Igreja/política: Não crentes desafiam crentes a uma intervenção mais ativa na sociedade

«Política, participação e democracia» em debate nos encontros «Escutar a Cidade»

Lisboa, 13 fev 2015 (Ecclesia) – Os intervenientes no segundo encontro da iniciativa «Escutar a Cidade» debateram esta quinta-feira o tema ‘Política, participação e democracia’ e desafiaram a Igreja Católica a ser mais interventiva socialmente na sociedade portuguesa e europeia.

“O desafio é se conseguimos ligar o debate sobre a democracia e o processo democrático das pessoas serem solidárias e simultaneamente donas das suas vidas", afirmou Ana Drago à Agência ECCLESIA, no Fórum Lisboa, acrescentando que é necessário "recuperar a palavra justiça”. 

A socióloga observou que a perceção de justiça tem de passar por dar atenção aos que são “mais ou menos silenciados” no espaço publico.

A ex-deputada alertou para a pobreza “naturalizada”, para os “apelos à compaixão mas não à luta pela justiça”, bem como para o facto da representação das identidades religiosas, “nomeadamente do espaço europeu”, serem “tratadas ou como perigosas ou quase infantis”.

Para professor universitário Viriato Soromenho-Marques, a Igreja Católica deve ter uma intervenção “mais ativa e urgente" na esfera pública europeia, sempre num diálogo inter-religioso com outras confissões cristãs e não-cristãs.

“Seria muito importante que uma instituição com a capacidade de impor respeito e com a tradição histórica de intervenção pacífica na sociedade civil e nas questões públicas criasse um fórum de debate neutral onde as questões da Europa pudessem ser discutidas”, desenvolveu o “agnóstico católico”, como se denominou Soromenho-Marques.

Para o professor catedrático, as respostas à crise, que hoje “é social e política”, dos órgãos diretivos da União Europeia estão a “mostrar-se insensíveis” às consequências sociais e à “destruição” da “ideia de pertença” a esta comunidade.

A presidente da Junta de Benfica fez uma breve análise à ação da Igreja Católica na comunidade, nomeadamente na forma como se interliga com os restantes parceiros na ação social, e apresentou “fragilidades”, “recursos únicos” e oportunidades.

“Gostaria de ver sobretudo, de forma mais integrada, o trabalho em rede. Seria importante uma maior abertura, maior participação podendo liderar alguns processos na comunidade”, disse Inês Drummond através da “análise particular” da sua comunidade, “sem querer generalizar”.

“Sair da zona de conforto e propor soluções novas para problemas que são claramente novos”, foi o objetivo da deputada municipal.

O jornalista freelancer João Pacheco, “não crente, no entanto católico por educação”, preocupa-se com a Igreja “como organização importante na sociedade” e chamou a atenção para a necessidade de voltarem a conseguir “contar bem histórias”.

“Hoje em dia a Igreja não está a conseguir entrar nas novas tecnologias, competir com tantos produtores de informação que não havia há 50 anos”, considerou o Prémio Gazeta Revelação 2006.

“Escutar as pessoas que veem o fenómeno da Igreja de fora pode ser um primeiro passo muito interessante”, acrescentou o jornalista.

No dia 5 de março, o terceiro encontro desta iniciativa tem como tema ‘Dinâmicas sociais no território da Diocese’.

CB/PR

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