II Concílio do Vaticano: Recordar o carisma do cardeal António Ribeiro

Depois de uma séria formação humanística, filosófica e teológica, o doutor António Ribeiro cedo foi lançado para a ribalta da Comunicação Social. De 1959 a 1964 apresenta, aos sábados, na RTP, o programa «Encruzilhadas da Vida», em que debate temas de atualidade, frequentemente sugeridos pelos próprios telespectadores. Nos três anos seguintes (1964/67) é o rosto do programa, no mesmo canal televisivo, «Dia do Senhor».

A morte do Cardeal António Ribeiro “veio roubar à Igreja em Portugal uma das suas figuras mais carismáticas nestas três últimas décadas do século XX” – escreveu o padre A. Jesus Ramos, diretor do Correio de Coimbra, a 26 de março de 1998, naquele jornal diocesano. Após prolongado sofrimento, no dia 24 de março de 1998, faleceu, em Lisboa, este homem nascido em S. Clemente de Basto, na diocese de Braga, a 21 de maio de 1928. Depois de frequentar os seminários daquela diocese foi ordenado a 5 de julho de 1953. O então arcebispo de Braga, D. António Bento Martins Júnior, mandou-o estudar para Roma onde se doutorou na Pontifícia Universidade Gregoriana com a tese «A Doutrina do Evo em S. Tomás de Aquino. Ensaio sobre a duração da alma separa».

Depois de uma séria formação humanística, filosófica e teológica, o doutor António Ribeiro cedo foi lançado para a ribalta da Comunicação Social. De 1959 a 1964 apresenta, aos sábados, na RTP, o programa «Encruzilhadas da Vida», em que debate temas de atualidade, frequentemente sugeridos pelos próprios telespectadores. Nos três anos seguintes (1964/67) é o rosto do programa, no mesmo canal televisivo, «Dia do Senhor». “Demonstrou as suas qualidades de comunicador, aliadas a um apurado sentido crítico e a uma rara capacidade de leitura cristã dos acontecimentos” – referiu o diretor daquele semanário de Coimbra.

Para além de trabalhar na área da Comunicação Social, o futuro bispo auxiliar de Braga (eleito a 3 de julho de 1967) foi assistente nacional e diocesano da Liga Universitária Católica e ainda das associações profissionais de médicos, farmacêuticos, juristas, engenheiros e professores. Nos últimos três anos antes de ser nomeado bispo foi professor de Filosofia Social, Filosofia Moral e Psicologia Social e director do Instituto de Cultura Superior Católica.

“Ninguém estranhou, deste modo, que o jovem sacerdote fosse chamado a assumir o múnus episcopal aos trinta e nove anos de idade. A Igreja escolhera-o para suceder, na diocese moçambicana da Beira, ao carismático D. Sebastião Soares de Resende. Era uma tarefa difícil, o que demonstra bem a confiança que a Santa Sé nele depositava. Só que Deus escreve direito por linhas tortas. A sua figura ao mesmo tempo aberta e tranquila, a serenidade da sua postura perante os problemas mais difíceis e a prudência firme das suas posições eram necessárias em Portugal num período que, naquele final dos anos sessenta, se adivinhava conturbado a diversos níveis” – redigiu o padre A. Jesus Ramos no «Correio de Coimbra» de 26 de março de 1998. E acrescenta: “O regime de então, embora começando a dar sinais de alguma abertura, mesmo em matéria religiosa, não permitiu que o novo bispo fosse para Moçambique, sendo nomeado auxiliar de Braga, onde foi ordenado em setembro de 1967.

LFS

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