II Concílio do Vaticano: Reflexões acaloradas do «Esquema 13»

O dominicano, padre Dubarle, conhecido pelas suas posições moderadas declarou que «A Igreja ainda não se libertou duma teologia da guerra justa, conveniente talvez no século XIV, mas nunca, em todo o caso, nos dias de hoje».

Na IV e última sessão do II Concílio do Vaticano (1962-65), os primeiros dias de outubro de 1965 foram de dedicados ao célebre «Esquema 13». Desde a sua fase embrionária que este documento que tinha a pretensão de se dirigir a todos os homens de boa vontade, mesmo que, estes fossem descrentes.

Numa conferência pública, realizada nos primeiros daquele mês, o dominicano, padre Dubarle, conhecido pelas suas posições moderadas declarou que “A Igreja ainda não se libertou duma teologia da guerra justa, conveniente talvez no século XIV, mas nunca, em todo o caso, nos dias de hoje”. Para aquele padre dominicano, o texto do «Esquema 13» é “demasiado brando, demasiado confuso e retorcido”. E acrescenta: “É escandaloso que se tolere o que o esquema denomina guerras menores, que são guerras odiosamente cruéis e hipócritas” (In: Henri Fesquet; «O Diário do Concílio – Volume 3 – página 164).

Nas suas intervenções, muitos padres conciliares, revelaram que a teoria da guerra justa é uma teoria perfeitamente ultrapassada. “Falam com simpatia da não-violência.” O cardeal Léger, arcebispo de Montreal, disse que: “Muitos homens esperam que o concílio empenhe toda a sua autoridade em prol da paz e alguns desejam mesmo uma condenação solene de ações militares e de armas particularmente destruidoras”. Para este padre conciliar, o texto tinha de ser corrigido “pois é uma redação ambígua que apresenta até contradições internas”.

O arcebispo de Argel, cardeal Duval, também reconhece as fragilidades do «Esquema 13». Quando falou em nome da Conferência Episcopal do norte de África, pediu um “texto mais firme” e apelou a uma reforma “do comércio internacional”. Essa atividade realçou: “contribui para cavar mais o fosso entre povos ricos e povos pobres”.

No meio dos debates, surgiu uma intervenção inesperada de monsenhor Simons (bispo de Indore – Índia) que pode ser apelidada como uma das mais revolucionárias do concílio iniciado pelo Papa João XXIII e terminado pelo seu sucessor. O prelado indiano exprime “sem a mínima ambiguidade, o voto de que a Igreja autorize os meios contraceptivos, apoiando-se no seguinte adágio de teologia moral: «Uma lei duvidosa a nada obriga»”. (In: Henri Fesquet; «O Diário do Concílio – Volume 3 – página 164).

Segundo monsenhor Simons “há que estudar os meios capazes de refrear a expansão demográfica, tendo em conta que as leis se fizeram para os homens e não o inverso”.

LFS

 

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