Vaticano: «Não basta apontar o dedo ou agredir quem não pensa como nós» – Papa Francisco

«Tática das atuais guerras políticas e culturais não pode ser método da Igreja», explicou a mais de 100 representantes diplomáticos

Cidade do Vaticano, 17 set 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje os núncios apostólicos, seus representantes diplomáticos nos cinco continentes, e pediu que as Nunciaturas sejam “verdadeiramente a Casa do Papa” e de acompanhamento às Igrejas locais.

Na audiência que decorreu na Sala Clementina, o Papa explicou que o serviço do núncio deve ser feito com “sacrifício como humildes enviados” a cada realidade.

“Não basta apontar o dedo ou agredir quem não pensa como nós. Esta é uma mísera tática das atuais guerras políticas e culturais mas não pode ser o método da Igreja”, disse Francisco.

Para o pontífice argentino, o olhar da Igreja, representada nesses embaixadores, deve ser “vasto e profundo” sendo “a formação das consciências” o “dever primordial de caridade”, algo que quer “delicadeza e perseverança” na forma de agir.

“A sua missão não deve se sobrepor ao bispo, nem substitui-lo ou impedi-lo, mas o respeita, aliás, o favorece e apoia com o fraterno e discreto conselho”, assinalou recordando o Beato Papa Paulo VI, que reformou o serviço diplomático da Santa Sé.

Na audiência aos núncios apostólicos, que participam no seu Jubileu da Misericórdia, foi pedido que as Nunciaturas sejam “verdadeiramente a Casa do Papa” ou seja um lugar permanente de “apoio e conselho a todo o âmbito eclesial” e também referência para as autoridades públicas “não apenas para a função diplomática”.

“Vigiem para que as Nunciaturas não sejam refúgio dos ‘amigos e amigos de amigos’. Fujam das fofocas e dos carreiristas”, alertou.

Neste contexto, o Papa assinalou também a necessidade dos núncios apostólicos acompanharem as Igrejas “com o coração de pastores” e os povos “nos quais a Igreja de Cristo está presente”.

“Não somos vendedores de medo e da noite mas guardiões do alvorecer e da luz do Ressuscitado”, observou Francisco no final da audiência.

“O medo mora na obscuridade do passado e é provisório. O futuro pertence à luz. O futuro é nosso porque pertence a Cristo”, acrescentou, divulga a Sala de Imprensa da Santa Sé.

Antes da audiência Francisco já tinha celebrado a Eucaristia na Capela da Casa Santa Marta com a presença dos núncios.

"Quando chega a um novo país, o núncio deve realizar uma outra saída: sair de si mesmo para conhecer, o diálogo, para estudar a cultura, o modo de pensar, referiu, na homilia da celebração.

São mais de 100 os representantes diplomáticos do Papa nos cinco continentes que estão reunidos no Vaticano para a celebração do seu jubileu, no Ano Santo da Misericórdia.

Entre quinta-feira e hoje, o programa inclui encontros com responsáveis da Secretaria de Estado do Vaticano e uma palestra do cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso sobre as “relações com o Islão”.

Ainda no âmbito das celebrações do Jubileu da Misericórdia, o Papa promove a 18 de novembro um encontro para o qual convidou 163 colaboradores efetivos de representações pontifícias: conselheiros, secretários e adidos.

CB

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Agência ECCLESIA

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