OE2015: Bispos portugueses pedem mais «solidariedade e justiça»

«Sociedade bem precisa disso», apontou D. Manuel Clemente

Fátima, Santarém, 04 nov 2014 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) comentou hoje em Fátima o Orçamento de Estado para 2015, que está a ser debatido na especialidade na Assembleia da República.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Manuel Clemente salientou que independentemente de poder ser um orçamento mais ou menos virado para “as próximas eleições”, o que interessa é que ele defenda os interesses dos portugueses.

“Que, com aquilo que se orçamente e depois se execute, não se ponha mais em causa a solidariedade e a justiça de uma sociedade que bem precisa disso”, disse o patriarca de Lisboa.

O líder da CEP abordou também outra questão que marca a atualidade portuguesa, a ordem de expulsão que o governo de Timor-Leste deu aos funcionários judiciais internacionais presentes no país, incluindo sete portugueses.

D. Manuel Clemente espera que este caso “não dê origem a um incidente diplomático” entre dois países com todo um percurso em comum.

No entanto, mostrou-se convicto que toda esta situação “não irá pôr em causa a colaboração entre a Igreja em Portugal e a Igreja de Timor-Leste”, nem tão pouco a “estreita” ligação que existe entre os seus bispos.

Estas declarações foram recolhidas à margem de um encontro promovido pela Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização para debater a renovação pastoral da Igreja Católica Portuguesa.

De acordo com D. Manuel Clemente, da reunião permitiu essencialmente “acertar” agulhas quanto àquilo que é preciso “para prosseguir” com um processo que já vem de 2011.

Na altura, foi feito um inquérito a todas as comunidades portuguesas, tendo por base uma avaliação às “Identidades Religiosas em Portugal: Representações, Valores e Práticas”.

A auscultação, realça o patriarca de Lisboa, permitiu à Igreja Católica perceber “quais eram as maiores necessidades” a atender.

Em causa estava fundamentalmente “uma certa desafeição e quebra de laços de pertença à Igreja de uma parte da população portuguesa, com particular incidência nos jovens”, apontou a CEP, depois de analisar os resultados.

Para responder a esta questão foi traçado um “primeiro projeto” que acabou por “não ir avante” porque tinha um cariz excessivamente “nacional”.

Em 2013, todo este esforço foi “revisto”, sob a forma de um documento intitulado “Promover a renovação pastoral da Igreja em Portugal” onde eram apresentados diversos “rumos” a seguir.

Defendendo a urgência de uma “nova mentalidade” na ação eclesial, os bispos propunham a aposta a nível diocesano em iniciativas que permitissem revitalizar esse sentido de “pertença” à Igreja, como uma pastoral mais centralizada no “testemunho” e na “iniciação cristã e na formação”.

O presidente da CEP acredita que “estes rumos são suficientemente largos para que cada Igreja”, a nível local, “os possa assumir” e com eles “colorir ativamente aquilo que vai fazendo”.

Aponta ainda que “cada diocese”, além de ter que ter em conta “aquilo que lhe é próprio, específico”, tem de ir ao encontro do que é pedido pela “Igreja Universal”.

E neste caso, o Papa Francisco, através da sua exortação apostólica “A alegria do Evangelho”, deixou a todas um conjunto de “linhas programáticas” que também podem seguir, concluiu.

LS/JCP

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