Sudão do Sul: Grupo de crises internacionais alerta para agravamento de conflito

Lisboa, 04 nov 2014 (Ecclesia) – O «International Crisis Group» (Grupo de Crises Internacionais), uma organização independente e não-governamental comprometida com a prevenção e a resolução de conflitos de guerra, publicou um “alerta de conflito” militar sobre a crise no Sudão do Sul.

“[Preveem-se] grandes ataques das partes em conflito devido à proximidade da estação das chuvas”, alerta em comunicado o International Crisis Group, que pede ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas que tome medidas.

O aumento da violência, segundo o comunicado, “é suscetível de ser acompanhada pelo deslocamento generalizado de pessoas, atrocidades e fome”.

Por isso, revelam que a violência vai apresentar novos desafios para a Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (United Nations Mission in South Sudan – UNMISS) que tem a prioridade de proteger os “cerca de 100.000 civis” que estão nas suas bases.

No mesmo sentido, a organização não-governamental, pede à Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (em inglês, Intergovernamental Authority on Development – IGAD), o órgão regional mediar as negociações de paz, para contactar todos os grupos armados e pressionar ONU para um embargo de armas ao Sudão do Sul.

“Devem ampliar e fortalecer os laços políticos no terreno com os comandantes seniores, grupos armados e comunidades militarizadas não representados em Adis Abeba, se é para haver um acordo no futuro”, explicaram ao IGAD.

À Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento é ainda pedido que tome medidas “punitivas contra os dois principais partidos por violarem” os acordos de paz, “cometerem crimes de guerra” ou que peça à União Africano ou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para o fazer.

Apesar de algum progresso, destaca o comunicado, nove meses de negociações em Adis Abeba, sede da União Africana e capital da Etiópia, foram incapazes de “parar o conflito”.

O International Crisis Group revela também que o presidente da República do Sudão do Sul gastou “dezenas de milhões de dólares em armas” em grande parte das receitas do petróleo que deviam ter sido utilizados em “assistência humanitária para o seu povo”, que reforçou o acordo de cooperação militar com o Uganda “realizado o recrutamento em massa, “inclusive de crianças”.

No entanto, assinala a ONG, “as grandes vitórias do governo não são suscetíveis de acabar com a rebelião”.

O “International Crisis Group”, com sede em Bruxelas, destaca que as recomendações que fez em dezembro de 2013, ao secretário-geral das Nações Unidas; o relatório de abril, e um alerta de julho “continuam a ser relevantes para evitar uma nova escalada de violência”.

No alerta de conflito, a ONG pede ainda “maior coordenação entre os atores regionais e internacionais” para garantirem que “as conversações de paz a alto nível” reflitam também o “crescente número e poder de grupos armados cada vez mais autónomos no Sudão do Sul”.

CB

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