Responsável português vai desempenhar funções de 2017 a 2021
Lisboa, 12 dez 2016 (Ecclesia) – António Guterres, antigo primeiro-ministro português, tornou-se hoje o 9.º secretário-geral da ONU, ao prestar juramento sobre a Carta das Nações Unidas, numa cerimónia na assembleia-geral da organização em Nova Iorque, Estados Unidos.
No discurso de tomada de posse, Guterres salientou a necessidade de trabalhar "com os povos e com os líderes internacionais" para responder às necessidades das populações e para "estabelecer a paz".
O novo secretário-geral da ONU disse estar "determinado em ser guiado pelos propósitos e princípios" da Carta das Nações Unidas.
A cerimónia de juramento decorreu perante representantes dos 193 estados-membros, antecedida por uma homenagem ao secretário-geral cessante, Ban Ki-moon.
António Guterres admitiu que muitas pessoas perderam a confiança nos governos e em instituições globais, como as Nações Unidas.
"É tempo de reconstruir a relação entre as pessoas e os líderes", prosseguiu.
O discurso aludiu a problemas como o desemprego juvenil ou o tráfico de pessoas, sublinhando ainda que "a globalização fez aumentar as desigualdades".
Guterres, antigo primeiro-ministro de Portugal vai desempenhar funções a partir de 1 de janeiro 2017 até final de 2021; o responsável foi alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados entre 2005 e 2015.
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, manifestou a 12 de outubro, em Fátima, a sua satisfação pela nomeação do novo secretário-geral da ONU, elogiando o “percurso” do português.
“A nomeação de António Guterres é um motivo de satisfação”, disse o chefe da diplomacia da Santa Sé, em conferência de imprensa, antes do início das celebrações da peregrinação internacional de outubro.
A Santa Sé tem estatuto de observador na ONU.
“Posso manifestar satisfação por esta nomeação, é uma pessoa que tem um grande trajeto, um grande percurso – sei que trabalhou aqui, como político -, sobretudo como alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados”, assinalou D. Pietro Parolin, em resposta a uma questão da Agência ECCLESIA.
Na mesma altura, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa saudou a escolha do antigo primeiro-ministro “pela sua competência, pelas suas qualidades pessoais, assim como pela sua experiência internacional em causas humanitárias”.
O cardeal-patriarca de Lisboa também considerou muito “positiva” a eleição do português António Guterres sublinhando a competência do sucessor de Ban Ki-moon.
“Está mais do que demonstrada, nas várias missões que ele desempenhou, quer em Portugal quer no estrangeiro, concretamente com os refugiados, o problema-mor da atualidade internacional”, assinalou D. Manuel Clemente.
O arcebispo de Braga, por sua vez, falou numa "honra" para Portugal.
"É um grande momento de alegria, muito especial também pela amizade particular que nos une. E é também uma grande honra para o país, que talvez ajude a elevar o espírito dos portugueses", afirmou D. Jorge Ortiga.
O padre Vítor Melícias, que há décadas acompanha o responsável português, disse à Agência ECCLESIA que António Guterres, tem a “personalidade de que o mundo necessita”.
A eleição de Guterres foi “um momento de grande felicidade” para o sacerdote franciscano, que vê no sucessor de Ban Ki-moon alguém que “acredita num mundo melhor”.
OC
Notícia atualizada às 17h00