Vaticano: O milagre de Madre Teresa contado na primeira pessoa

Brasileiro Marcílio Haddad Andrino confessa «gratidão» pela cura que abriu caminho à canonização da religiosa

Cidade do Vaticano, 02 set 2016 (Ecclesia) – O brasileiro Marcílio Haddad Andrino esteve hoje no Vaticano para falar da cura, reconhecida como milagre pelo Vaticano, que abriu caminho à canonização da religiosa, um caso que remonta a 2008.

“Não me sinto especial”, disse aos jornalistas o homem, que tinha 35 anos aquando da situação clínica, do foro neurológico.

Na companhia da sua mulher, Fernanda Nascimento Rocha, Marcílio Andrino mostrou-se “muito grato” por ter superado problemas de saúde que começaram com sinais de visão dupla e fortes convulsões, que o levaram a procurar vários especialistas, sem que se percebesse o que estava a acontecer.

“Infelizmente, a situação só piorava”, relatou o brasileiro, que no primeiro semestre de 2008 perdeu a maior parte dos movimentos do lado esquerdo, com consequências do ponto de vista cognitivo.

A 5 de setembro desse ano, um sacerdote deu a Fernanda uma relíquia da Madre Teresa, para que esta acompanhasse a oração.

“Tínhamos a certeza de que Madre Teresa iria interceder por nós”, relatou Marcílio Andrino.

O casamento de Marcílio e Fernando aconteceu em setembro de 2008, apesar daquele se encontrar “muito debilitado”, quase sem conseguir andar.

A 20 de outubro, o homem teve outra convulsão “muito forte”, em casa dos seus pais, tendo sido levado para um hospital de Santos.

Foi ali que se encontrou com o neurocirurgião João Luís Cabral Júnior, que lhe diagnosticou “infeções no cérebro”, num quadro geral “muito grave”, com vários abcessos.

Perante uma situação que “não melhorava”, o casal rezava todos os dias a Madre Teresa, colocando a relíquia nos lugares dos abcessos.

A certa altura acordou com uma dor de cabeça “muito diferente” e os médicos depararam-se uma situação “extremamente grave”, quem impedida, no imediato, qualquer intervenção cirúrgicas.

Marcílio pediu orações por si, antes de perder a consciência, e quando acordou perguntou ao médico o que estava a fazer no hospital, porque se sentia “muito bem”, sem dores de cabeça.

“No momento de maior sofrimento, no centro cirúrgico, Fernanda foi para casa dela e rezou para que Madre Teresa operasse um milagre nas nossas vidas. Foi precisamente o que aconteceu”, assinalou.

O neurocirurgião tinha intenção de o operar, mas após a realização de exames tinha sido possível verificar uma diminuição significativa dos abcessos.

Três dias depois, novos exames mostravam um total desaparecimento desses abcessos.

Após sair do hospital, precisou de uma “pequena reabilitação”, voltando ao trabalho seis meses depois, “sem sequela nenhuma”.

O casal já teve dois filhos, que consideram uma “extensão do milagre”.

Fernanda Nascimento Rocha quis recordar, por sua vez, a importância da oração em todos os momentos de sofrimento, que contribuíram para unir ainda mais a família.

“Quanto mais difícil a situação ficava, mais intensamente nós rezávamos”, referiu.

O padre e teólogo brasileiro João Carlos Almeida apresenta no livro ‘O milagre de Teresa’ a história do milagre atribuído à intercessão de Madre Teresa de Calcutá.

A obra, editada em Portugal pela Planeta, começa por apresentar o percurso de vida da fundadora das Missionárias da Caridade para chegar à história de Marcílio Haddad Andrino.

A canonização de Madre Teresa de Calcutá foi aprovada pelo Papa Francisco no final de 2015, após o reconhecimento da autenticidade do milagre no Brasil atribuído à intercessão da beata.

A cerimónia vai ser presidida pelo pontífice argentino este domingo, na praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma em Lisboa).

A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

A futura santa, vencedora do prémio Nobel da Paz (17 de outubro de 1979), faleceu em 1997 e foi beatificada por João Paulo II em 2003.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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