Vaticano: Francisco condena ataques contra família e matrimónio

«Igreja sem Maria torna-se um orfanato», disse ainda o Papa em encontro internacional com o movimento de Schoenstatt

Cidade do Vaticano, 25 out 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que a “família cristã” e o matrimónio nunca foram “tão atacados” como hoje, considerando que a sociedade atual propõe um modele de família entendida como forma de “associação”.

“Penso que a família cristã, a família, o matrimónio, nunca foram tão atacados como agora, atacados diretamente ou atacados de facto. Pode ser que esteja enganado, os historiadores da Igreja saberão dizer-nos, mas a família está atingida, atinge-se a família e a família é abastardada como, bom, mais uma forma de associação, mas pode chamar-se família a tudo, não?", referiu, em audiência a família internacional do movimento de Schoenstatt, que está a celebrar o seu centenário.

"Além disso, quantas famílias estão feridas, quantos casamentos partidos, quanto relativismo na conceção do Matrimónio. Neste momento, do ponto de vista sociológico e do ponto de vista dos valores humanos, como do ponto de vista do Sacramento católico, há uma crise da família, crise porque lhe batem de todos os lados e a deixam muito ferida”, acrescentou, falando na sala Paulo VI, do Vaticano.

Francisco afirmou que a “Igreja sem Maria torna-se um orfanato” e a que “sua renovação é a santidade”.

O Papa respondeu de forma espontânea a cinco questões sobras temáticas como a família, pedagogia, juventude, sociedade e Igreja.

Olhando para o papel de Maria na evangelização da Igreja, observou que “um cristão não tem direito a ser órfão”: “Só é possível crescer na fé com Maria e a Igreja sem Maria torna-se um orfanato, pois só ela ajuda, acompanha e toca as consciências”.

Francisco disse ainda que “ninguém é tão moderno que possa prescindir de Maria”.

Perante uma questão sobre a Igreja e a sua renovação, o Papa afirmou que os “únicos que renovaram a Igreja foram os santos”: “Não tenham medo da vida de santidade pois esse é o único caminho para renovar a Igreja”.

“É preciso renovar a cúria, o banco do Vaticano, mas isso é renovação a partir de fora, mas ninguém fala da renovação do coração, esse é o caminho da santidade”, destacou.

No acompanhamento que o movimento faz às famílias e a forma como se pode ajudar, o Papa respondeu que a “única forma de ajudar esta crise da família é ser claro nas ideias e nos valores”.

“A pastoral da ajuda tem de ser corpo a corpo, no acompanhamento a cada noivo, casal ou famílias, para que o sacramento do matrimónio não seja só um rito e uma festa mas que haja paciência no testemunho”, precisou.

Além disso Francisco alertou ainda ps jovens para ser “testemunhas de Cristo e saírem de si mesmos”, mostrando a alegria da oração e missão.

“Quando chegar a tentação do cansaço, porque vai chegar, saibam abrir a boca e pedir conselhos”, observou o Papa.

Na penúltima questão, colocada a Francisco por uma família com uma pequena bandeira portuguesa, perguntavam qual o segredo para o Papa manter a alegria e esperança num tempo tão conturbado e de guerras.

Francisco, depois de ter dito que não sabia, refletiu um pouco, afirmou não ter segredos e respondeu com a sua “personalidade": "Sou inconsciente, rezo e tenho a audácia de me abandonar à confiança e bondade de Deus”.

O Papa terminou a dizer que a Igreja tem de trabalhar para a “cultura do encontro” na família, na Igreja e nos movimentos.

Francisco terminou o encontro com a oração da consagração a Nossa Senhora com todos os participantes, entregou flores à imagem original peregrina e deu a bênção com uma cruz missionária oferecida.

O Movimento Apostólico de Schoenstatt celebra este ano o centenário da sua fundação, sendo que a origem do movimento “é a Aliança de Amor com Nossa Senhora em 18 de outubro de 1914, numa capelinha no lugar de Schoenstatt, Alemanha, hoje o santuário original”.

Em Portugal, o Movimento de Schoenstatt tem quatro santuários, nas dioceses de Aveiro, Braga, Lisboa e Porto, os quais são “centros de peregrinação, de formação e de fé”.

SN/OC

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