Pobreza e desertificação do interior preocupam organização católica
Lisboa, 03 mar 2015 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco alertou para a “indiferença” e o sentimento de impotência face aos problemas da “pobreza e da fome” que se arrastam no país, por causa da persistência da crise económica.
“As pessoas que estão desempregadas há muito tempo e que caíram numa situação de pobreza, bastante grande, acabam por começar a aceitar essa condição”, refere à Agência ECCLESIA Elicídio Bilé.
Numa entrevista a respeito da semana nacional da Cáritas, que se assinala até domingo, o responsável defende a necessidade de “alterar alguns paradigmas” para fazer face a fenómenos sociais que derivam de uma crise económica “avassaladora”, com consequências no aumento da taxa de desemprego e da “desertificação”, em particular no interior do país.
“As pessoas vivem dramas tremendos, há famílias que se estão a desestruturar e isso está a ter reflexos na qualidade de vida”, observa Elicídio Bilé, para quem é necessário apostar em áreas como a agricultura ou o turismo.
Efigénio Café, presidente Cáritas interparoquial de Alcanena, sublinha por sua vez o esforço realizado pela “dignificação” das pessoas mais atingidas pela crise.
“A família hoje está confrontada com problemas bastante graves, porque temos muito desemprego na nossa região”, assinala este responsável, que fala numa situação de “caos social”.
A organização católica criou uma Rede de Apoio mútuo das Cáritas Diocesanas da Raia, envolvendo instituições de Portugal e Espanha, e disponibiliza na internet um mapa de recursos, www.empregonaraia.org, tendo em vista a promoção do emprego.
Os temas estiveram este sábado em debate durante a 6.ª Assembleia Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, em volta do tema ‘uma Família humana, pão e justiça para todas as pessoas’.
D. Antonino Dias, bispo diocesano, aludiu à pobreza da sociedade e à pobreza das famílias, sublinhado que a população idosa é a que mais sofre as consequências da crise.
Entre os conferencistas esteve o secretário-executivo em Portugal da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Murade Murargy, que abordou o tema do acesso à alimentação.
OC