Lisboa: Hospital Dona Estefânia debateu importância da interculturalidade e da religião «no processo de cura»

Iniciativa mobilizou profissionais de saúde, representantes do Estado e da sociedade civil, e líderes de várias comunidades crentes

Lisboa, 04 nov 2016 (Ecclesia) – O Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, acolheu hoje um encontro sobre a interculturalidade e os seus desafios no meio dos cuidados de saúde, com um olhar também para a vertente religiosa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Carlos Azevedo, capelão daquela unidade hospitalar e membro da comissão organizadora do evento, recorda que a identidade cultural dos doentes é “muitas vezes formatada pela própria religião”

“Temos no hospital crianças mas cada vez mais notamos que a globalização tem um ponto importante aqui nesta casa. É fácil nós entrarmos numa enfermaria e encontrarmos em quatro camas quatro nacionalidades diferentes, e conhecer mais a fundo daquilo que constitui a religião dos que nos procuram é fundamental”, realça o sacerdote.

No evento “Interculturalidade… Que desafios?” participaram líderes e representantes das várias religiões presentes em Portugal, desde as Igrejas Católica e Evangélica Cigana às comunidades muçulmana e hindu.

Segundo o padre Carlos Azevedo, “a interculturalidade é uma realidade e tem que ter uma resposta cada vez mais integrada, participada”, e o trabalho da capelania não pode ser isolado disso mesmo.

“Nós somos católicos apostólicos romanos mas depois também temos essa parte de fazer a ponte com todas as outras religiões solicitando o apoio espiritual para todos os doentes”, realça o capelão, que admite que hoje, apesar do contexto ser diferente, de haver maior sensibilidade para esta área, “algumas questões ainda têm de ser dirimidas”.

 “Algumas terão mesmo que ir para tribunal, por exemplo a questão da doação de sangue, ou da transferência sanguínea”, confidencia.

O evento contou ainda com a participação de representantes do Estado para as áreas da Saúde, da Cidadania e Igualdade, como a secretária de Estado Catarina Marcelino; responsáveis no setor das migrações e refugiados, como Pedro Calado e Rui Marques, e inúmeros profissionais de Saúde.

Para as enfermeiras Ivete Monteiro e Anabela Namora, que também integram a organização deste encontro, a discussão à volta da interculturalidade no meio hospitalar pretende ajudar a “trazer a teoria à prática” e dar atenção a um tipo de “conhecimento” que “tem influência no processo de cura, de recuperação” dos doentes.

“O internamento e a passagem pelo hospital é uma situação de stresse e de crise, se nós pudermos facilitar um bocado esta integração neste meio que é diferente e é agressivo será muito melhor”, realça Ivete Monteiro.

A enfermeira Anabela Namora destaca também a componente religiosa que muitas vezes permite “atenuar a própria diferença cultural”.

“Nós temos que nos munir de diversas ferramentas que nos permitam prestar cuidados culturalmente competentes, e é este o grande objetivo deste encontro. A componente cultural é fundamental e tem de ser parte integrante dos cuidados de saúde prestados”, complementa.

PR/JCP

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