Responsável católica pelo setor comenta medidas anunciadas para fazer regressar os emigrantes portugueses
Lisboa, 13 mar 2015 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) afirmou que o novo plano estratégico do Governo para o setor, que passa por incentivar os regressos ao país, tem de ser acompanhando por “mudanças estruturais de fundo”.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, Eugénia Quaresma saúda o esforço que está a ser feito, mas alerta que, para os emigrantes portugueses acreditarem que vale a pena voltar, não basta acenar com apoios financeiros.
“Estas medidas, para vingarem, vão ter de mexer também com as estruturas do país, com os seus serviços, com a capacidade de acolher e integrar o valor que estas pessoas têm”, salienta aquela responsável.
Para a diretora da OCPM, os maiores obstáculos ao projeto do Governo serão a excessiva “burocracia” e o modo como muitas vezes os aspetos funcionais ou processuais “não permitem às pessoas voarem mais alto, mostrarem o seu potencial”.
Eugénia Quaresma recorda que “a intenção do Governo não é nova”, pois começou a ser manifestada “há dois ou três anos”.
Apesar disso, nesse período muito portugueses, cerca de 300 mil, continuaram a sair do país em busca de um futuro melhor, algo que na opinião da responsável católica mostra que é preciso consolidar melhor os passos que estão a ser dados.
“Nós sabemos que houve pessoas que emigraram justamente porque o empreendedorismo falhou aqui em Portugal”, recorda.
O Plano Estratégico para as Migrações 2015-2020, apresentado esta quinta-feira pelo secretário de Estado adjunto do ministro do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, prevê apoios financeiros à contratação de emigrantes desempregados ou à criação de emprego próprio.
No que respeita ao autoemprego, estão previstos incentivos na ordem dos 10 a 20 mil euros por projeto, comparticipados pela União Europeia.
“No início, o discurso estava muito baseado nos talentos, nas pessoas qualificadas que iam para fora. A grande novidade agora é que se quer também trazer as pessoas que estão lá fora e que estão desempregadas. Vamos ver como é que isto se concretiza na prática”, refere Eugénia Quaresma.
A diretora da OCPM salienta a importância de o Governo estar atento para que quem regresse não caia na “precariedade”, e também analisar bem as áreas de emprego em que quer apostar.
“Estão a sublinhar-se muito as empresas que vão dar emprego, se calhar a tónica estará nos serviços, mas nós temos outras áreas que precisam de gente e que estão a exportar mão-de-obra, como a Saúde e a Educação”, conclui.
JCP