Mundo: Igreja Católica recorda «crianças fantasma» sem pátria, família ou identidade

Gerações de refugiados «que sofrem de modo brutal com o clima de guerra persistente nos seus países»

Cidade do Vaticano, 28 mar 2015 (Ecclesia) – O Vaticano apelou às Nações Unidas a tomada de medidas urgentes a favor de milhares de crianças que, no mundo e sobretudo no Médio Oriente, veem-se hoje sem pátria, sem família e sem identidade por causa da guerra.

A mensagem difundida pelo observador permanente da Santa Sé junto da sede da ONU em Genebra, e publicada pelo serviço informativo do Vaticano, fala em autênticas “crianças fantasma cujo nome e data de nascimento nunca chegou a ser registado em nenhum gabinete”.

Só na Síria, segundo um relatório da UNICEF, são “3500 as crianças que ‘oficialmente’ não têm família nem identidade”, exemplifica o arcebispo Silvano Tomasi.

Na segunda metade de 2014, devido aos vários conflitos que decorrem um pouco por todo o planeta, 5,5 milhões de pessoas tiveram de abandonar as suas casas para salvarem a sua vida, em territórios como a Síria, a Palestina o Iraque, o Irão ou a Nigéria.

Um número que veio engrossar ainda mais os dados disponíveis até finais de 2013, que de acordo com o responsável católico, apontavam para a existência actualmente de 51,2 milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas à força, em todo o planeta.

No meio deste drama, “as crianças sofrem de modo brutal com o clima de guerra persistente nos seus países”, sendo muitas delas “recrutadas, treinadas e usadas nos combates, por vezes como escudos humanos contra os ataques militares” e mesmo como “bombas” humanas.

D. Silvano Tomasi recorda as ações do grupo armado Estado Islâmico, que tem também “assassinado crianças de diferentes comunidades religiosas ou étnicas, vendido outras como escravas”, entre várias “atrocidades” detetadas.

“Um pouco por todo o Médio Oriente, as crianças representam cerca de metade da população actualmente instalada em campos de refugiados, e são o grupo social mais vulnerável em tempos de conflito e instabilidade. A sua vida no exílio é cheia de incertezas e perigos diários”, salientou.

Para o representante do Vaticano junto da ONU, é preciso que a comunidade internacional olhe com atenção para o destino destas crianças e aposte num apoio efetivo a pelo menos três níveis: social, familiar e educativo.

Fundamentalmente, está em causa zelar para que estas gerações ameaçadas possam voltar a ter pátria, regressar às suas famílias e aceder ou retomar a educação escolar que perderam.

JCP

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