Setúbal: «Para celebrar a Páscoa, não podemos esquecer o drama da humanidade» – D. José Ornelas Carvalho

Bispo sadino escreveu mensagem às famílias

Setúbal, 17 abr 2017 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal escreveu uma mensagem de Páscoa a todas as famílias, onde destaca um tempo essencial para “revitalizar” a “esperança” numa sociedade que parece enfrentar o dramatismo de um “inverno” permanente.

“Num tempo em que experimentamos diariamente a ocorrência de atos bárbaros de violência e guerra contra pessoas inocentes e débeis; da proliferação da miséria de grande parte da humanidade (…) é bom celebrar e interiorizar a mensagem da Páscoa, do caminho da cruz que se faz dom absoluto de vida”, escreve D. José Ornelas Carvalho.

Na sua reflexão, publicada na página online da Diocese de Setúbal, o prelado recorda que “a Páscoa, colocada na primavera, sempre exprimiu a ideia de revitalização da natureza após o inverno, do renascer da esperança, da renovação dos dinamismos essenciais da vida”.

“Para celebrar a Páscoa, não podemos esquecer o drama da humanidade, pois não é possível cantar uma alegria e uma esperança alienadas e descomprometidas da realidade do mundo que nos circunda. Essa seria apenas a Páscoa de chocolates e amêndoas”, frisa D. José Ornelas Carvalho.

De acordo com aquele responsável, “a Páscoa autêntica começa com uma cruz, erguida como instrumento de tortura, de aviltamento, de opressão e de morte“, para denunciar “aquilo que de mais aberrante os homens podem produzir e, em última análise, tudo o que os homens acabam por sofrer, na sua limitação e fragilidade”.

No entanto, a Páscoa desafia as pessoas a não ficarem por este lado “dramático da história”, mas a abrirem os olhos para o caráter “libertador” da entrega de Cristo, que quer ser sinónimo de “solidariedade para com toda a humanidade” e ao mesmo tempo desafio à “recusa absoluta da violência”, não só física mas também psicológica e espiritual.

O bispo de Setúbal recorda a “exclusão” que hoje enfrenta muita “gente sofrida e desesperada” e os “muros” que se constroem para “proteger o comodismo fechado e insensível de alguns, para nem sequer verem o desespero dos demais”.

É neste e em outros contextos que “o amor de Deus” quer introduzir “um dinamismo novo” e transformar “ódio e opressão em caminho radioso de libertação, de amor e de vida”.

Porque é “esse o milagre da vida: a Ressurreição”, realça aquele responsável católico, que termina a sua mensagem a todas as famílias convidando-as a corresponderem sempre ao desafio de Cristo.

De “fazer Páscoa na vida”, por muito que as realidades no mundo, e até na Igreja, possam ser “imperfeitas”.

Com a certeza de que, ao lado de todas as dificuldades e obstáculos, “do sofrimento, da debilidade e da morte a que estaremos sempre sujeitos”, permanecerá sempre a “força transformadora do amor fiel e poderoso de Deus”, sublinha D. José Ornelas Carvalho.

JCP

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Agência ECCLESIA

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