Óbito/Setúbal: Cáritas recorda «herança» de D. Manuel Martins

Organização católica realça «dor imensa» pela morte do primeiro bispo sadino

Lisboa, 25 set 2017 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa lamentou hoje a morte de D. Manuel Martins, um homem que segundo a organização católica, “esteve sempre ao lado dos mais pobres, amplificando a sua voz, em todas as circunstâncias que comprometiam os Direitos Humanos”.

Num comunicado publicado esta segunda-feira, a Cáritas Portuguesa salienta que o desaparecimento de D. Manuel Martins, o primeiro bispo de Setúbal, deixa “uma dor imensa para todos e particularmente para os que partilharam momentos da vida com ele”.

A nota acrescenta que a Igreja Católica em Portugal recebeu “uma herança de acolhimento ao outro que sofre”.

“A sua vida foi um Dom para todos e estamos certos que, pela comunhão dos Santos, continuará a acompanhar a missão da Igreja e a interceder pelos que se encontram em situação de maior fragilidade”, pode ler-se.

D. Manuel Martins faleceu este domingo aos 90 anos, na Maia, Diocese do Porto, em casa de familiares.

 As exéquias fúnebres do bispo emérito de Setúbal vão ter lugar esta terça-feira, pelas 15h00, no Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos – Porto), terra natal do prelado.

Segundo o desejo expresso pelo próprio, D. Manuel Martins será sepultado junto dos seus pais, no cemitério próximo do Mosteiro.

A Cáritas Diocesana de Setúbal, instituição fundada por D. Manuel Martins em 1976, também já reagiu à morte do bispo, através do seu presidente, Domingos de Sousa.

Numa nota publicada online, aquele responsável realça um momento “doloroso” para todos os elementos da organização e frisa que a partida de D. Manuel Martins já é causa de “uma saudade profunda” e de “um vazio enorme para tantas e tantos que encontravam nele o alento para as suas vidas muito difíceis”.

“Nas suas palavras havia sempre uma mensagem de esperança. Os pobres, os deserdados da vida, todos aqueles não tinham vez nem voz, viam nele o seu defensor”, sublinha Domingos de Sousa.

O presidente da Cáritas de Setúbal termina a sua mensagem fazendo votos de “que, da varanda do céu”, D. Manuel Martins “olhe por todos” e que continue a ser junto de Deus o que foi em vida, “intercede junto do Pai eterno para que todos sejam dignos seguidores de Jesus, na vida pública e privada”.

D. Manuel Martins foi o primeiro bispo nomeado para a então recém-criada Diocese de Setúbal, onde iniciou o seu ministério episcopal no dia 26 de outubro de 1975.

O falecido bispo nasceu a 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos; foi ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, seguindo-se a frequência do curso de Direito Canónico na Universidade Gregoriana, em Roma.

Pároco da Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, D. Manuel Martins foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes de seguir para Setúbal.

D. Manuel Martins foi presidente da Comissão Episcopal da Ação Social e Caritativa, bem como da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, na Conferência Episcopal Portuguesa; foi ainda presidente da Secção Portuguesa da Pax Christi e da Fundação SPES.

No dia 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Setúbal.

O bispo emérito foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.

Em maio de 2015, D. Manuel Martins foi ainda condecorado com a medalha da Ordem de Timor-Leste, pelo papel que teve na restauração da independência daquele país.

JCP/OC

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