D. Antonino Dias aborda centralização mediática na questão dos divorciados recasados
Lisboa, 03 out 2014 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família num artigo de opinião sobre o Sínodo dos Bispos escreve que a questão dos divorciados recasados, que “está a assumir proporções elevadas”, “arrasta muito sofrimento e implica a receção de sacramentos”.
“Não se trata de razões meramente morais, disciplinares ou de tradição. A questão é muito mais profunda. Há um parentesco espiritual e teológico real profundo entre o sacramento da Eucaristia e o sacramento do Matrimónio e tem de se ter em conta a própria natureza do que é a Eucaristia e do que implica a comunhão Eucarística”, assinala D. Antonino Dias.
Em artigo publicado na mais recente edição Semanário digital ECCLESIA, o bispo de Portalegre-Castelo Branco considera que a entre todas as questões mais importantes e abertas ao debate, “talvez que a dos divorciados recasados seja, neste momento, a mais mediática”, com “proporções elevadas” geradora de “expectativas e esperanças” porque “mexe com pessoas concretas e próximas, arrasta muito sofrimento e implica a receção de sacramentos”.
O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família recorda que o cardeal Walter Kasper, a pedido do Papa Francisco, apresentou algumas propostas para abrir o diálogo sobre estas problemáticas que se colocam à família, como “uma alternativa à via jurídica e uma nova hermenêutica jurídica e pastoral”.
Para D. Antonino Dias, o cardeal alemão levantou questões importantes e tornou presente ações “dos primeiros séculos da Igreja em que, padres, queriam, por razões pastorais, para ‘evitar o pior’, tolerar aquilo que em si mesmo é impossível de aceitar”.
O artigo assinala ainda que o cardeal Walter Kasper apresentou condições possíveis para dar uma solução pastoral “ao problema” onde interroga se a Igreja deve ou pode negar os sacramentos da Penitência e da Eucaristia, “depois de um tempo de nova orientação (metanoia)”, a um divorciado recasado que, por exemplo, “se arrepende do falhanço do seu primeiro matrimónio; tem esclarecidas as obrigações do primeiro matrimónio e está definitivamente excluída a possibilidade que volte atrás; se esforça por viver no melhor das suas possibilidades o segundo matrimónio a partir da fé e de educar os próprios filhos na fé”.
“Será que se excluirmos dos sacramentos os cristãos divorciados recasados não estaremos a colocar em discussão a estrutura fundamental sacramental da Igreja?”, interroga o responsável da Comissão Episcopal do Laicado e Família, partindo de uma afirmação do cardeal Walter Kasper.
O bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco comenta também que estas propostas têm “aquecido muitos fusíveis de alta e de influente qualidade”.
“Há que aprofundar as questões, olhar para os casos concretos” e “ver que há situações muito diferentes”, alerta.
D. Antonino Dias revela que nesta “discussão” têm sido apresentados outros contributos que lembram que “aceder à Comunhão não pode ser fruto de um desejo que se quer fazer valer como se de um direito se tratasse” ou modo de “expressar o sentimento de pertença a uma comunidade”.
“O debate continua e vão-se esgrimindo argumentos entre saberes e sensibilidades”, conclui o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, no Semanário ECCLESIA dedicado ao Sínodo dos Bispos, que começa este domingo no Vaticano.
CB/OC