Igreja/Sociedade: Discurso sobre família e cultura tem de mudar e ser mais positivo

João Miguel Tavares, Margarida Miranda e Samuel Silva marcaram presença na 11ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura

Fátima, Santarém, 29 mai 2015 (Ecclesia) – O cronista João Miguel Tavares, pai de quatro filhos, disse hoje na 11ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, em Fátima, que é preciso abandonar um “discurso defensivo” na Igreja e valorizar o papel da família na construção cultural.

“O que salva, o que pode fazer a diferença é a sabedoria”, como forma de “fazer a ponte entre uma estética e uma ética”, declarou, no painel conclusivo do evento promovido pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), sobre o tema ‘Tempo da Cultura, tempo de família’.

A intervenção partiu dos conceitos de “inteligência, conhecimento e sabedoria”, três categorias “não sobreponíveis”.

“O tempo de cultura entre nós é muitas vezes concebido como tempo de conhecimento”, observou João Miguel Tavares, que disse procurar deixar aos filhos, como legado, uma “sabedoria prática”, capaz de iluminar o seu agir”.

“A acumulação de livros, de facto, não produz sábios”, advertiu.

Já Margarida Lopes de Miranda, professora de Estudos Clássicos em Coimbra, e mãe de cinco filhos, começou por assinalar que “a família é o princípio, é anterior a tudo o resto”, ao Estado, ao Direito, ao Mercado, a “qualquer poder”.

A convidada lamentou uma cultura baseada no “cálculo meramente utilitário”, marcada pela “contra-anunciação tecnológica”, na qual, por exemplo, a “paternidade responsável se confundiu com ter tudo sob controlo, ser totalmente competente”.

Noutra passagem da intervenção, Margarida Miranda deu o seu testemunho como membro de uma família que “não só consome” cultura, mas também a produz, é “agente de cultura”, integrando um “coro familiar”, especializado na polifonia sacra portuguesa.

“O tempo que dedicamos à cultura está a cultivar a família”, precisou.

O terceiro interveniente, Samuel Silva, artista plástico e membro do serviço educativo da Fundação de Serralves, desafiou os presentes a pensar como “se produz cultura dentro da própria família”, como é possível ser “artistas e poetas” no espaço doméstico.

“A originalidade não é fazer diferente, é procurar a origem”, num “movimento para dentro e não para o passado”, acrescentou.

A jornada concluiu-se com uma intervenção do presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Pio Alves, que agradeceu a José Carlos Seabra Pereira, diretor do SNPC, impossibilitado de marcar presença em Fátima.

O bispo auxiliar do Porto tinha inaugurado os trabalhos, sublinhando a importância da família para a sociedade e a Igreja.

“Com razão o Papa Francisco convida, uma e outra vez, à leitura atenta dos comportamentos pessoais, dos traços fundamentais que marcam a sociedade e, dentro dela, da sua célula base: a família”, declarou.

OC

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