O mundo do trabalho e as novas tecnologias em análise num encontro que termina hoje
Évora, 10 jun 2017 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) pede ao Estado que se consagrem seis horas de trabalho diários como forma de "dar trabalho a todas as pessoas".
"As oito horas de trabalho foram consagradas há mais de um século. Preconizamos que se consagrem seis horas de trabalho, por exemplo, de forma a que se dê trabalho a todos", assinalou José Paixão, presidente da Liga Operária Católica (LOC/MTC), em declarações à Agência ECCLESIA.
Os trabalhadores cristãos estão reunidos num seminário sobre o tema «O Mundo do Trabalho Digital – Indústria 4.0: O trabalho decente, o desenvolvimento do emprego e a distribuição dos rendimentos na Sociedade», uma iniciativa que conta com o apoio do EZA e da União Europeia.
José Paixão chama a atenção para a necessidade de criar postos de trabalho "de qualidade", independentemente da "revolução industrial, que dizem estar em curso".
A mutação das relações laborais deve-se, segundo o responsável, "a quem encara o trabalho apenas com uma perspetiva de lucro".
"A causa principal não é as novas tecnologias. Esta mutação já existe há muito tempo e na perspetiva de desvalorização do trabalho. Isto tem vindo a aconteceu com ou sem novas tecnologias", frisa.
A luta, com mais de 80 anos da LOC/MTC, centra-se no reconhecimento de que o trabalho tem de estar para o trabalhador e "não ao contrário".
"O mundo está em transformação mas queremos que seja uma transformação positiva, para o bem de todos, para que todos possam usufruir de bons resultados".
José Paixão lamenta que a Igreja, "apesar de toda a documentação que existe sobre o assunto, não assuma os direitos dos trabalhadores e a justa distribuição da riqueza".
"Há um ou outro bispo da Igreja que tem assumido esta questão de defesa do trabalho digno e dos trabalhadores, mas não são muitos. Ainda que a documentação da Igreja a isso indique".
O responsável recorda o exemplo que chega do Papa Francisco e que, indica, tem sublinhado os esforços da LOC.
"Quando se fala do Papa Francisco não temos dúvida. O trabalho que fazemos veio a ser confirmado pelo Papa. Quando olhamos para as encíclicas, para cada intervenção que ele tem, confirmamos que tudo o que fazemos e defendemos há 80 anos, está em consonância com o Papa Francisco".
HM/LS