dentro de pouco tempo, o prelado esteja nos altares e o possamos venerar. Rezemos para que, um dia, em vez de D. António Barroso, possamos dizer Beato António Barroso” – disse D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, na homilia da celebração que presidiu, na igreja paroquial de Remelhe, e integrada no programa comemorativo dos 150 anos do nascimento daquele bispo missionário. Durante dois dias, 5 e 6 de Novembro, os participantes deste colóquio, organizado pela Câmara Municipal de Barcelos juntamente com o Centro de Estudos de História Religiosa da UCP, recordaram a obra deste missionário em África e bispo do Porto. De D. António Barroso, «o missionário no ultramar», falou João Marques, historiador e professor jubilado da Universidade Católica Portuguesa. Lembrou o conferencista que António Barroso ingressou no Real Colégio da Nação Ultramarina que existia para promover a missionaridade através dos membros portugueses que se dirigiam a terras pertencentes à Coroa. Segundo João Marques, encarna o missionário de espírito polivalente, promovendo o crescimento do número de sacerdotes, paróquias e missões na região muçulmana, revelando-se “um homem de desafios”. Para o historiador, D. António Barroso foi homem de “muitas lutas, bispo em três continentes, amado e polémico, perseguido, nunca vencido”. Interveniente, D. António Barroso não podia passar ileso perante as consequências da ideologia republicana e a questão religiosa que esta provocou. José Miguel Sardica pormenorizou-o neste colóquio de Barcelos, mas dizendo que “o choque entre republicanos e monárquicos não é meramente ideológico; o choque entre Afonso Costa e o bispo do Porto é o choque entre duas mundividência”. Por isso, “o principal inimigo da República não foi a Monarquia, mas o Catolicismo”. D. Jorge Ortiga disse também, que, «”pesar de ainda não ter sido beatificado, devemos seguir os passos de D. António”, que foi “exímio na arte de dar a Deus o lugar a que Ele tem direito, ou seja, fez uma opção fundamental que condicionou toda a sua vida”. A intervenção final do colóquio sobre os 150 anos do nascimento de D. António Barroso esteve a cargo de Carlos Azevedo, da Universidade Católica Portuguesa e instrutor do seu processo de beatificação, que abordou as diferentes dimensões da vida do prelado. Segundo o conferencista, “D. António rasgou caminhos. Numa mão levava a cruz e, na outra, a enxada. Como dizem, foi padre e artista, pai e mestre, doutor e homem da terra”.

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