«Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar» é o lema da Plataforma de Apoio aos Refugiados
Lisboa, 04 set 2015 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e diversas organizações católicas apoiam a PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, uma rede da sociedade civil, que pretende ajudar o Estado a receber famílias que cheguem ao país.
“A CEP ao dar apoio confirma as suas organizações que já são parceiras. É de facto para viver a PAR com as famílias e a PAR na linha da frente”, assinalou o padre José Manuel Pereira de Almeida, secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
O sacerdote explicou à Agência ECCLESIA que os bispos portugueses contam que este organismo a “seja o interlocutor natural” nesta situação, sublinhando que a Plataforma de Apoio aos Refugiados, com mais de 30 organizações, é “integradora” e vai dar lugar a um “acolhimento efetivo”.
Para o padre José Manuel Pereira de Almeida esta situação é um “questão da exigência e urgência” e se o “Estado tem responsabilidades” a sociedade civil “não pode ficar à espera”.
Já o presidente da Cáritas Portuguesa disse que com a plataforma “se dá a conhecer que a magnitude do problema” e a capacidade de união.
Eugénio Fonseca incentiva ao aparecimento do que designou como “famílias solidárias de proximidade” que, ao acolherem famílias de refugiados, sejam também “guias” e as ajudem a ir, por exemplo, ao centro de saúde, supermercado, etc.
Para o presidente da Cáritas Portuguesa, o Governo está a ter uma “atitude correta”, mas neste momento existe “indefinição”, e espera que as Nações Unidas responsabilizem os países nesta ajuda, sobretudo os que têm “melhores condições”.
Neste contexto, considera ainda que a Europa não deve ser a única responsabilizada “pela solução deste problema” porque os Estados Unidos da América “também têm culpa” do que se está a passar, “às vezes por interesses, mesmo individualistas, geraram confusão”.
A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) também é parceira da PAR e o seu presidente, que representa mais de 2800 IPSS, mais de 70 por cento das respostas sociais nacionais, revela que com “muitos equipamentos, pessoas, envolvimento e conhecimento” podem ajudar a “comunidade a acolher e integrar”.
O padre Lino Maia considera que as respostas de ajuda aos refugiados “não podem” ficar dependentes do “voluntarismo” e adiantou que a CNIS já criou um serviço de apoio para “ajudar” as instituições que vão acolher refugiados.
A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações destacou por sua vez que se pretende “dar alguma proteção humanitária, abrigo” a pessoas que estão a fugir de um conflito armado e a ser perseguidas.
Neste contexto, Eugénia Quaresma recordou as “raízes cristãs” do povo que “nasceu da mobilidade, do exílio” mas “também sabe o que é a hospitalidade”.
A Fundação Ajuda à Igreja Que Sofre (AIS), que tem na sua génese o trabalho com refugiados, alerta que se deve apoiar “todas as pessoas independentemente das suas convicções religiosas”.
“Não são cristãos ou muçulmanos, mas essencialmente são pessoas que perderam tudo o que tinham pela guerra que não desejavam e agora estão perdidos de mão estendida a pedir ajuda”, disse Paulo Aido.
CB/OC