Eutanásia: Psicólogos Católicos rejeitam morte como solução para o sofrimento

«Acabar com o sofrimento ou acompanhar na paixão?», questiona associação

Lisboa, 06 abr 2016 (Ecclesia) – A Associação dos Psicólogos Católicos (APSIC), sediada no Patriarcado de Lisboa, apelou ao debate aprofundado sobre a eutanásia e rejeitou que a morte seja “solução para o sofrimento”.

“Muitas vezes a morte é encarada como a única solução para o fim do sofrimento e é isso que leva as pessoas ao suicídio. Mas sabemos que o suicídio é o ato extremo de uma pessoa deprimida, um ato extremo de uma pessoa que procura acima de tudo ser amada”, refere a direção da APSIC, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A associação privada de fiéis considera que optar pela eutanásia “é sempre” optar por uma resposta que “iliba do confronto” com a própria vulnerabilidade e fragilidade, incerteza e insegurança.

Por isso, destaca que “ninguém gosta de sofrer” é um dado que apenas revela que “a pessoa humana é feita para grandes coisas, para a felicidade e para a realização plena de si”.

“Ninguém deseja realmente morrer. O que todos desejamos é viver, ser felizes e amados”, desenvolvem os psicólogos católicos.

Aos obstáculos que incluem doenças ou circunstâncias complicadas de várias naturezas e “abalam o ideal de viver feliz e ser”, levando as pessoas a pensar que a vida “deixou de ter valor e dignidade”, a APSIC contrapõe que a vida humana “tem um valor absoluto em si”: “Não depende da sua funcionalidade ou utilidade”.

Neste contexto, alerta que as perguntas que devem ser feitas e para as quais deve-se ajudar a encontrar respostas são “as perguntas sobre o sentido da vida, sobre o sentido do sofrimento, sobre a liberdade diante dos limites, sobre o valor da fragilidade”.

“A morte, aliás, é o fim da possibilidade de encontrar respostas. É o fim da possibilidade de cada um de nós se questionar também sobre o seu papel na vida dos outros”, observa o comunicado, acrescentando que escolher a morte é dizer ao outro que não se está “disponível para acolher a sua dor e sofrimento.”

A associação  questiona se escolher a morte não é dizer ao outro que não se aguenta com o seu sofrimento porque “recorda a própria fragilidade e os limites”: “O teu sofrimento ofende a minha omnipotência”.

No comunicado, a APSIC contextualiza ainda que pretende contribuir para a discussão sobre o tema da eutanásia que esperam “seja ampla e participada”.

“Esperamos também contribuir para que ninguém se sinta dispensado de pensar e tomar uma posição sobre um assunto tão decisivo na definição do que pretendemos ser enquanto sociedade”, acrescenta.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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