Igreja: Legado da irmã Lúcia é fundamental em tempo de «crise cultural e civilizacional»

D. João Lavrador privou durante anos com a vidente de Fátima e considera-a «um modelo de santidade e de vida»

Porto, 12 fev 2014 (Ecclesia) – O bispo auxiliar do Porto, D. João Lavrador, considera o legado da irmã Lúcia fundamental numa época marcada pela “crise cultural, civilizacional, de valores e também económica”.

Num texto publicado na edição mais recente do Semanário ECCLESIA, dedicado ao 10.º aniversário da morte da vidente de Fátima, o prelado salienta que hoje a sociedade é chamada a “voltar às fontes da verdadeira realização humana, que não poderá ser outra senão Deus que não se cansa de a procurar”.

E nesse âmbito, a vida da irmã Lúcia (1907-2005) surge como um exemplo de dedicação a esta causa, já que enquanto “depositária” da mensagem de Fátima, levou às pessoas “um convite à conversão e mudança”.

“Enquanto prevalecer o contexto cultural no qual as aparições se deram e ao qual quiseram responder, a mensagem trazida por Nossa Senhora e entregue aos três pastorinhos, nomeadamente à irmã Lúcia, estará sempre atual e a necessitar de ser lembrada”, frisa o responsável católico.

D. João Lavrador teve oportunidade de contactar com a religiosa durante vários anos, ainda como capelão do Carmelo de Coimbra.

Desse tempo, o bispo realça sobretudo o seu “espírito de curiosidade e de renovação constante”, a sua vivência “intensa” da oração e da eucaristia, a sua “paz, alegria e humildade” e o seu “humor, simples e muito inteligente”.

“É muito gratificante, passados estes anos, evocar uma das pessoas que me valorizou no meu crescimento humano e espiritual”, sublinha o prelado.

No seu texto, o bispo auxiliar do Porto destaca o facto da irmã Lúcia ter sido portadora de uma mensagem que tem tido “eco tanto na vida de Papas, cardeais, governantes, cientistas, doutores, como nas pessoas mais humildades e modestas”.

Recorda depois a “particular relação” que a pastorinha de Fátima estabeleceu “com o Papa Paulo VI”, que começou quando este veio à Cova da Iria por ocasião do 50.º aniversário das Aparições; mas “sobretudo” a sua ligação ao Papa João Paulo II.

O agora São João Paulo II encontrou-se com a religiosa carmelita em duas ocasiões, “em 1982 e em 2000”, esta última aquando da “beatificação dos Beatos Francisco e Jacinta”.

Depois de sofrer um atentado em 1981, na Praça de São Pedro em Roma, Karol Wojtyla reconheceu “como dedicado a si mesmo uma parte do terceiro segredo de Fátima”.

Algo que fez com que se desse “uma aproximação muito particular entre ele e a irmã Lúcia”, recorda D. João Lavrador.

O responsável católico conclui defendendo que, “volvidos 10 anos após a sua morte”, a irmã Lúcia deve ser vista pela Igreja Católica como um modelo de vida e de santidade”.

A irmã Lúcia de Jesus encontra-se sepultada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima.

Segundo os seus testemunhos, reconhecidos pela Igreja Católica, ela foi uma das três crianças (juntamente com os beatos Francisco e Jacinta) que entre maio e outubro de 1917 testemunharam as seis aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria.

Em 2008, o Papa Bento XVI abriu o processo de beatificação da vidente, depois de aceitar o pedido de dispensa do período de espera de cinco anos após a morte.

JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top