Vida, Verdade e Liberdade

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA

Ninguém escolhe o dia do seu aniversário e festeja-se quando ele calha, como é natural. Acontece que este ano o Papa emérito Bento XVI celebra 90 anos de vida precisamente no Domingo de Páscoa, a festa da ressurreição, apresentada na sua obra ‘Jesus de Nazaré’ como o elemento decisivo para decidir se “a fé cristã fica de pé ou cai”.

Bento XVI considera que a ressurreição de Jesus foi “a evasão para um género de vida totalmente novo, para uma vida já não sujeita à lei do morrer e do transformar-se, mas situada para além disso – uma vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem”.

Outra curiosidade: o dia 16 de abril de 1927, quando Joseph Ratzinger nascia numa pequena localidade alemã, era um Sábado Santo. Uma vida marcada, por isso, desde o seu início pelo mistério pascal, pelo anúncio da vitória divina sobre a morte, do amor sobre o ódio, da bênção sobre a maldição.

A existência humana é assim resumida nesta peregrinação de fé do sábado santo para a Páscoa. Uma proposta de fé em que o amor e a verdade se encontram, na liberdade.

Celebrar a ressurreição de Jesus é voltar ao núcleo mais fundamental e decisivo da fé cristã. Essa essencialidade, a relevância dessa fé num mundo em profunda mutação, será, porventura, a mais preciosa e duradoura lição do teólogo Joseph Ratzinger, chamado a ser cardeal e bispo de Roma, hoje Papa emérito.

Na sua obra ‘Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição’, cuja leitura pode ser uma boa companhia para os próximos dias, Bento XVI apresenta as palavras e acontecimentos decisivos da vida de Cristo, um Deus que sofre e um homem em luta contra o poder da sua época, que o condenaria à morte.

O Cristo de Joseph Ratzinger não é um revolucionário político ou um simples reformador, menos ainda uma personalidade religiosa falhada, como o próprio definiria Jesus de Nazaré, caso este não tivesse ressuscitado. “Que Jesus tenha existido só no passado ou, pelo contrário, exista também no presente depende da ressurreição”, afirma. Uma reflexão para a Páscoa de hoje e de sempre.

Octávio Carmo

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